Uber: “A Uber está em um momento decisivo com os governos de grandes cidades”, disse diretor da TransitCenter (David Paul Morris/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2017 às 18h04.
Washington - A Uber está testando um novo tom conciliador em Londres, onde as autoridades afirmaram que não vão renovar a licença de operação do serviço de transporte. A empresa terá diversas oportunidades para ver se essa abordagem funcionará nos EUA.
O advogado da cidade de São Francisco está investigando se a Uber Technologies é um incômodo público. Em Nova York, as autoridades estão elaborando maneiras de aumentar os controles sobre o transporte compartilhado, inclusive exigindo que 25 por cento de todas as corridas sejam realizadas por veículos com acesso para cadeiras de rodas. E Seattle aprovou uma regulamentação para facilitar a sindicalização dos motoristas da Uber.
“A Uber está em um momento decisivo com os governos de grandes cidades”, disse Jon Orcutt, diretor de comunicações e advocacia da TransitCenter, sobre a Uber e outras empresas de transporte compartilhado. “A iniciativa de Londres, que ameaça retirar a licença, realmente pode começar a inserir a Uber em uma situação regulamentar mais normal.”
Autoridades de Londres informaram na sexta-feira que a cidade não renovaria a licença de operação da Uber, que deverá expirar em 30 de setembro, porque a companhia não é “adequada nem apta para ter uma licença de operador de contratação particular”.
A cidade citou a falta de verificações de antecedentes suficientes dos motoristas, denúncias de crimes e um programa chamado “Greyball”, usado para evitar reguladores.
Em resposta, o novo CEO, Dara Khosrowshahi, divulgou uma carta aberta nesta segunda-feira pedindo desculpas “pelos erros cometidos” e reconhecendo que a empresa “fez coisas erradas ao longo do caminho” durante seu rápido crescimento.
Londres é um mercado global essencial para a Uber, o que poderia incentivar a empresa a fazer concessões regulatórias para continuar nas ruas, disse Orcutt. Isso contrasta com a abordagem agressiva da empresa sob o comando do cofundador e ex-CEO Travis Kalanick.
A Uber irritou as prefeituras de várias grandes cidades dos EUA, que tentaram encurralar a empresa durante seu crescimento.
Ela despertou a ira das autoridades locais e dos taxistas, compilando um histórico de ações que contornam os regulamentos tradicionais do setor de táxi e recusando-se a compartilhar dados de trajetos e outros registros solicitados por autoridades municipais.
Em julho, o advogado da cidade de São Francisco, Dennis Herrera, solicitou ordens judiciais para que a Uber e a concorrente Lyft entreguem registros coletados durante anos, porque as empresas se recusaram a cumprir uma intimação anterior para entregar esses dados.
O escritório de Herrera está investigando se as empresas e seus estimados 45.000 motoristas na cidade estão criando um incômodo público, uma conclusão que pode sujeitar as empresas a punições monetárias civis e expô-las a injunções judiciais que restringem suas operações na cidade.
“O status quo não está funcionando”, disse Herrera em uma declaração de 21 de julho. “Não há dúvida de que Uber e Lyft oferecem praticidade. Mas a praticidade de alguns não pode superar os direitos de cada morador e visitante de São Francisco.”
A Uber também foi pressionada a fornecer registros das atividades dos motoristas na cidade de Nova York. Além disso, a Comissão de Táxi e Limusine da Cidade de Nova York propôs uma nova regra, para que os veículos com acesso para cadeiras de rodas representem 25 por cento de todas as corridas realizadas pelos serviços que utilizam veículos particulares, como Uber e Lyft. Isso acrescentaria um novo empecilho regulatório para essas empresas, o que deixaria seus custos mais em consonância com os das empresas tradicionais de táxi.