Matheus Mota, fundador da B4You: máquina dos virais está por trás de alguns dos produtos mais famosos das redes
Repórter
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 07h22.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2025 às 07h59.
A internet está cheia de produtos que surgem do nada e, de repente, todo mundo quer ter. Uma creatina rosa para mulheres, um sofá que chega em uma caixa, um "super" café que promete acelerar o metabolismo. Apesar de diferentes, todas elas têm algo em comum: o envolvimento da B4You, 'máquina' de produtos virais criada pelo brasiliense Matheus Mota em 2020.
De forma resumida, a empresa une marcas a criadores de conteúdo. São mais de 100 mil criadores de conteúdo cadastrados, que divulgam produtos sem precisar investir um centavo. Em troca, recebem comissões proporcionais ao volume de vendas que geram. Só em 2024, a B4You distribuiu mais de R$ 40 milhões em comissões para sua rede.
Diferente da brasileira Hotmart, que foca em infoprodutos (cursos, ebooks, etc.), a B4You é especializada em produtos físicos. Muitos deles foram criados do zero dentro do braço educacional da empresa, que desenvolveu um programa de 90 dias para escalar marcas virais.
Tem dado certo: o suplemento feminino Big Boom faturou R$ 6 milhões em um ano, com margem de lucro de 45%, muito acima da média do setor, que gira em torno de 15%. O produto cativou a audiência por ser uma creatina rosa voltada para o público feminino e, em breve, será vendido para os Estados Unidos. A estratégia para o mercado de lá será vender o produto como o "segredo de beleza das brasileiras", explorando outro tema que está em alta nas redes sociais.
"As americanas adoram a estética do Brasil e queremos transformar isso em um desejo de consumo", diz Mota. Um exemplo dessa tendência é a Skala, de produtos para cabelos cacheados, que está próximo do primeiro bilhão após viralizar no TikTok gringo. Em 2025, além de aterrissar na terra de Tio Sam, a meta da B4You é ultrapassar 400 milhões de visualizações orgânicas e transacionar R$ 150 milhões em vendas dentro da plataforma.
Por consequência do modelo de negócio, a B4You acaba sendo uma espécie de laboratório dos virais. Se um item não faz sucesso rapidamente, ele é ajustado ou retirado do portfólio. "Nosso diferencial é velocidade. Em menos de 90 dias, conseguimos tirar um produto do papel, testar no mercado e, se ele for aprovado, escalamos com milhares de criadores de conteúdo", afirma Mota.
Engenheiro civil de formação, Mota trocou o emprego no Banco do Brasil para empreender como afiliado – um modelo de negócios onde se ganha comissão promovendo produtos de terceiros – mas percebeu rapidamente a dificuldade que ele e outros empreendedores tinham de escalar o negócio de forma sustentável. Era necessária uma plataforma como a B4You, focada na criação e escalabilidade de marcas virais.
Viralizar não é sorte, é método. A B4You desenvolveu uma fórmula para transformar produtos comuns em sucessos instantâneos.
Pequenos diferenciais fazem a diferença. A Big Boom se destaca por sua coloração rosa e creatina "3 em 1", já a marca de cafés Dreams Coffee faturou R$ 2,8 milhões em apenas 30 dias, graças ao uso de ingredientes que "aceleram o metabolismo".
Produtos segmentados vendem mais. A Popozuda, por exemplo, não é um creme qualquer para o corpo, mas um creme anti-celulite focado na estética do bumbum, um desejo específico do público feminino.
Duolingo anuncia que mascote 'morreu'; entendaO storytelling é o que transforma um produto comum em algo desejado. O Sofá na Caixa não nasceu dentro do programa de marcas da B4You, mas a empresa trabalhou com Mota para divulgar o produto nas redes sociais.
Os dez criadores selecionados pela B4You em nenhum momento resumiram o produto ao seu pacote. O Sofá na Caixa foi vendido como uma solução ideal para quem quer mobilidade e praticidade dentro de casa, sem abdicar do conforto. Juntos, eles geraram 25 milhões de visualizações para a marca.
O produto certo, na hora certa, com a narrativa certa. Hoje, criadores de conteúdo impulsionam as vendas sem necessidade de tráfego pago. 80% das vendas da B4You vêm de produtos físicos vendidos através dessa rede de criadores de conteúdo.
"Antes, as marcas apostavam tudo em grandes influenciadores. Mas o jogo mudou. As pessoas confiam mais no que um amigo ou um desconhecido autêntico diz do que na recomendação de um famoso", explica Mota.