Facilidade de crédito nos últimos anos mostra sua outra face: o aumento da inadimplência (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Daniela Barbosa
Publicado em 26 de julho de 2012 às 16h25.
São Paulo – Nesta semana, três dos maiores bancos brasileiros (Bradesco, Itaú e Santander) divulgaram seus resultados trimestrais. E o que se viu é que a forte expansão do crédito, nos últimos anos, começou a cobrar seu preço, representado pelo aumento da inadimplência e dos gastos com os calotes, o que corroeu os lucros.
Dados compilados pela consultoria Austin Rating apontam um aumento de 37% nas despesas com provisão do Bradesco, Itaú e Santander. O recurso - usado para suprir calotes de financimento levados pelos bancos - totalizou 24,4 bilhões de reais, no período.
Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin, o aumento da inadimplência não era esperado para o período, mas deve continuar a crescer no próximo trimestre do ano. "As famílias brasileira estão mais endividadas; é normal que a inadimplência cresça e impacte o lucro dos bancos”, afirmou Rodrugues a EXAME.com.
No período, o lucro dos bancos totalizou 13,7 bilhões de reais, 4,7% a menos em relação ao mesmo período do ano passado. Para Rodrigues, era esperado um crescimento entre 10% e 15%, comum para setor financeiro. A Austin incluiu também o lucro do banco Industrial nesta conta.
O único banco que apresentou crescimento nos ganhos no segundo trimestre do ano foi o Bradesco, com alta de 2,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Santander registrou a maior queda no lucro, 22,6%.
Crédito
No período, a carteira de crédito dos bancos cresceu 17,4%, somando 79 bilhões de reais. Na mesma proporção, cresceu também o saldo de provisões com despesas - dinheiro que os bancos reservam para cobrir possíveis calotes de crédito.
"Com o aumento da inadimplência, esperamos que a carteira de crédito dos bancos cresça no máximo 15% neste ano. Para os próximos trimestres, é esperado uma redução na liberação de financiamento. Isso significa que os bancos vão selecionar melhor os clientes para aprovar o crédito", disse Rodrigues.
O Bradesco, por exemplo, já revisou para baixo a estimativa de crescimento da sua carteira de crédito para o ano. Antes, era esperado um aumento de 18% a 22%; agora o guidance está entre 14% e 18%.
O Itaú também revisou suas estimativas de crescimento da carteira de 14% a 17% para 13% a 15%, excluindo a carteira de financiamento para veículos, com o financiamento de automóveis o crescimento deve ficar na ordem de 10%.