iPhone X (Victor Caputo/Site Exame)
Mariana Fonseca
Publicado em 30 de abril de 2018 às 14h37.
Os resultados da Apple confirmarão nesta semana o que a maioria dos investidores finalmente aceitou: o iPhone X não correspondeu às expectativas. Os resultados também deverão dar pistas sobre a próxima estratégia da empresa para seu carro-chefe.
O presidente Tim Cook e outros executivos da Apple têm um “importante período de testes” pela frente, a começar pela nova projeção de receita e uma teleconferência com analistas na terça-feira, disse Daniel Ives, da GBH Insights. Ele e outros analistas reduziram estimativas para as vendas do iPhone, e as ações da Apple caíram quase 8 por cento nas últimas duas semanas.
As preocupações sugiram após fornecedores revelarem demanda fraca por aparelhos de ponta, outro sinal de que a ascensão dos smartphones — que fez da Apple a empresa mais valiosa do mundo — está perdendo impulso. A companhia sofre pressão também na China, onde consumidores preferem não gastar dinheiro com os caros iPhones, abrindo espaço para concorrentes locais como Oppo e Vivo ganharem participação no mercado.
Na terça-feira, a Apple deverá divulgar que as vendas unitárias do iPhone no segundo trimestre fiscal aumentaram pouco mais de 2 por cento em relação a um ano antes. Para o terceiro trimestre fiscal, as vendas unitárias devem diminuir 5 por cento, segundo uma média das projeções de analistas compiladas pela Bloomberg.
As expectativas eram maiores quando a Apple lançou novos aparelhos, no fim do ano passado. No entanto, os iPhones 8 e 8 Plus eram muito semelhantes aos modelos iPhone 6 e 6 Plus de três anos antes. O iPhone X veio com uma tela brilhante, que se estende de uma ponta à outra do aparelho, e reconhecimento facial 3D, mas o preço inicial de US$ 999 se mostrou alto demais para muitos consumidores.
Isso deixou uma lacuna no mercado por iPhones inovadores com preços próximos aos praticados anteriormente -- e a Apple já está trabalhando para suprir essa demanda. A empresa está preparando um novo iPhone de menor custo com visual semelhante ao iPhone X e alguns de seus recursos mais atraentes.
“Esse iPhone X com preço mais baixo deve ser um produto de sucesso. Esse lançamento por si só pode elevar as vendas do iPhone em 5 por cento ao ano”, disse Gene Munster, cofundador da Loup Ventures e analista de longa data da Apple. Ainda assim, ele alertou que a época de crescimento anual de 15 por cento das vendas do iPhone terminou.
Quando o X foi lançado, no ano passado, a Apple pagou caro pelo novo sistema Face ID, pelo revestimento de aço inoxidável e pela tecnologia de tela OLED, que gera maior eficiência e nitidez. As peças do iPhone X custam US$ 115 a mais que as do iPhone 8, segundo análise de novembro. Por isso, ficou difícil oferecer o produto por muito menos de US$ 999 sem prejudicar a lendária lucratividade da Apple.
O novo iPhone de menor custo usará uma tela de LCD com cerca de metade do custo da tela OLED do iPhone X. É provável que o aparelho também tenha revestimento de alumínio no lugar de aço inoxidável. Isso pode baixar o preço para US$ 700, nível que se mostrou bem-sucedido por muitos anos.
Além disso, a Apple lançará um iPhone gigante com tela de 6,5 polegadas (16,5 centímetros) e uma atualização ao tamanho do iPhone X atual, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News no início do ano.
Os resultados de terça-feira provavelmente mostrarão um crescimento mais lento da Apple, mas a estratégia mais ampla para o iPhone pode revitalizar as vendas quando os novos aparelhos forem lançados, no fim de 2018.