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Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2010 às 14h04.
São Paulo - “Assim como as civilizações, as empresas se sabotam o tempo todo”. Com essa frase, o empresário e consultor Yves Moyen resume a história de povos como os maias, espartanos e vikings, e também de muitas companhias. Em seu livro “Vivendo com Não Elefantes” (Editora Virgiliae), lançado hoje (25/10) em São Paulo, Moyen explica como o pensamento excessivamente simplificado pode levar estratégias - aparentemente infalíveis - a se tornarem armadilhas perigosas.
Apesar de parecer estranho, o nome do livro retrata exatamente esta questão. “Vivendo com Não Elefantes” foi uma homenagem a dois cientistas cansados da visão linear do mundo, que elimina a complexidade da maioria dos fenômenos e sabota civilizações e empresas. Para o autor, os “não elefantes” são todas as pessoas, classificadas a partir da negação do diferente, e não da explicação do que realmente são. Assim, enquanto a vida é permeada por fenômenos não-lineares, a maioria das pessoas se prende à lógica linear, simples e previsível.
“As pessoas confundem o ‘complexo’ com o ‘complicado’ e, por isso, muitas vezes simplificam demais as coisas que precisam ser vistas de forma mais complexa para funcionarem”, diz Yves Moyen. Por essa visão, ele acredita que todas as empresas e civilizações estão fadadas a entrar em colapso, mais cedo ou mais tarde, pois se traem ao ignorar questões importantes consideradas “complicadas demais”. A recuperação delas depende apenas da sua disposição para entender os processos de forma ampla. Quanto mais esclarecida for, mais fácil será se reerguer.
Espartanos, vikings e maias
Os guerreiros de Esparta não compreenderam isso em seu tempo. Ao ignorarem a complexidade e a inovação, os espartanos viveram seu auge entre 640 a.C. e 370 a.C., mas sucumbiram. Confiando demais em sua invencibilidade, eles não criaram nada novo e se esqueceram que as tropas de outros povos poderiam inovar na arte da guerra. Por sua rigidez, acabaram vencidos.
Já os vikings, que dominaram de 750 a 1.066 d.C., entraram em colapso por não considerarem as condições específicas dos territórios dominados. Seu grande erro foi acreditar que os ambientes estrangeiros eram tão férteis e rentáveis quanto os de sua terra-natal. A derrocada teve início por seu desrespeito com o meio-ambiente, ao não perceber as peculiaridades do local e ao levar animais impróprios para outras terras – que aceleraram a escassez de recursos e alimentos, diminuindo sua competitividade.
A queda da civilização maia é atribuída ao excesso populacional e à falta de recursos naturais para suportar a expansão demográfica, mas o autor mostra no livro que, mais do que isso, os maias foram vítimas de sua rigidez e inflexibilidade. A disputa por poder e a ambição impulsionaram a construção de templos cada vez maiores, a poligamia entre as elites e o crescimento populacional para suprir mão-de-obra para garantir os empreendimentos. Com uma sociedade cada vez mais complexa, os maias se mantiveram rígidos e não souberam contornar a escassez que provocaram.
Esses três exemplos podem ser transpostos para o mundo empresarial. De acordo com Moyen, uma das formas de adiar a queda (e até de resgatar a companhia) é manter vivo o chamado DNA da empresa. “O DNA empresarial é composto por quatro elementos essenciais que as companhias devem ter: ideologia, que é a razão de ser da empresa, energia (dividida entre paixão e ambição por crescer), valor (representada pela inovação e pela execução) e ética”, afirma Yves Moyen. Pelo excesso ou pela falta, ele alerta que uma empresa que falha em algum desses pontos terá menos condições de se manter e de se reerguer.
Confira abaixo, com exclusividade, um trecho do livro “Vivendo com Não Elefantes”.
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