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O plano da Netflix para estancar a perda de assinantes e voltar a crescer

Após perder quase 1 milhão de assinantes, a gigante do streaming Netflix se mexe para voltar a crescer; o plano envolve anúncios taxas e superproduções

Ryan Gosling e Chris Evans (Toronto Star/David M. Benett/Getty Images)

Ryan Gosling e Chris Evans (Toronto Star/David M. Benett/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 23 de julho de 2022 às 08h00.

Última atualização em 27 de julho de 2022 às 14h43.

Após perder quase 1 milhão de assinantes no segundo trimestre de 2022, a gigante do streaming Netflix tem um combo de ações para estancar a sangria e voltar a crescer. É um plano que envolve anúncios na programação, taxação do compartilhamento de senhas e a busca por uma galinha dos ovos de ouro para chamar de sua, com a ajuda de astros como Ryan Gosling.

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Na semana passada, a Netflix anunciou a Microsoft como parceira para implementar um novo plano de assinatura. A modalidade será mais barata que as ofertas atuais, que partem de R$ 25,90 no Brasil, porém com a inclusão de anúncios.

O plano deve impulsionar as receitas da companhia. Um estudo realizado pela consultoria americana MoffettNathanson estima que a Netflix poderia gerar US$ 1,2 bilhão em publicidade por ano a partir de 2025, levando-se em conta apenas o mercado americano.

No entanto, o público deve se preparar pois o plano com anúncios não deve trazer o catálogo completo da plataforma. Segundo o presidente-executivo da Netflix Ted Sarandos, o modelo exige novos acordos com estúdios parceiros, o que dificulta a liberação do catálogo completo. Ele diz, no entanto, que a grande maioria do conteúdo será disponibilizada, incluindo as produções originais da Netflix.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, dentre os estúdios com os quais a Netflix está negociando novos acordos estão Warner Bros., Universal e Sony Pictures. Eles são responsáveis por sucessos como as séries "Você" (“You”, no original em inglês) e “Boneca Russa” ("Russian Doll") e "Cobra Kai".

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O pior custo-benefício

O plano com anúncios chega em 2023 e vai atacar um problema importante para o futuro da Netflix: o custo-benefício. Uma pesquisa realizada pela Whip Media nos Estados Unidos mostrou que, de uma lista de nove serviços de streaming, a Netflix estava em último lugar no quesito custo-benefício, na percepção dos consumidores. Pelo levantamento, 62% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com o valor cobrado pelo serviço, ante 83% do serviço da Disney e 85% do HBO Max, as primeiras colocadas.

Ainda assim, a Netfix continua sendo a principal plataforma para os entrevistados. De acordo com os dados, 31% dos entrevistados disseram que se pudessem ter apenas uma assinatura, seria a da Netflix.

Taxa extra

Outra medida anunciada recentemente foi a expansão da “taxa do ponto extra”, que é cobrada dos usuários que compartilham suas senhas com outras pessoas. O recurso está sendo implementado na América Latina e usa a localização dos dispositivos para fazer a cobrança. Uma televisão em outra casa, por exemplo, será taxada como ponto extra.

A cobrança agora vale para assinantes de Argentina, República Dominicana, El Salvador, Guatemala e Honduras, além de Chile, a Costa Rica e o Peru, onde ela já ocorria. O Brasil por enquanto continua fora. Com a medida, a Netflix busca monetizar as cerca de 100 milhões de pessoas que, segundo a empresa, usam seus serviços sem pagar.

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“Agente Oculto” – orçamento de mais de US$ 200 milhões

Enquanto trabalha nessas medidas, a Netflix corre em busca de um blockbuster. Concorrentes fortes como Disney+ e HBO Max têm grandes franquias capazes de atrair o consumidor. É o caso das séries e filmes da Marvel no serviço da Disney e da série Game of Thrones no HBO Max. A Netflix ainda não tem uma mega franquia, algo que gere fidelidade do consumidor e tenha sua própria legião de fãs.

Para atacar o problema, a Netflix está investindo mais em megaproduções, e fez recentemente seu maior investimento em um filme até agora. “Agente Oculto”, que estreou nesta sexta-feira, teve orçamento de mais de 200 milhões de dólares e um elenco de estrelas como Ryan Gosling, Chris Evans e Ana de Armas. O brasileiro Wagner Moura também está no elenco.

O filme é dirigido pelos irmãos Russo, Anthony e Joe, que têm quatro filmes da Marvel no currículo, e é baseado no primeiro livro da série "Agente Oculto", (“The Gray Man”, em inglês), do autor best-seller Mark Greaney. É tudo o que a Netflix busca. Uma história já aclamada, com potencial para gerar uma sequência de filmes ou séries.

Aquisição para ampliar animações

A companhia também tem reforçado suas apostas em animações, para fazer frente ao Disney + para o público infantil. Essa semana, a Netflix anunciou a compra do estúdio de animação australiano Animal Logic. Em comunicado, a Netflix afirmou que a aquisição “vai ajudar a acelerar o desenvolvimento de nossas habilidades na produção de animação e reformar nosso compromisso em construir um estúdio de animação de classe mundial”.

Ao The New York Times, o analista Mathew Harringan, da Benchmark, resumiu sua visão sobre o desafio que a Netflix tem pela frente. Enquanto a HBO se prepara para lançar "A Casa do Dragão" ("House of the Dragon"), spin-off da série de mega sucesso Game of Thrones – previsto para chegar em agosto --, o Amazon Prime terá em setembro a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (“The Lord of the Rings: Rings of Power”), previsto para setembro.

Ambas são sequências de franquias já consolidadas, que fizeram sucesso antes mesmo dos serviços de streaming. “‘The Crown’ na Netflix é provavelmente o programa de maior destaque do quarto trimestre que eles têm”, diz Harringan. Uma produção de sucesso, mas não um fenômeno como Game of Thrones. 

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