Netflix: tempo gasto assistindo a conteúdos da empresa vem subindo mais de 20% desde 2017 (Sopa Images/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2019 às 15h48.
Um estudo da consultoria especializada em mídia eMarketer divulgado nesta semana aponta que, nos Estados Unidos, a Netflix já ultrapassou o YouTube como plataforma de streaming que os adultos passam mais tempo assistindo por dia.
A virada veio em 2018, mas ainda havia quase um empate técnico entre os dois serviços em tempo de tela. Agora, a liderança da Netflix no quesito tempo de uso deve se consolidar neste fim de 2019. Os adultos nos EUA gastaram em 2018 cerca de 23 minutos por dia assistindo a conteúdos na Netflix, ante 22 minutos no YouTube. Neste ano, a previsão da eMarketer é que os americanos gastem 27 minutos diários na Netflix e 23 no YouTube.
Ainda segundo a consultoria, é na Netflix que os americanos gastam 27% de seu tempo assistindo a vídeos online, enquanto o YouTube responde por 23,4% do tempo, segundo as estimativas para 2019. Vale lembrar que as opções não são excludentes: um mesmo usuário pode assistir conteúdos em ambos os serviços no mesmo dia, devotando algum tempo para cada um.
O YouTube liderava a exibição de vídeo online até o ano passado. Mas, desde 2017, a Netflix conseguiu aumentar em 20% ao ano o tempo de tela de seus usuários. No YouTube, o crescimento do tempo de tela foi de 7% em 2017 e deve fechar 2019 com alta de somente 4,5%.
A eMarketer não traz números específicos sobre tempo de tela dessas plataformas no Brasil. Contudo, no país, o YouTube ainda impera em número de usuários. A Netflix deve fechar 2019 com 28,7 milhões de usuários, assinantes ou compartilhando contas, ante 96,7 milhões no YouTube, segundo as projeções da eMarketer. O serviço de vídeo do Google chega a incríveis 46% da população brasileira.
Em número de assinantes, a Netflix tem mais de 8 milhões de assinantes no Brasil, mas a empresa não revela números mais detalhados sobre o país.
Apesar do crescimento inegável da Netflix e do formato de ver filmes e séries por streaming que a empresa ajudou a criar, os próximos anos devem ser um pouco menos fáceis. Os serviços de streaming Disney+, da Disney, e o Apple TV+, da Apple, foram lançados em novembro deste ano nos Estados Unidos (o Disney+ ainda não chegou ao Brasil, e só deve estrear por aqui no segundo semestre do ano que vem, segundo previsões não-oficiais).
Por esse aumento da concorrência, a eMarketer projeta que o crescimento do tempo do usuário na Netflix, ao menos nos Estados Unidos, vai desacelerar nos próximos anos. De uma alta de 16% no tempo de tela em 2019, a Netflix deve cair para crescimento de apenas 6,1% em 2020 e 3,7% em 2021. No YouTube, o tempo de uso vai crescer somente 3,8% em 2020 e 3,5% em 2021.
"Embora os americanos estejam gastando mais tempo assistindo à Netflix, a atenção das pessoas vai ficar mais dividida à medida em que novos serviços de streaming surgem", escreveu em nota o analista Ross Benes, da eMarketer.
Por enquanto, a empresa reinava sozinha no mercado de streaming. Embora o YouTube também tenha filmes para locação e tenha lançado um espaço de conteúdo próprio com assinaturas (o YouTube premium), a plataforma do Google costuma ser espaço para vídeos mais curtos e de produtores independentes, e não filmes ou séries.
Agora, a Netflix terá de concorrer com outras produtoras de conteúdo que decidiram, em vez de licenciar seus produtos para a Netflix, lançar seu canal próprio de contato com o consumidor.