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Rumo ao net zero, Ambev neutraliza emissões de três novas fábricas

Meta da companhia é alcançar o net zero até 2040. Para isso, ela conta com a ajuda de todo o seu ecossistema e o apoio de startups

Rodrigo Figueiredo, da Ambev: trabalho junto a todo ecossistema para promover ações de impacto socioambiental positivo (Ambev/JBS/Divulgação)

Rodrigo Figueiredo, da Ambev: trabalho junto a todo ecossistema para promover ações de impacto socioambiental positivo (Ambev/JBS/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2022 às 14h30.

Última atualização em 15 de julho de 2022 às 17h24.

Na lista de empresas que anunciaram um compromisso de se tornarem net zero está a Ambev. O objetivo da companhia é alcançar a meta em toda sua cadeia de valor até 2040. 

Nesse processo, recentemente a multinacional de bebidas conseguiu neutralizar as emissões de três plantas já existentes. Em entrevista à EXAME, Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da Ambev, contou a novidade em primeira mão. Confira:

A Ambev anunciou, no fim do ano passado, sua meta de zerar as emissões de carbono em sua cadeia de valor até 2040 (escopos 1, 2 e 3). Nesses seis meses desde então, que ações foram implementadas nesse sentido?

Fomos a primeira grande cervejaria carbono neutro do Brasil e, em mais um passo rumo a alcançar as nossas metas de sustentabilidade, acabamos de neutralizar as emissões de carbono em mais três de nossas unidades, atingindo mais da metade da meta para este ano, ainda no primeiro semestre. 

A Arosuco Aromas, em Manaus (AM), a Cervejaria Minas Gerais, em Juatuba (MG), e a Refrigerantes Curitibana, em Tamandaré (PR) são as novas unidades carbono neutro da companhia. Juntas, elas deixarão de emitir, por ano, mais de 4.800 toneladas de gases de efeito estufa comparado com 2017.

No mês de abril, também anunciamos as primeiras unidades carbono neutro dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mais especificamente em Agudos e Cachoeiras de Macacu, respectivamente.

Temos uma jornada de quase 20 anos e hoje somos reconhecidos como uma das empresas mais sustentáveis do país. Mas, para zerar as emissões líquidas de carbono próprias e de terceiros até 2040, sabemos que precisamos contar com nosso ecossistema. 

Engajar o ecossistema da companhia nessa missão é um desafio. O que a empresa tem feito nesse sentido?

Para incentivar e ajudar os fornecedores a cumprirem essa ambição, formamos uma aliança inédita, o Compromisso pela Ação Climática. Nos últimos anos, reestruturamos a matriz energética de nossas cervejarias para trazer mais  energia limpa e redução de emissões.

Seguimos avançando em busca de soluções ao longo dos anos e já contamos com todos os nossos centros de distribuição e cervejarias abastecidos com energia 100% renovável.

Investimos também em tecnologia sustentável e limpa em nossas operações, como parte de um plano macro, com frentes voltadas para a ação climática, gestão de água, agricultura inteligente e embalagem circular. A entrega de cinco unidades, somente nestes primeiros seis meses, é um resultado muito significativo e reflete o avanço da nossa jornada net zero.

Pode detalhar como seu a neutralização das emissões nas fábricas?

Nas unidades de Arosuco Aromas, Cervejaria Minas Gerais e Refrigerantes Curitibana, por exemplo, todos os processos industriais foram aperfeiçoados, incluindo instalação de motores e equipamentos de mais alta eficiência e recuperação térmica para reuso de energia e otimização de modulação de programação para melhores cenários de eficiência de consumo.

Também anunciamos três novas e importantes parcerias com a Neoenergia, Engie e 2W para adicionar ainda mais capacidade ao sistema energético brasileiro e ter uma matriz proveniente de parques eólicos que irão abastecer 100% de nossas operações, o que corresponde a 32 unidades, entre cervejarias, refrigeranteiras, maltarias e fábricas de alumínio e rolhas. Queremos engajar todo o nosso ecossistema de parceiros para promover uma mudança profunda e com impacto positivo.

Outro projeto que ganhou ainda mais consistência nesses primeiros seis meses de 2022, foi a nossa parceria com a Lemon Energia. Já fornecemos energia limpa para mais de três mil pontos de venda, reduzindo em até 15% a conta de luz e, junto com Lemon Energia, redefinimos as nossas metas e criamos o projeto global “The Energy Collective”, que irá expandir a iniciativa para bares, restaurantes e casas de shows de todo o país.

Hoje, qual é o maior desafio da companhia para alcançar a meta net zero?

É uma caminhada, é difícil definir um único desafio. Mas os nossos resultados e entregas mostram que com o engajamento dos nossos times e ecossistema vamos superando cada um deles.

O nosso principal objetivo é trazer conosco o nosso ecossistema e promover ações de impacto socioambiental positivo, pois sem eles não será viável atingirmos nossas metas para 2040. Então, é necessário estarmos sempre antenados e alertas ao que há de mais novo para seguirmos sendo propulsores de uma nova história. É isso que queremos!

Ambev: cervejaria acaba de neutralizar as emissões de carbono em mais três unidades. São elas: Arosuco Aromas, em Manaus (AM), Cervejaria Minas Gerais, em Contagem (MG), e Refrigerantes Curitibana, em Tamandaré (PR) (Ambev/JBS)

As embalagens são as principais “vilãs” das emissões da companhia, respondendo por 34,2% das emissões de gases de efeito estufa. Que iniciativas já foram feitas nessa área para reduzir as emissões?

Quando mencionamos que a nossa responsabilidade ambiental integra completamente a nossa cadeia, estamos nos referindo também ao destino que nossas embalagens têm após o consumo do produto em si. 

Até 2025,100% dos nossos produtos deverãoestar em embalagens retornáveis ou que sejam majoritariamente feitas de conteúdo reciclado.Pensando nisso, nos últimos anos, fechamos algumas parcerias importantes, que nos ajudaram a alavancar nossos resultados em circularidade de embalagens, como aValGroup e Deink, Green Mining e a growPack.   

No início de 2020, percebemos que a meta de embalagens circulares não endereçava completamente o problema do plástico.No Brasil, fomos além e assumimos publicamente o compromisso de zerar a poluição plástica de nossas embalagens até 2025. Para isso, além de trabalharmos nas frentes de embalagem retornável, iniciamos fortemente um trabalho de inovação, em parceria com o nosso ecossistema.

Assim, podemos eliminar ou substituir os plásticos das nossas embalagens. Um exemplo disso é a embalagem de Guaraná Antarctica, que foi a pioneira no Brasil com uso de uma garrafa PET 100% reciclada, em 2012. Em 2020, 80% da produção de guaraná já era feita em embalagens 100% recicladas.  

Também avançamos na redução da gramatura das embalagens, sempre respeitando a segurança e qualidade final do produto. Com isso, já temos um ótimo resultado neste indicador macro da redução da poluição plástica, que há dois anos era de 23% e, em 2021, chegou a 31,2%.

Buscando valorizar a cadeia e dar um novo destino aos rejeitos que iriam para o aterro, importamos de Israel uma tecnologia capaz de converter resíduos não-recicláveis e não-triados (remanescente de orgânicos, plásticos não-recicláveis, papel e papelão), em pellets que podem ser reinseridos no processo de fabricação de diferentes produtos e embalagens sustentáveis, como garrafeiras, mesas e cadeiras. 

Pelo processo de reutilização e valorização dos resíduos, a tecnologia patenteada da UBQ Materials, empresa líder em matérias-primas, foi certificada pela Quantis como carbono-negativo, ou seja, vai além da neutralidade de carbono ao eliminar mais CO2 do que emite. Com a adoção da tecnologia, foi possível reaproveitar mais de meia tonelada de rejeitos que não seriam reciclados, evitando a destinação em aterros. 

 Até 2025, a Ambev pretende ampliar a iniciativa para materiais de trade e embalagens secundárias, como garrafeiras e pallets, embalagens utilizadas para a proteção e transporte de cervejas, refrigerantes e outros produtos produzidos pela companhia.

Ainda relacionado à pergunta anterior, o investimento da Ambev na GrowPack, uma startup argentina que desenvolve embalagens biodegradáveis e feitas de resíduos da agricultura, está relacionado a isso?

Nessa trajetória, ainda temos um bom caminho a ser percorrido, por isso, não é possível seguir sozinho. A Ambev também tem apostado em mais projetos com o apoio de parceiros, gerando crescimento compartilhado e o impulsionamento do empreendedorismo. A Aceleradora 100+ existe para impulsionar startups de impacto que, com projetos inovadores, ofereçam soluções aos principais desafios de sustentabilidade de hoje e dos próximos anos.

O objetivo do programa é estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento de startups e pequenos negócios, conectando ideias disruptivas aos pilares de sustentabilidade da companhia. Além de incentivar startups, o programa nos ajuda a atingir as nossas metas socioambientais para 2025.

Entre as iniciativas mais recentes, está a parceria com astartup GrowPack, com o objetivo de conectar ainda mais inovação para uma mudança estrutural no futuro das embalagens.  

Como se deu essa parceria, na prática?

A startup, participante da segunda edição do nosso programa de inovação aberta, a Aceleradora 100+, detém uma tecnologia regenerativa que possibilita o desenvolvimento de embalagens fabricadas com compostos orgânicos da própria natureza. Com uma economia bio-baseada, ou seja, ciclo de vida completamente sustentável, a embalagem da growPack é produzida com rejeitos agrícolas: basicamente palha de milho, de forma 100% mecânica (sem químicos e efluentes). O descarte acontece de maneira completamente compostável ou reciclado junto na cadeia do papel. 

A produção das embalagens com o biomaterial consome 80% menos água do que uma embalagem plástica, reduz em 50% as emissões de gás carbônico (CO2) e economiza 25% de energia elétrica. Ou seja, uma solução incrível para uma empresa como a nossa. E é esse tipo de parceria que buscamos aqui!

Também temos trabalhado constantemente, com as nossas marcas, com o objetivo de ampliar a cultura do vasilhame retornável. Para isso estamos buscando e testando novas soluções que levam em consideração o transporte, o armazenamento e, ao mesmo tempo, ofereçam mais conveniência aos pontos de venda e aos consumidores.

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