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O que a Elektra ganharia ao comprar a Lojas do Baú

Aquisição da rede de Silvio Santos seria um atalho para a empresa conquistar o país

Silvio Santos: empresário avalia a venda de suas lojas de varejo para rede mexicana  (Roberto Nemanis/Divulgação)

Silvio Santos: empresário avalia a venda de suas lojas de varejo para rede mexicana (Roberto Nemanis/Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 14h41.

São Paulo – A rede mexicana Elektra confirmou que está no páreo pela compra dos 125 pontos-de-venda da Lojas do Baú, a rede de varejo do Grupo Silvio Santos, espalhados pelo Paraná e interior paulista. A intenção é entrar nas regiões Sul e Sudeste por meio das unidades bem localizadas e ter acesso à clientela de baixa renda já fiel ao apresentador-empresário. A marca Lojas do Baú, porém, seria desativada - algo que Silvio Santos não estaria aceitando - e as lojas ganhariam um novo layout.

“Não é uma prática da companhia comprar outras empresas, mas essa seria uma boa oportunidade para o grupo no Brasil”, diz uma fonte da empresa a par das negociações. “Para enfrentar Casas Bahia e Magazine Luiza em São Paulo e Paraná, só tendo uma rede do dia para a noite”.

As lojas que seriam incorporadas com a possível aquisição seguiriam ainda o mesmo modelo das demais lojas Elektra no país. Uma agência do Banco Azteca, também do mesmo grupo, funcionaria dentro de cada ponto comercial. “É a forma de levarmos serviços bancários para o público de baixa renda, bem como de financiar a compra deles em nossas lojas por meio de concessão de microcrédito”, diz a fonte.

Plano de expansão

A eventual aquisição da concorrente seria um atalho para a Elektra crescer no Brasil. Sem o acordo, a varejista mexicana continuaria apostando no crescimento orgânico. O objetivo é elevar o número de pontos da empresa dos atuais 28 - concentrados em Pernambuco – para 110 em outras regiões do Nordeste, entre elas Maranhão e Bahia. O Grupo Azteca, dona da rede, também possui uma agência do banco homônimo em Recife – a única do país que não está dentro de uma loja Elektra.

A rede, fundada pelo empresário Ricardo Salinas, não revela qual seu faturamento no Brasil, mas afirma que as vendas triplicaram desde que a empresa chegou ao Brasil, em 2008. O que se sabe é que o faturamento total da varejista é de 54 bilhões de dólares.

“Escolhemos Pernambuco para iniciar nossas operações no Brasil para testarmos nosso modelo de negócios antes de partir para regiões mais competitivas”, diz a fonte. “Agora, sentimos que estamos preparados para outros mercados e não descartamos outras oportunidades de aquisição.”

Na opinião de Nelson Barriselli, professor da USP e especialista em varejo, a estratégia do grupo mexicana é um pouco arriscada. “Faria mais sentido se eles investissem mais na marca regionalmente, antes de planejarem conquistar outros estados, que demandarão mais esforço de investimento.”

Estadia conturbada

Enquanto planeja a ida para outros estados, a rede Elektra é acusada de ter uma maneira no mínimo imprópria de cobrar seus créditos. De acordo com alguns de seus clientes, o grupo envia funcionários pessoalmente à casa de clientes devedores para a cobrança. Caso não tenham dinheiro para pagar na hora, eletrodomésticos e móveis seriam confiscados como parte do acerto de dívidas. “Isso é mentira, não fazemos isso no México, quanto mais no Brasil”, diz a fonte.

Verdade ou não, o fato é que a companhia enfrenta a investigação de 31 reclamações feitas por usuários contra a empresa na Delegacia do Consumidor de Recife. As acusações são de invasão de domicílio, constrangimento, ameaça e retomada de bens feitas por pessoas falando português e espanhol. Os danos à imagem da rede causados por essas denúncias, porém, seriam uma séria ameaça à sua expansão, caso vença a disputa pela Lojas do Baú. Para revertê-la, somente um garoto-propaganda afável e de sorriso fácil. Quem sabe, Silvio não aceitasse a função?

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