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Nova aposta da Latitud: o negócio bilionário de um dos fundadores da Zap Imóveis  

Uma das principais investidoras de startups em estágios iniciais aportou R$ 2 milhões na PipeImob, que faz gestão e digitalização de documentos envolvidos na aquisição de um imóvel

Roberto Nascimento, da PipeImob: “Eu vivi muito numa época em que tinha que convencer a imobiliária que valeria a pena investir em mídia pela internet” (PipeImob/Divulgação)

Roberto Nascimento, da PipeImob: “Eu vivi muito numa época em que tinha que convencer a imobiliária que valeria a pena investir em mídia pela internet” (PipeImob/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 11h29.

Última atualização em 21 de agosto de 2024 às 17h15.

Uma das principais investidoras de startups em seus estágios iniciais da América Latina, a Latitud Ventures tem uma nova aposta: a mais recente startup de Roberto Nascimento, um dos fundadores da Zap Imóveis.

A gestora acaba de aportar 2 milhões de reais na PipeImob, empresa que faz a gestão e a digitalização dos documentos envolvidos na aquisição de um imóvel. A ideia da startup é cortar - ou pelo menos, facilitar - as burocracias do setor. 

"Não acredito que exista alguém no Brasil com mais experiência e conhecimento em imóveis e tecnologia do que o Roberto”, diz Brian Requarth, fundador da Ltitud. “Temos a oportunidade de combinar tudo o que aprendemos nas últimas décadas e aplicar isso a esta startup que, com certeza, vai transformar o mercado”.

O novo aporte vem menos de dois meses depois que a PipeImob recebeu 2,5 milhões de reais numa rodada pré-seed liderada pela DOMO.VC.

Com o cheque, a proptech planeja implementar novas ferramentas para tornar o processo de venda de imóveis ainda mais simples, desde a proposta inicial até a finalização da transação e recebimento de comissão.

Qual é a história de Roberto Nascimento

A vida profissional de Roberto Nascimento está conectada diretamente com o mercado imobiliário e com a tecnologia. Formado em administração, foi um dos responsáveis por implantar a operação brasileira da gigante IBM em 1999. Mas ficou lá só por oito meses. No início do ano 2000, aproveitando o hype do início da internet, lançou um portal de classificados imobiliários digitais, o PlanetaImóvel. 

Mesmo numa época em que a internet dava, ainda, seus primeiros passos, o portal de Nascimento despontou. O banco de dados tinha mais de 300.000 listagens e recebia cerca de 40.000 visitantes diariamente. Os bons números chamaram atenção das grandes corporações: a Globo e o jornal Estado de São Paulo compraram a operação, que então passou a se chamar Zap Imóveis, hoje do grupo OLX. 

“Eu vivi muito numa época em que tinha que convencer a imobiliária que valeria a pena investir em mídia pela internet”, diz Nascimento. “Hoje, é muito diferente”. 

Do Zap, nunca mais saiu da “casinha” do mercado imobiliário. Trabalhou na área de tecnologia de grandes imobiliárias e abriu operações como a Imovelweb, outro nome conhecido do setor, e a Kzas, que foi adquirida pela Creditas, que atua com crédito imobiliário.

Já são pelo menos quatro negócios criados pelo empresário, todos na área de tecnologia, além de outras empresas em que atuou como diretor e investidor. “Eu gosto muito de começar as coisas”, diz.

Na PipeImob, o foco é cortar as burocracias do setor, principalmente na parte de gestão de documentos. 

“Se você quiser comprar o imóvel, você vai ter que fazer, em média, 39 documentos”, diz. “Precisa fazer as assinaturas de contrato, pagar, mandar para o cartório, fazer avaliação, etc. Essa parte, hoje nas imobiliárias, continua artesanal. As pessoas mandam documento por WhatsApp, por e-mail, o controle jurídico é por planilha, é um gargalo total”. 

“Você pede um hambúrguer e consegue acompanhar em tempo real”, afirma. “No mercado imobiliário, você não consegue acompanhar nada”. 

E é um negócio bilionário. Desde julho, a plataforma movimenta mais de 1 bilhão de reais mensalmente em volume de imóveis transacionados. Já o valor geral de comissões passou de 35 milhões de reais no ano passado para 250 milhões de reais neste ano. 

Qual a estrutura da PipeImob hoje 

Hoje, já são 200 imobiliárias clientes da empresa de tecnologia. Nos primeiros sete meses do ano, o valor geral de vendas dos imóveis transacionados pela plataforma foi de 4,3 bilhões de reais -- para se ter uma ideia, no ano anterior, essa quantia foi de 1,4 bilhão. 

Quando o negócio nasceu, as imobiliárias precisavam pagar uma mensalidade pelo uso da plataforma Hoje em dia, há uma taxa por transação.

E com essa gestão de documentação e de processos acontecendo digitalmente e de maneira mais organizada, novos produtos poderão ser lançados. Esse é um dos principais objetivos da PipeImob. 

“O propósito da empresa é melhorar a reputação do mercado imobiliário”, afirma Nascimento. “Hoje, quando você paga um sinal, esse valor fica parado na conta da imobiliária, porque você não consegue ver em que fase da compra está, quais os documentos que já foram aprovados, se a compra foi feita. Com mais segurança, você consegue garantir, por exemplo, com mais facilidade, a antecipação do corretor, porque consegue visualizar se a compra está sendo feita ou não”.

Como está o mercado imobiliário 

As proptechs têm dado um chacoalhão no setor imobiliário nos últimos anos, principalmente com a pandemia. Entre maio de 2021 e maio de 2022, o número de empresas ativas no setor cresceu 13,82%, e as rodadas de investimentos nas chamadas proptechs e construtechs movimentaram R$ 5,8 bilhões, de acordo com a Terracota.

Um dos exemplos mais citados é do Quinto Andar, unicórnio brasileiro que simplificou o processo de locação de imóveis. Hoje, a startup é uma referência no setor e já vale 5,1 bilhões de dólares.

A perspectiva do setor, agora, é de crescimento. O tamanho do mercado global PropTech deve atingir US$ 64,3 bilhões até 2028, aumentando a um crescimento de mercado de 15,4% por ano durante o período de previsão.

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