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O tabloide News of the World se despede com um "obrigado e adeus"

Os mais de 200 empregados do News of the World têm um futuro incerto

Última capa do News of the Wolrd (Getty Images)

Última capa do News of the Wolrd (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2011 às 12h40.

Com um simples "obrigado e adeus" e uma discreta desculpa, o polêmico jornal sensacionalista britânico News of the World se despediu neste domingo de seus leitores depois de 168 anos de história, vítima do escândalo das escutas telefônicas ilegais que abalaram o Reino Unido.

Cinco milhões de exemplares do último número do tabloide mais vendido do país, quase o dobro que o de costume, chegaram às bancas, enquanto que seu proprietário, o magnata da imprensa australiano-americano Rupert Murdoch, viajava para Londres para tentar conduzir pessoalmente a crise que o obrigou a fechar a publicação e que poderá afetar todo seu grupo, o News Corp.

A edição para colecionadores foi essencialmente dedicada a destacar os êxitos obtidos pelo, como se autoproclama sem modéstia, "melhor jornal do mundo".

O News of the World repassa em um caderno central de 48 páginas algumas das grandes matérias exclusivas da história do jornal, como a revelação, em 2004, da relação de David Beckham com sua assistente Rebecca Loos, ou o caso do ator Hugh Grant com a prostituta Divine Brown em 1995, entre outras.

Mas, em meio a tanta autopromoção, também houve lugar para um pedido de desculpas.

"Simplesmente perdemos o rumo", explica o editorial na página 3, no qual assinala que, apesar dos "altos padrões" que exigia de seus empregados, "agora estamos dolorosamente conscientes de que, durante um período de vários anos até 2006, algumas das pessoas que trabalharam conosco, ou em nosso nome, vergonhosamente não alcançaram estes padrões".

"Grampearam telefones e, por isso, este jornal sinceramente perde perdão. Não há justificativa para esta conduta vergonhosa. Não há justificativa para a dor causada às vítimas, nem para a profunda mancha que deixou em nossa história", acrescenta o jornal, que acrescenta esperar que, ao fim de tudo, seja julgado por toda sua história.

O escândalo das escutas, que explodiu em 2006, se agravou esta semana ao ser revelado que funcionários do jornal podem ter interceptado na última década os telefonemas de até 4.000 pessoas, já não apenas políticos e famosos, mas também de uma menor assassinada e de familiares de vítimas de atentados terroristas e de soldados mortos no Iraque ou Afeganistão. Também teriam pagado a policias em troca de informações.

As novas revelação abalaram o país e levaram a filial britânica do grupo de Murdoch, a News International, a anunciar na quinta-feira o fechamento do que, com sua tiragem de 2,8 milhões de exemplares semanais, é um dos ornais em inglês de maior tiragem em todo o mundo.

Depois desta decisão, os mais de 200 empregados do News of the World têm um futuro incerto.

Ao abandonar na noite de sábado a sede do jornal com o resto da equipe, o atual redator-chefe, Colin Myler, declarou: "Não é onde queremos estar e não é onde merecemos estar".

Apesar de o semanário, o primeiro que comprou no Reino Unido em 1969, representar uma parte pequena de seu império, Murdoch, de 80 anos, vai tentar minimizar em Londres os danos potenciais do escândalo.

Além das consequências judiciais que os resultados da investigação policial em curso terão para os dirigentes do grupo, o escândalo poderá colocar por terra o ambicioso e controvertido projeto da News Corp. para comprar toda a plataforma de televisão paga BSkyB, da qual já possui 31%.

O primeiro-ministro David Cameron, atingido pelo escândalo depois da prisão, na sexta-feira, de seu ex-chefe de comunicação, Andy Coulson, ex-redator-chefe do News of the World, sugeriu esta semana que adiará sua decisão definitiva inicialmente prevista para os próximos dias.

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