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O que acontece com a Samsung se o herdeiro for preso?

Herdeiro da Samsung pode parar atrás das grades graças a um escândalo de corrupção na Coreia do Sul

Jay Y. Lee: executivo pode continuar administrando a empresa de trás das grades - há precedentes. (Kim Hong-Ji/Reuters)

Jay Y. Lee: executivo pode continuar administrando a empresa de trás das grades - há precedentes. (Kim Hong-Ji/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 14h31.

O plano há muito orquestrado para consolidar a posição de Jay Y. Lee no topo da Samsung Group pode acabar colocando-o atrás das grades, o que gera dúvidas sobre quem deveria intervir para comandar o maior conglomerado da Coreia do Sul no fim das contas.

Promotores estão pedindo a prisão de Lee por acusações como suborno e fraude, que, se forem comprovadas, poderiam levá-lo a abandonar suas obrigações na empresa de sua família.

Entre os possíveis substitutos estão executivos que dirigem divisões fundamentais da gigante dos produtos eletrônicos e também uma irmã -- Lee Boo-jin, executiva do setor hoteleiro.

Embora improvável, sua nomeação seria uma mudança que abalaria o modo como os impérios patriarcais do país são administrados.

Após passar anos seguindo os passos do pai até a presidência do conselho da Samsung Group, Lee agora tenta evitar os erros que desencadearam as duas condenações penais de seu progenitor.

Mesmo que as acusações contra ele envolvendo a presidente da Coreia do Sul sejam comprovadas, ainda é possível que ele volte para a empresa mais adiante ou até mesmo que dê ordens atrás das grades, como fizeram executivos da Hyundai Motor e da SK Group.

“Os executivos dos conglomerados familiares chamados chaebol têm precedentes em administrar da prisão, seja através de advogados ou de secretários que os visitam”, disse Lee Kyung-mook, professor da Faculdade de Administração da Universidade Nacional de Seul.

A Samsung não quis fazer comentários quando consultada sobre um possível buraco na liderança. Uma audiência marcada para quarta-feira definirá a aprovação ou rejeição do pedido de prisão apresentado pelos promotores.

Independentemente do resultado, os promotores poderão continuar as investigações, com um possível indiciamento mais adiante. Lee depôs no mês passado que nunca deu ordens para que doações fossem feitas em troca de favores políticos.

Na segunda-feira, a Samsung negou qualquer irregularidade. “Não podemos aceitar o argumento do promotor de que fizemos pedidos ilegais relativos à fusão e à sucessão da gestão”, afirmou a Samsung Group em um comunicado. “Acreditamos que o tribunal tomará uma decisão sábia.”

As ações da Samsung estão sendo negociadas em altas recorde ou em resultados mais altos que o projetado. A ação se recuperou nesta terça-feira após dois dias de queda.

A possível prisão de Lee no escândalo em torno da presidente Park Geun-hye é mais uma calamidade para o vice-presidente do conselho da Samsung Electronics, a maior fabricante de aparelhos móveis.

No ano passado, a companhia retirou o smartphone Galaxy Note 7 das prateleiras porque alguns aparelhos pegaram fogo.

Esse desastre custou à Samsung, que tem sede em Suwon, um total estimado em US$ 6 bilhões e uma vantagem competitiva antes que a Apple lançasse os modelos do iPhone 7.

Lee não atua como gerente no cotidiano, apoiando-se em outros CEOs e diretores para lidar com essas responsabilidades.

Mas funcionários e acionistas dependem dele para obter orientações estratégicas em relação a decisões como as próximas apostas de peso em tecnologia ou possíveis aquisições.

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