Monsanto: soja RR2 tem a capacidade de combater o ataque de insetos e também de ser resistente ao herbicida glifosato (EXAME)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2013 às 18h25.
São Paulo - A nova soja da Monsanto, a Intacta RR2 Pro, poderá ser plantada em 9 % das lavouras brasileiras já na próxima safra, considerando a disponibilidade de sementes da variedade transgênica recém-aprovada pela China, estimou a empresa.
O presidente da Monsanto no Brasil, Rodrigo Santos, disse nesta terça-feira que há disponibilidade de 3 milhões de sacas de sementes da soja Intacta, que será lançada ainda para a temporada 2013/14. Esse volume seria suficiente para plantar 2,5 milhões de hectares.
O plantio no Brasil começa em meados de setembro, pelo Centro-Oeste brasileiro.
A Monsanto já havia obtido a aprovação da variedade no Brasil e em diversos países importadores, e só aguardava o aval da China (maior importador) para fazer o anúncio do lançamento do produto. O governo chinês aprovou a soja no final de semana, segundo o Ministério da Agricultura do Brasil.
"O que vai acontecer nessa safra é que muitos agricultores vão utilizar Intacta numa parte da lavoura deles e fazer avaliação do custo benefício para eles, especificamente, e tomar decisão para as próximas safras", disse Santos a jornalistas.
A multinacional prevê uma área total com soja no Brasil entre 28 milhões e 28,5 milhões de hectares, contra 27,7 milhões de hectares registrados em 2012/13, segundo levantamento do Ministério da Agricultura.
A soja RR2 tem a capacidade de combater o ataque de insetos e também de ser resistente ao herbicida glifosato.
A grande maioria da soja plantada e comercializada no Brasil é da primeira geração de transgênicos, que possui apenas a capacidade de tolerância ao herbicida glifosato.
Adoção
A empresa e os produtores rurais avaliam que o incremento de área com a nova tecnologia seja gradual ao longo das próximas temporadas.
"Se espera um crescimento grande porque a demanda dos agricultores é muito grande por tecnologia. Nossa expectativa é que haja um crescimento significativo para a próxima safra, mas não posso dizer um número hoje", disse o executivo da Monsanto.
Para o representante dos produtores de soja, a adoção será gradual, de acordo com a relação entre aumento de custos e ganhos de produtividade.
"Eu vou plantar e vou ver o benefício. Você sempre faz a conta. O produtor sabe que entrar (com força) em uma tecnologia em um ano é uma coisa perigosa demais", disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira.
A cobrança de royalties pela Monsanto sobre o plantio da geração anterior de soja transgênica, a RR1, foi parar na Justiça, sendo questionada nos últimos anos por associações de produtores, incluindo a Aprosoja.
Apesar de ver como positiva a disponibilidade de uma nova tecnologia para ser usada nas lavouras brasileiras, Silveira disse estar atento aos royalties que serão cobrados pelo uso da Intacta.
"Quanto vale a tecnologia? (...) É preciso deixar claro qual o benefício para o produtor. Não é simples. Isso é igual marido e mulher. Sempre vai ter discussão." O modelo e os valores a serem cobrados pelo uso das novas sementes serão divulgados na próxima semana, disseram executivos da Monsanto.
No ano passado, o valor para os royalties havia sido estimado em 115 reais por hectare, caso houvesse plantio comercial da nova soja em 2012/13. Um valor revisado para 2013/14 será discutido com as sete empresas que produzem sementes com a tecnologia da Monsanto, informou Santos.
Ganhos de produtividade
A Monsanto escolheu mil produtores rurais para fazerem plantio da nova soja na temporada 2012/13, mesmo antes de haver liberação de todos os potenciais compradores --especialmente a China.
O resultado dos testes, segundo a empresa, foi de um ganho médio de produtividade de 6,59 sacas por hectare na comparação com lavouras plantadas com a tecnologia antiga, RR1.
Isso representaria um acréscimo de cerca de 10 % ante a produtividade média das lavouras do centro-sul do Brasil na última temporada, que foi de pouco mais de 63 sacas por hectare, segundo o Ministério da Agricultura.
A consultoria MB Agro calculou que se 50 % da área de soja no Brasil fossem plantados com RR2 haveria um acréscimo de 4,2 bilhões de reais no valor bruto da produção de soja no país em um ano.
"Caso toda a produção adicional fosse remetida ao exterior na forma de grãos, haveria um acréscimo de 2,7 bilhões de dólares (em exportações), sem considerar a adição de valor da produção do farelo e do óleo", avaliou a MB Agro em um estudo encomendado pela Monsanto e publicado nesta terça-feira.