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Netflix comemora sucesso de "The Witcher" e ganha 28 milhões de assinantes

Apesar dos bons números no quarto trimestre, empresa ainda sofre com estagnação nos Estados Unidos e temor da concorrência com o Disney+

Netflix: ação subia mais de 1% após o fechamento do mercado (Sopa Images/Getty Images)

Netflix: ação subia mais de 1% após o fechamento do mercado (Sopa Images/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 21 de janeiro de 2020 às 18h52.

Última atualização em 14 de junho de 2021 às 13h02.

A Netflix divulgou resultados um pouco acima das expectativas na noite desta terça-feira 21. A empresa teve faturamento de 5,5 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2019, no período entre outubro e dezembro, alta de 31% em relação ao ano anterior. O lucro foi de 587 milhões de dólares no trimestre, quase quatro vezes maior do que os ganhos do mesmo período de 2018.

A empresa também ganhou 8,8 milhões de novos assinantes no trimestre, muito acima da expectativa divulgada anteriormente pela Netflix, de 7,6 milhões de novos membros.

No acumulado do ano, a companhia adicionou 27,8 milhões de clientes, também acima das expectativas de cerca de 26 milhões. Assim, a Netflix fecha o ano de 2019 com 167 milhões de clientes. O número de assinantes é uma das principais métricas analisadas pelos investidores no balanço, pois demonstra a dimensão do crescimento da empresa.

Ainda assim, o mercado segue apreensivo com a possibilidade de uma estagnação da Netflix. Tudo no balanço é uma boa notícia, menos a performance nos Estados Unidos. A Netflix não divulga mais resultados específicos do país, mas, na América do Norte, a empresa ganhou somente 550.000 assinantes. Ou seja, menos de 0,6% do total de novos pagantes no trimestre.

É também nos EUA que a concorrência vem começando a ficar mais forte. O Disney+, plataforma de streaming da Disney lançada em novembro, funciona somente em alguns poucos países por enquanto, incluindo nos Estados Unidos e no Canadá, e obteve mais de 40 milhões de downloads em celulares nos primeiros meses.

Mas o serviço da Disney ainda não foi lançado em mercados importantes para a Netflix, como Brasil, Ásia e Europa. É aí que a chamada "guerra do streaming" começará a esquentar. A preocupação dos investidores é de que a boa performance da Netflix no exterior esteja com os dias contados à medida em que o Disney+ e outros serviços de streaming cheguem por lá.

Neste ano também está previsto o lançamento do HBO Max, que reunirá conteúdos de Time Warner e HBO, hoje ambas sob guarda-chuva da gigante de comunicação americana AT&T e será um considerável upgrade em relação aos atuais HBO Go e HBO Now.

Com o crescimento baixo nos Estados Unidos, é do exterior que vem a esperança da Netflix. A América Latina é o terceiro maior mercado (atrás de América do Norte e Europa), com 31,4 milhões de assinantes. A Europa tem 51,8 milhões de assinantes e a América do Norte, 67,7 milhões. Em último vem a Ásia, com 16,2 milhões.

As próprias expectativas internas da Netflix para o próximo trimestre também desanimaram um pouco os investidores. A Netflix espera ganhar entre janeiro e março 7 milhões de novos usuários, ante expectativa de 7,8 milhões do mercado para o período. Em 2019, no mesmo trimestre, a Netflix havia ganhado 9,6 milhões de usuários -- em seu balanço, a empresa escreveu que o primeiro trimestre de 2019 fora um recorde histórico.

A empresa também citou como um ponto positivo do trimestre os números de audiência de seus conteúdos caseiros lançados no fim do ano passado, como a terceira temporada da série "The Crown", sobre a família real britânica. A Netflix afirma que a série foi vista por 21 milhões de residências, alta de 40% em relação à segunda temporada. Já a série "The Witcher" atingiu 76 milhões de casas e, segundo a Netflix, a expectativa é que torne-se "a maior temporada de uma série de TV" já lançada pela empresa.

O sucesso dos conteúdos próprios será especialmente importante a partir de agora, quando as concorrentes, como a Disney e a Time Warner, passaram a retirar seus consagrados filmes e séries do catálogo da Netflix. A empresa, assim, terá de apostar cada vez mais nas produções caseiras para ganhar e manter assinantes.

Pelo menos até agora, o ano está promissor para as produções da casa, que conquistaram 24 nomeações no Oscar — mais do que qualquer outro estúdio renomado de Hollywood. Neste ano, produções como “O Irlandês” e “Dois Papas” podem ganhar estatuetas.

Os investidores, por ora, parecem estar confiantes no potencial da Netfilx de brigar com as rivais. Após a divulgação do resultado do trimestre, a ação da empresa subia na casa do 1% às 19h.

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