Brad Smith, presidente global da Microsoft: “O real progresso virá com o reconhecimento de que, apesar de nossas melhores intenções, a habilidade de medir e contabilizar as emissões ainda é incipiente” (Chona Kasinger/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 27 de outubro de 2021 às 17h24.
Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 12h53.
Entre os produtos da Microsoft, o de maior impacto no mundo corporativo é o Excel. O software de planilhas democratizou a possibilidade de organizar e manipular dados de todo tipo. Informações desestruturadas passaram a figurar em células sequenciais, passíveis de serem cruzadas, combinadas e hierarquizadas de diversas maneiras.
Nesta quarta-feira, 27, a empresa criada por Bill Gates lançou uma ferramenta que tem o potencial de causar um impacto semelhante, ainda que menos abrangente. O Microsoft Cloud for Sustainability se propõe a ser uma plataforma holística para contabilidade de carbono. A ferramenta promete ajudar as empresas a medir e padronizar suas emissões e automatizar o processo.
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“O real progresso virá com o reconhecimento de que, apesar de nossas melhores intenções, a habilidade de medir e contabilizar as emissões ainda é incipiente”, afirma Brad Smith, presidente global da companhia. “Usamos muitas palavras para descrever o problema das emissões, porém, as mesmas palavras podem assumir significados diferentes.”
Criar um padrão global para contabilizar e reportar as emissões de carbono tem sido um desafio. Existem diversas iniciativas em curso, como a Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD), presidida pelo bilionário ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, Michael Bloomberg, criada no âmbito do Financial Stability Board, conselho do G20 que reúne os presidentes dos bancos centrais.
Para Smith, o primeiro passo para gerir os esforços de mitigação das mudanças climáticas é definir o que é a neutralidade em carbono, o chamado “net zero”. “Nosso entendimento é que, para ser carbono neutro, a empresa deve responder pelas emissões de todos os escopos, 1, 2 e 3”, afirma. Os dois primeiros escopos dizem respeito às operações da companhia, o terceiro pega a cadeia de fornecimento e é o mais complicado.
Além disso, neutralizar significa remover carbono da atmosfera efetivamente, e não apenas compensar “pagando para que alguém faça alguma coisa, como não cortar árvores”, diz Smith. “Ainda que essa remoção comece com soluções baseadas na natureza, está claro que também irá requerer tecnologias que ainda não foram criadas”. A Microsoft vem fazendo investimentos diretos em companhias que desenvolvem esse tipo de solução por meio do fundo Climate Innovation Fund, de 1 bilhão de dólares.
O lançamento da plataforma coincide com o início da Conferência do Clima da ONU, a COP26, que acontece nas próximas duas semanas em Glasgow, na Escócia — a EXAME estará em Glasgow e fará a melhor cobertura da COP26.
Mais de 1.500 companhias, cuja receita combinada soma 11,4 trilhões de dólares, publicaram compromissos net zero nos estertores da conferência. “É uma boa notícia”, afirma Smith. “O mundo, porém, precisará de padrões aprimorados de medição e contabilidade de carbono para as empresas atingirem suas metas.”