Nubank: clientes da fintech podem estar tendo pagamentos dificultados pelos bancos concorrentes (Nubank/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 10h52.
Última atualização em 11 de dezembro de 2018 às 15h14.
São Paulo – A empresa de cartões Nubank anunciou hoje a função débito e a possibilidade de saque em dinheiro para quem tem sua conta digital, a NuConta. Com isso, a instituição passa a permitir pagamentos de transações e fica ainda mais perto dos grandes bancos do varejo.
"Existem mais de 20 milhões de pessoas que pediram cartões Nubank e a gente ainda não conseguia aprovar, precisávamos melhorar nossos modelos de análise", afirmou David Vélez, cofundador do Nubank.
A modalidade de débito contará com a possibilidade de saque em caixas eletrônicos, uma demanda dos clientes. A funcionalidade está agora em fase de testes, com 10 mil clientes. O saque será possível nas máquinas do Banco 24 Horas.
A fintech tem 2,5 milhões de clientes na NuConta, que serão beneficiados com as novas funcionalidades. A novidade também torna a NuConta mais atrativa para outros clientes.
Hoje, diz David Vélez, a NuConta é maior do que todas as contas de bancos digitais brasileiras juntas e a maior conta digital no mundo. Para ele, o crescimento do Nubank se deu por um marketing boca a boca, contra o investimento em publicidade em meios massivos feito por bancos tradicionais.
O novo serviço chega depois que o Nubank recebeu, no mês passado, aval do Banco Central para atuar como instituição financeira. Em janeiro, o Nubank já havia recebido autorização do presidente Michel Temer para ter empresas financeiras.
O Nubank chegou ao mercado em 2013 e fez sucesso num ambiente marcado pela concentração em grandes instituições financeiras – com serviços caros muitas vezes pouco transparentes. Mais recentemente, a empresa passou a oferecer também contas digitais.
A companhia brasileira recebeu aporte de 200 milhões de dólares da gigante chinesa da tecnologia Tencent, dona do WeChat, aplicativo de mensagens largamente utilizado para fazer pagamentos na China. O negócio avalia a fintech em 4 bilhões de dólares e coloca a companhia entre as startups mais valiosas da América Latina.
Com a possibilidade de saques em dinheiro, o Nubank faz o caminho inverso ao dos grandes bancos, que correm para se digitalizar e enfrentar as fintechs. Mas o movimento faz sentido. O dinheiro em notas não vai acabar do dia para a noite, e talvez continue exercendo função importante por muito tempo. Uma pesquisa do Banco Central mostra que 96% dos brasileiros usam notas rotineiramente, enquanto 52% dizem usar cartão de débito e 46% de crédito.