Guilherme Paulus: empresário que hoje atua no ramo de hotéis começa a construir condomínios residenciais de luxo (Germano Lüders/Exame)
Luísa Melo
Publicado em 2 de setembro de 2016 às 10h08.
São Paulo - Quando ainda estava à frente da CVC, Guilherme Paulus decidiu usar o conhecimento que tinha sobre viagens para se aventurar também na gestão de hospedagens de luxo. Agora, o empresário dá um passo maior: vai atuar no setor de construção e incorporação.
Ele comprou seu primeiro hotel em 1995, em Gramado, no Rio Grande do Sul. O negócio deu certo e, dez anos mais tarde, ele adquiriu um resort em Foz do Iguaçu, no Paraná, e criou a GJP Hotels & Resorts.
A ideia de fundar uma incorporadora nasceu desse segundo empreendimento, que ocupa um total de 2,5 milhões de metros quadrados, com um campo de golfe e uma grande área "excedente" – que agora dará lugar a um condomínio.
"Já possuíamos o terreno, resolvemos aproveitar e fazer um pouco de dinheiro", brincou o executivo em entrevista a EXAME.com.
Paulus lança nesta quinta-feira (1) o Village Iguassu Golf Residence e, junto com ele, a GJP Incorporadora & Construtora.
O habitacional, uma "vila em estilo americano", terá 109 lotes, que ocuparão uma área total de 160.000 metros quadrados.
A estrutura contará ainda com um clube de lazer, com área gourmet, academia, salão de festas, salão de jogos, brinquedoteca, playground e quadra – além de compartilhar o campo de golfe do hotel.
A construção das casas ficará a cargo do comprador, que terá de seguir alguns padrões estéticos. Já o clube será entregue todo mobiliado.
Os lotes poderão ter de 800 a 1.800 metros quadrados e custarão entre 480.000 e 1,8 milhão de reais. A entrega está prevista para julho do ano que vem.
Serão investidos 17 milhões de reais para erguer a estrutura de lazer.
"É um conceito novo, de agregar turismo e condomínios. Queremos aproveitar todo esse PIB da região, riquíssima por conta do agronegócio e vizinha dos argentinos e dos paraguaios", afirmou Paulus.
Já estão nos planos a construção de outros três empreendimentos residenciais: em Gramado (RS), Aracaju (SE) e Maceió (AL), todos aproveitando terrenos de hotéis já existentes.
O empresário tem expectativa positiva para o negócio, ainda que o segmento de construção e incorporação esteja sofrendo com a crise.
"O Brasil tem cerca de 25 a 30 milhões de pessoas com renda e condições de comprar esses imóveis. Gente que quer estar num condomínio maravilhoso, seguro, com vista para um campo de golfe, com ambiente diferenciado para receber os amigos", disse.
A GJP Incorporadora vai operar separadamente da GJP Hotels. Para a linha de frente da nova empresa, Paulus contratou Abílio Torres, executivo com 35 anos de mercado imobiliário, que trabalhava recentemente na Abyara. Ele será o diretor de vendas e incorporação.
De luxo e de lucro
A GJP Hotels & Resorts tem hoje 12 hotéis de luxo próprios e sete sob sua administração em destinos turísticos de dez estados brasileiros. Outros dois estão em fase de construção e devem ser inaugurados no ano que vem.
Os ativos da companhia somam 1 bilhão de reais.
Segundo Paulus, a taxa de ocupação se mantém em torno de 70% desde julho. A razão para o sucesso é a mesma que move a CVC, na visão dele. "As viagens entraram no hábito do brasileiro", comentou.
Há dois anos, o empresário tinha a meta de ter 48 hotéis até 2018, mas com a recessão, os planos arrefeceram.
"Quando montamos esse projeto, a expectativa do país era outra. Fomos obrigados a tirar o pé do acelerador. Não vamos chegar a esse número, a menos que apareça alguma rede e a gente compre. Também não vou traçar uma meta, vai depender da economia", afirmou.
A empresa é comandada por Gustavo Paulus, filho de Guilherme.
Viagem sem volta
Fundador da CVC e responsável por conduzi-la ao posto de maior agência de viagens do país, Paulus vendeu o controle da companhia ao fundo de private equity Carlyle em 2009, por 700 milhões de reais.
Agora, os investidores americanos colocaram a fatia majoritária à venda e o próprio Paulus reduziu sua participação, hoje em torno de 10%.
Para ele, que ainda preside o conselho de administração do grupo, o processo é natural e positivo.
"Os fundos realmente fazem isso num prazo de cinco a oito anos. Eles vendem e o capital acaba se diluindo. É bom para a companhia, porque com vários acionistas ela fica com um conselho mais forte".
Ele descarta a possibilidade de retomar o controle da CVC.
"Não tenho nenhuma ideia quanto a isso. Hoje tenho outros negócios e quase 70 anos. Já estou quase me aposentado (risos). Não vou parar completamente, mas espero desacelerar", afirmou.