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O Fleury cansou de ser só laboratório — e a pandemia acelerou o processo

“Não quero ser plano de saúde e não quero ser hospital. Tudo o que está no meio do caminho, acredito que posso ajudar”, afirmou o presidente da empresa

Autoatendimento em unidade do Fleury: companhia reforça o uso de tecnologia (Germano Lüders/Exame)

Autoatendimento em unidade do Fleury: companhia reforça o uso de tecnologia (Germano Lüders/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 31 de julho de 2020 às 16h32.

Última atualização em 31 de julho de 2020 às 16h41.

O Fleury cansou de ser só laboratório. E a pandemia do novo coronavírus serviu para a companhia acelerar projetos e pavimentar o caminho em direção à diversificação dos negócios. “Não quero ser plano de saúde e não quero ser hospital. Tudo o que está no meio do caminho, eu acredito que posso ajudar”, afirmou o presidente da empresa, Carlos Marinelli, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira.

O posicionamento, definido já há algum tempo, ganhou impulso com a pandemia. “Fizemos quatro anos em quatro meses”, diz a companhia em relatório de resultados do segundo trimestre. A meta é tornar-se uma plataforma de saúde com produtos baseados em tecnologia e na atenção primária.

O Fleury terminou o trimestre com receita de 492 milhões de reais, queda de 37% em relação ao mesmo período de 2019. O prejuízo foi de 73,3 milhões de reais, queda de 185% em relação ao resultado do segundo trimestre de 2019, quando a empresa teve lucro de 85,8 milhões de reais.

Os resultados foram impactados pela pandemia de covid-19 que afetou de forma drástica a realização de exames. O número, porém, poderia ter sido pior, se não fossem as inovações buscadas pela empresa. Os atendimentos móveis, por exemplo, em que o paciente é atendido em casa, cresceram 67% no trimestre. “As receitas geradas pelo móvel já superam as de qualquer unidade física da companhia”, disse Marinelli.

Com isso, a empresa vende facilidade para o paciente, enquanto garante o distanciamento social em suas unidades de atendimento, uma necessidade em tempos de pandemia. Também permite outros usos dos espaços. “Isso libera espaço para outras ofertas como a de atenção primária, acompanhando a demanda com uma oferta cada vez mais personalizada ao paciente”, disse o executivo.

Em outra frente, o Fleury também diversificou sua atuação com um serviço voltado para empresas interessadas em retomar atividade presencial. Em junho, a companhia lançou um programa chamado Cuidado Integrado para Empresas, com serviço de testagem de funcionários e consultoria para criação de protocolos de segurança. Em 50 dias, o serviço foi de zero a mais de 300 contratos firmados.

A companhia destaca ainda parcerias com duas empresas com objetivo de oferecer novas ferramentas ao público. A primeira é com a provedora de prontuário eletrônico Prontmed e a segunda com startup israelense Sweetch, especializada em gerenciamento de doenças crônicas. Outro ponto foi o crescimento da telemedicina. A plataforma da empresa realizou 30.000 consultas em três meses.

A diversificação dos negócios está também no radar da equipe de fusões e aquisições do Fleury. “Temos várias frentes potenciais de crescimento. Tanto em nosso negócio principal, com penetração em praças relevantes, quanto na diversificação do negócio”, disse Fernando Leão, diretor de finanças e relações com investidores.

Os executivos ressaltam o peso dos exames de covid-19 na receita do Fleury no trimestre. O Fleury fez mais de 550.000 exames no período, que tiveram um peso de 17,3% na receita bruta total. Também disseram que a realização de outros tipos de exame vem se normalizando aos poucos. Em abril, as receitas da companhia encolheram 61% em relação ao mesmo período de 2019. Em junho, a retração foi de 5%. “A fase mais desafiadora ficou para trás”, disse Marinelli.

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