Biometria de voz: depois da impressão digital e do reconhecimento facial, nova tecnologia vem para dificultar vida dos criminosos
Repórter
Publicado em 15 de novembro de 2024 às 11h05.
A tecnologia de reconhecimento por voz, ou biometria de voz, promete ser a nova forma de diminuir as fraudes. Essa tecnologia usa as características únicas da voz de uma pessoa para identificá-la, de forma tão segura quanto uma impressão digital.
No Brasil, a startup Minds Digital está na linha de frente dessa inovação, oferecendo uma solução que identifica usuários com base em mais de 400 características da voz, como tom, ritmo e entonação. Tudo em menos de três segundos.
E essa tecnologia, que pode ser aproveitada por bancos ou serviços de telemarketing, já chamou atenção do mercado. Depois de investir R$ 1,5 milhão em 2022, o grupo de investidores BR Angels decidiu dobrar a aposta e fez um novo investimento no mesmo valor em 2024.
PL quer tornar reconhecimento facial obrigatório para verificar idade em redes sociaisPara Marcelo Peixoto, fundador da Minds Digital, a biometria de voz é uma resposta direta ao aumento das fraudes de engenharia social, um tipo de golpe em que o criminoso se aproveita de informações vazadas para enganar o cliente e obter acesso aos seus dados.
Segundo ele, mais de 90% das fraudes no Brasil acontecem dessa forma. "A pandemia aumentou as operações online, e os criminosos se adaptaram rapidamente", explica Peixoto.
Cada pessoa tem uma “impressão vocal” única, formada por características que vão além da simples forma de falar. A biometria de voz da Minds Digital analisa essas características para confirmar a identidade do usuário.
Esse processo pode ser feito em uma chamada telefônica, sem necessidade de câmeras ou senhas, o que agiliza a autenticação e, segundo a empresa, reduz o tempo de verificação em até 80%.
Além da autenticação, a Minds Digital lançou o FraudShield, uma plataforma que monitora os canais de atendimento em busca de padrões de fraude. No futuro, a Minds planeja expandir esses produtos para outros setores além das instituições financeiras, como saúde e varejo.
O investidor Orlando Cintra, da BR Angels, afirma que o novo aporte foi uma decisão lógica. "Desde nosso primeiro investimento, a Minds Digital mostrou resultados consistentes. Eles têm uma boa base de clientes, como o Banco BMG, e provaram que a biometria de voz pode ser uma solução viável e segura," comenta Cintra.
Com o novo capital, a Minds Digital pretende fortalecer a tecnologia de biometria de voz para se proteger contra os chamados deep fakes e outras fraudes que envolvem a clonagem de voz.
A ideia é expandir a infraestrutura computacional e treinar algoritmos para identificar imitações de voz de forma mais eficiente, um dos maiores desafios para o setor de segurança digital hoje.
A Minds Digital projeta um crescimento de 35% até 2027 e já planeja expandir para mercados internacionais, com foco na América Latina e na África, onde a fraude bancária é um problema crescente.
"Queremos criar um ecossistema colaborativo para barrar ataques em tempo real e tornar o ambiente digital mais seguro," afirma Peixoto.