Os deputados vão querer saber se os Murdoch estavam cientes dos grampos telefônicos e se tentaram dissimulá-los (AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2011 às 11h07.
Londres - A Comissão de Cultura, Meios de Comunicação e Esportes do Parlamento britânico, diante da qual comparecerão o magnata da imprensa Rupert Murdoch, seu filho James e a "ex-rainha dos tabloides" Rebekah Brooks, é integrada por dez deputados (oito homens e duas mulheres) de todos os partidos.
A audiência, uma das mais importantes já realizadas por uma comissão parlamentar, irá ocorrer em uma sala com capacidade para apenas 50 pessoas, mas diante da enorme expectativa provocada pelo caso das escutas ilegais praticadas pelo News of the World foi disponibilizada uma sala próxima com uma tela para transmitir os debates ao vivo.
A curiosidade é acirrada pelas poucas ocasiões em que o magnada americano de origem australiana, de 80 anos, se expressou em público ao longo de sua vida.
A Comissão precisou mostrar nos últimos dias toda a sua tenacidade, convocando em duas ocasiões Murdoch pai e filho antes de marcar esta audiência.
Esta mesma Comissão já havia convocado em 2003 Rebekah Brooks, que confessou que seu tabloide havia "pago a polícia" para obter informações, embora os parlamentares que a integravam neste momento tenham decidido deixar estas revelações surpreendentes sem seguimento judicial. Brooks se retratou posteriormente, ao afirmar que só havia feito "comentários gerais".
Os deputados vão querer saber se os Murdoch estavam cientes dos grampos telefônicos e se tentaram dissimulá-los, comprando, por exemplo, o silêncio de suas vítimas. James reconheceu há pouco tempo que havia concordado com certos pagamentos, mas não tinha em suas mãos todos os documentos da época.
A Comissão é formada por dez deputados (5 conservadores, 4 trabalhistas e um liberal-democrata); alguns têm reputação de belicosos, como o trabalhista Tom Watson, em guerra contra o News International desde 2006, e o liberal Adrian Sanders, que propôs que Murdoch declare sob juramento e não "pela honra", como costuma ser feito neste tipo de audiências.
John Wittingdale prometeu "trazer a verdade, mas sem linchamentos".
A Comissão também afirmou que faria seu interrogatório "levando em conta atentamente as considerações legais".
Isto se deve aos temores de que os Murdoch e Brooks - que no domingo foi detida por doze horas antes de ser libertada sob fiança - aleguem que devem participar de investigações judiciais em curso a fim de escapar das perguntas mais embaraçosas.