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E-commerce tem alta real de 10% nos primeiros dias da Semana do Brasil

"Black Friday do governo" gerou 1,1 bilhão de reais em vendas nos primeiros quatro dias de descontos. Ação termina na sexta-feira 13

COMÉRCIO ELETRÔNICO: vendas pela internet tiveram alta média de 20% em 2019, o que torna alta "real" da Semana do Brasil um pouco menos significativa (Alexandre Battibugli/Exame)

COMÉRCIO ELETRÔNICO: vendas pela internet tiveram alta média de 20% em 2019, o que torna alta "real" da Semana do Brasil um pouco menos significativa (Alexandre Battibugli/Exame)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 12 de setembro de 2019 às 11h00.

Última atualização em 12 de setembro de 2019 às 13h08.

Os primeiros dias da Semana do Brasil, uma espécie de "Black Friday do governo" criada em parceria com o varejo, mostram alguns resultados preliminares positivos para o comércio eletrônico.

Entre sexta-feira 6 e terça-feira 10, os quatro primeiros dias da semana promocional, o faturamento do comércio eletrônico foi de 1,1 bilhão de reais, 37,6% maior do que no mesmo período de 2018. O levantamento foi feito a pedido de EXAME pela empresa de inteligência de mercado Compre & Confie, que tem registro de mais de 80% dos pedidos feitos pela internet no Brasil.

Descontados fatores como o crescimento já previsto para o varejo sem a ação e o feriado prolongado no ano passado, a Compre & Confie calcula que o crescimento real do faturamento do e-commerce na Semana do Brasil foi de 8% a 10%. (Os números não incluem vendas fora da internet.)

A Semana do Brasil vai até esta sexta-feira 13, de modo que os resultados ainda são preliminares. Mais de 3.600 empresas se cadastraram junto ao governo para participar da ação, não só varejistas como bancos, incorporadoras, locadoras e empresas de diversos outros setores.

Nos primeiros quatro dias da semana promocional, foram 2,8 bilhões em compras online, 42,1% a mais que no ano passado. A alta se mantém também na comparação com a primeira semana de setembro de 2019, dias antes do evento: foram 18,1% a mais de pedidos e faturamento 21,2% maior.

O diretor-executivo da Compre & Confie, André Dias, afirma que algumas questões devem ser levadas em conta na observação desses números. Dias diz que, "apesar do aumento aparentemente expressivo, próximo de 40% nas vendas", o comércio eletrônico já vinha apresentando crescimento médio de 20% em 2019. "Além disso, o feriado prolongado na mesma data em 2018 é um fator que tem de ser observado, uma vez que colaborou para a redução das vendas pela internet no ano anterior." 

Ainda assim, são números positivos, embora não cheguem perto da Black Friday, outra data criada pelo varejo e que acontece anualmente na quarta sexta-feira de novembro. A data movimentou 2,9 bilhões de reais no comércio eletrônico em 2018, ainda segundo a Compre & Confie. Mesmo durando apenas um dia, a Black Friday teve mais da metade que o faturamento de quatro dias da Semana do Brasil.

O ticket médio dos primeiros dias da Semana do Brasil foi de cerca de 405 reais, ante mais de 600 reais na Black Friday do ano passado.

Incertezas no varejo

A expectativa é que os descontos da Semana do Brasil estimulem o consumo em um período considerado como limbo no varejo, já que o mês de setembro sofre entre o dia dos pais em agosto e o fim do ano. Tal como fez a Black Friday, importada dos EUA em 2010 e que transformou o então fraco mês de novembro em uma temporada esperada no varejo.

A semana foi idealizada inicialmente não pelo setor privado, mas pelo secretário especial de Comunicação Social do governo federal, Fábio Wajngarten. As empresas chegaram depois, encabeçadas pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reúne grandes varejistas nacionais.

O varejo como um todo também tenta se recuperar em meio a um cenário econômico ainda adverso, com desemprego na casa dos 12% e perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto em menos de 1% para o ano.

As vendas gerais no varejo aumentaram 1% em julho deste ano na comparação com junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira 11 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números, embora modestos, fizeram ações de varejistas brasileiras subirem na bolsa, já que é o melhor resultado para o mês desde julho de 2013, que teve alta de 2,7%. Em maio e junho, as altas foram de 0,1% e 0,5%, com números negativos antes disso.

Contudo, existe o temor de que a Semana do Brasil, em vez de aumentar o consumo, apenas distribua as compras que seriam feitas pelos consumidores no fim do ano, na Black Friday e no Natal. Há também uma preocupação de que a data tenha ficado muito atrelada ao governo do presidente Jair Bolsonaro, o que pode afastar parte dos consumidores.

O portal UOL publicou levantamento da empresa de monitoramento de redes sociais Torabit, que apontou que, enquanto a Black Friday de 2018 gerou 400.000 menções nas redes sociais em 2018, a Semana do Brasil teve 20.000 menções nas redes entre 26 de agosto (dias que antecederam o começo das promoções) e a manhã de segunda-feira 9.

Já a coluna Painel S.A, do jornal Folha de S.Paulo, publicou declaração do presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), Tito Bessa Jr., que considerou que a alta das vendas no primeiro fim de semana da ação não foi "significativa". O empresário também atribuiu o maior movimento nas lojas físicas ao dia do pagamento de salários no começo do mês.

A alta do e-commerce, no geral na casa dos dois dígitos, é historicamente maior que no varejo físico, independentemente da data. Assim, a mesma tendência deve se repetir quando divulgados os resultados finais da Semana do Brasil, em alguns dias, que devem ser menos vistosos que a alta de dois dígitos no e-commerce.

Por ser a primeira edição do evento, ainda resta ver se a Semana do Brasil conseguirá se consolidar no calendário de compras brasileiro.

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