(Edgard Garrido/Reuters)
EFE
Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 19h56.
Cidade do México - O magnata mexicano Carlos Slim, o quarto homem mais rico do planeta segundo a revista "Forbes", afirmou nesta sexta-feira que o melhor muro fronteiriço é "gerar oportunidades de emprego" e questionou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por colocar "utopias regressivas" com suas políticas protecionistas.
"O melhor muro são investimentos, atividade econômica e oportunidades de emprego a toda a nossa população. As pessoas saem (do México) porque não encontram oportunidades, elas não saem (rumo aos EUA) por turismo", afirmou o proprietário do Grupo Carso ao dizer que a força de trabalho mexicana é "extraordinária" e muito "superior à dos vizinhos".
Em longa entrevista coletiva, Slim disse ter visto "com grande gosto e emoção a união de todo o México, como se uniram os partidos, a sociedade civil, mulheres, homens, de todos lados, como uma só voz, como um só ser para apoiar a decisão do presidente" Enrique Peña Nieto de não se reunir com Trump na próxima terça-feira.
"Esta união nacional vai permitir que o governo mexicano tenha uma posição de força e, com determinação, fará as negociações que mais convenham aos interesses nacionais", acrescentou.
O magnata advertiu que a negociação será "árdua e difícil" com Trump, que "não tem tempo para ser politicamente cuidadoso", por isso terá que colocar a pátria acima dos partidos e defender os interesses do México com "determinação e dignidade".
Em sua mensagem, Slim refletiu sobre as mudanças de paradigma enfrentadas pela sociedade contemporânea e disse que Trump, que representa "uma grande mudança na forma de fazer política e governar" e é "um grande negociador", que busca em certos aspectos a reindustrialização dos Estados Unidos, "um retorno ao passado".
"Tomara que, dentro desta hiperatividade do presidente, ele perceba que estes paradigmas - como a sociedade da informação, a tecnologia e a globalização - são importantes", acrescentou. Além disso, Slim considerou que os Estados Unidos precisa do México, um importante parceiro comercial.
Peña Nieto e Trump conversaram por telefone nesta sexta-feira e decidiram resolver suas "claras e muito públicas" diferenças sobre o pagamento do muro fronteiriço como parte de uma discussão integral de todos os aspectos da relação bilateral, e "não mais falar publicamente" sobre isso, informou a presidência mexicana.
Trump disse que a conversa com Peña Nieto foi "muito boa" e reiterou que sua intenção é buscar "uma relação justa" com o país vizinho, em entrevista coletiva conjunta com a primeira-ministra britânica, Theresa May.
A ligação telefônica aconteceu um dia após o atrito na relação entre ambos os países por causa do cancelamento da reunião do presidente mexicano com Trump, programada para a próxima terça-feira.