Shopping da BrMalls: fusão com a Aliansce pode movimentar o setor (BR MALLS/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 29 de abril de 2022 às 15h53.
Última atualização em 29 de abril de 2022 às 15h59.
As redes de shopping centers Aliansce e brMalls anunciaram fusão nesta sexta-feira, após meses de intensas negociações. O negócio cria uma gigante do setor, com 69 shopping centers e R$ 38,5 bilhões em vendas. A transação ainda precisa ser aprovado em assembleia de acionistas das duas companhias e passar pelo Cade.
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A fusão cria um player nacional sem paralelo no mercado brasileiro, e deve levar os concorrentes a se mexerem também. É o que diz o consultor Luiz Alberto Marinho, sódio-diretor da Gouvea Malls, consultoria especializada no setor. “O processo de consolidação do setor tende a se acelerar. Não será surpresa se outras empresas fizerem movimentos semelhantes”, diz.
A união das duas companhias gera ganhos mais imediatos em termos de economia por conta de escala. Também cria melhores condições para negociação com lojistas, em um contexto de quantidade significativa de lojas vagas nos shopping centers, ainda reflexo da pandemia. “Os lojistas estão seletivos na escolha dos pontos, e uma rede com mais de 60 unidades ganha força nas negociações”, diz.
A fusão também tem importância quando se olha para o médio e longo prazo, e no limite, para o futuro do setor de shopping centers. “Hoje o modelo ainda está muito calcado na receita vinda do aluguel. Mas isso não fará mais sentido no longo prazo. Será preciso monetizar o fluxo de clientes e, para isso, tamanho e alcance serão fundamentais”, diz Marinho.
Cada vez mais pressionados pelo avanço do e-commerce, os shopping centers vêm passando por uma transformação para serem mais que meros conglomerados de lojas. A meta é gerar valor para os lojistas para além das vendas efetivamente realizadas nas lojas.
Um dos pontos fundamentais nesse contexto é a logística. As unidades físicas em shopping centers ajudam na operação logística das vendas feitas pela internet pelas marcas, ainda que a venda não tenha sido feito de fato ali.
Outro ponto é a construção de uma base de dados de clientes. Com uma rede de shoppings presente de norte a sul do país, a empresa resultante da fusão entre Aliansce e brMalls fortalece essa estratégia. “Com uma base de dados nacional como essa, você oferece tanto para os lojistas quanto para os anunciantes uma capacidade de ativação de vendas muito grande”, diz Marinho.
Um terceiro ponto importante para o futuro do setor, segundo Marinho, são as oportunidades de mídia geradas pelos shopping centers. Mais uma vez, uma rede grande como a criada pela fusão entre Aliansce e brMalls aumenta a atratividade para os anunciantes, em especial aqueles com alcance nacional.
Os acionistas da brMalls receberão um total de 326.339.911 novas ações ordinárias de emissão da Aliansce Sonae, representativas de 55,13% do capital social da Aliansce Sonae.
Além disso, eles receberão uma parcela em dinheiro no montante total de R$ 1,25 bilhão. O que representa, para cada ação ordinária de emissão da brMalls, o recebimento de R$ 1,50 e 0,39 ação ordinária de emissão da Aliansce Sonae.
A Aliansce Sonae já possui 5,05% do capital da brMalls, passando a deter 41,827 milhões de ações da companhia a partir do dia 18 fevereiro.
Essa é a terceira proposta que a Aliansce Sonae faz para comprar a brMalls.
A proposta anterior, rejeitada em março, previa um pagamento em dinheiro no valor de R$ 1,85 bilhão e uma troca de uma ação da brMalls para 0,33 ação da Aliansce Sonae.
Em janeiro a Aliansce Sonae tinha proposto uma fusão de iguais”, com os acionistas de ambas as empresas tendo 50% do novo grupo e os acionistas da brMalls recebendo R$ 1,35 bilhão em dinheiro para cobrir a diferença de valor de mercado entre ambas.
Entretanto, todas as propostas da Aliance Sonae até o momento tinham sido rejeitadas pelo conselho de administração da brMalls.