Diante de protestos na Califórnia, por engarrafar água, em tempos ali de seca, a Nestlé SA gastará milhões para converter água residual do leite em um líquido que a empresa pode utilizar para limpar suas fábricas – e polir sua imagem corporativa.
A maior companhia engarrafadora de água dos EUA instalará novos sistemas de filtração em uma fábrica em Modesto, 144 quilômetros a leste de São Francisco, a fim de poder reutilizar os resíduos da fabricação do leite condensado Carnation em vez de jogá-los pelo esgoto.
O líquido tratado será usado em lugar da água doce para limpar e esfriar, de acordo com José Lopez, diretor de operações da Nestlé.
“Não vamos divulgar isto para melhorar a nossa imagem ecológica”, disse Lopez em entrevista no seu escritório em Vevey, Suíça.
“Economicamente, não faz sentido fazer isto, é claro. A seca deste ano está nos ensinando que temos que pensar em formas de nos adaptar. Aquilo que hoje não parece totalmente aconselhável em uma perspectiva econômica se tornará necessário”.
A medida fortalece a Nestlé contra as críticas no momento em que a Califórnia suporta o quarto ano consecutivo de seca.
Em março, um grupo de até 24 manifestantes com foices de plástico bloqueou a entrada das instalações de engarrafamento de água da Nestlé em Sacramento durante meio dia e a empresa deixou de mandar caminhões para dentro e para fora do local.
Mais de 82.000 pessoas assinaram uma petição exigindo à Nestlé que deixe de engarrafar água de uma nascente do sul da Califórnia.
A reforma de US$ 7 milhões na fábrica do leite Carnation reduzirá a utilização de água em 71 por cento quando a primeira fase for concluída no ano que vem, disse Lopez.
Protestos
A fábrica economizará cerca de 238,48 milhões de litros por ano, equivalente a 9 por cento da água utilizada pela Nestlé no estado para produzir as marcas de água engarrafada Arrowhead e Pure Life.
A melhoria faz parte do plano da empresa suíça para reduzir a água que utiliza no mundo inteiro em 40 por cento nos dez anos até 2015.
As operações de água engarrafada da Nestlé têm sido almejadas especialmente pelos manifestantes.
“É a pior seca que nós vimos em muito tempo, e é irresponsável da parte do estado permitir que a Nestlé engarrafe água que deveria ser um recurso público”, disse Adaw Scow, diretor da Food Water Watch, uma ONG, na Califórnia.
“Pediremos uma suspensão do engarrafamento de água com fins de lucro privado”.
A Starbucks Corp. disse em 7 de maio que deixaria de utilizar água da Califórnia para sua marca Ethos e transferiria a produção para a Pensilvânia, mas a Nestlé rejeita a possibilidade de que deveria deixar de engarrafar água na Califórnia por causa da seca.
A companhia suíça utiliza 4 milhões de metros cúbicos de água por ano no estado, menos de 0,008 por cento da utilização total na Califórnia.
Agricultura
Lopez disse que a agricultura tem maior possibilidade de economizar água do que a Nestlé.
Um quilo de carne exige milhares de litros de água, e uma melhoria nas práticas de irrigação significa maior potencial de economia, segundo o executivo.
A Nestlé também começará um projeto para reduzir a utilização de água nas fábricas de sorvete em Bakersfield e Tulare em 12 por cento empregando bactérias para digerir a água residual a fim de torná-la adequada para seu uso na refrigeração.
A empresa também planeja criar projetos de tratamento de águas residuais na África do Sul e no Paquistão.
Enquanto isso, a Nestlé está instando os governos a melhorar os aquedutos e reduzir os incentivos a desperdiçar água.
É provável que os grandes usuários de água bombeiem mais se esperarem a implementação de reduções obrigatórias, o qual é um contrassenso, disse Lopez.
“Na Califórnia, não há infraestrutura”, disse Lopez. “Você não vai olhar para mim e me responsabilizar por que não exista infraestrutura para lidar com a situação hoje, não é? É fácil demonizar algo assim”.
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1. Secou
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1/15 (Tomas Castelazo/Wikimedia)
São Paulo - De acordo com representantes da Organização Mundial de Meteorologia, o ano que vem ainda deve ser de seca em São Paulo. As reservas de água do estado estão nos menores níveis já registrados.
Entre as armas para combater a falta d'água, está a tecnologia. Diversos produtos já foram criados tanto para produzir quanto para purificar água. A seguir, reunimos alguns deles.
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2. LifeStraw
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2/15 (Reprodução/Lifestraw.com)
Uma fina membrana capaz de remover quase 100% de bactérias e protozoários presentes na água é o segredo do LifeStraw, dispositivo vendido pela empresa suíça Vestergaard. Disponível nas versões canudinho, garrafinha e balde, o LifeStraw está à venda por preços que variam entre cerca de 50 e 190 reais. Nos três modelos, a água é filtrada por essa membrana que retém as impurezas e torna-se potável.
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3. Lifesaver
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3/15 (Lifesaver/Facebook)
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Lifesaver leva a tecnologia do Lifestraw um passo adiante. Além de filtrar bactérias e protozoários, esse dispositivo também retém vírus. Para isso, ele conta com uma rede com furos de 15 nanômetros (ou 0,000015 centímetro). O Lifesaver está disponível em versões de garrafinha e de galões de 5 e 18,5 litros. Para se ter uma ideia da eficiência do produto, os criadores afirmam que é possível filtrar urina por até quatro vezes seguidas no dispositivo. Isso justifica os preços, que variam entre 470 e 800 reais.
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4. Waterair
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4/15 (Gerard Julien/AFP)
O Waterair é outro dispositivo de capaz de captar a umidade presente no ar e transformá-la em água potável. Para funcionar, a máquina brasileira precisa de uma fonte de energia e níveis de umidade do ar superiores a 10%. Quando ligada, ela absorve a umidade, condensa-a e filtra a água resultante - que então passa por um processo para se tornar potável. Versões capazes de produzir 30, mil e 5 mil litros de água por dia custam, respectivamente, 6 mil, 120 mil e 350 mil reais.
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5. Jarra radiológica
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5/15 (Reprodução/Seychelle.com)
A empresa Seychelle comercializa na internet uma jarra que capaz de remover da água metais pesados (como chumbo e mercúrio) e 99% de contaminantes radiológicos - como urânio e césio. O produto foi desenvolvido para locais em que houve acidentes com radiação e está à venda por cerca de 250 reais.
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6. Mitto
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6/15 (Reprodução/Mitto.com)
O Mitto é um sistema de captação e filtragem de água de chuvas, rios e outras fontes criado por estudantes canadenses. Por meio de uma tela externa de plástico, ele capta a água, que é encaminhada para um filtro interno. O Mitto tem capacidade de armazenar até meio litro de água.
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7. PlayPump
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7/15 (Reprodução/playpumps.co.za)
Em algumas partes do mundo, conseguir água virou brincadeira de criança. Tudo por conta do PlayPump.
Esse dispositivo é baseado num gira-gira, aquele brinquedo no qual um grupo de crianças ficam sentadas rodando. No PlayPump, o movimento gerado por quem usa o brinquedo é usado para puxar água do subsolo.
Do lado de fora, um tanque de polietileno armazena e filtra a água. Segundo os criadores, um PlayPump é capaz de captar cerca de 1.400 litros de água por hora.
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8. Banana
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8/15 (David.Monniaux/Wikimedia)
Pesquisadores brasileiros descobriram que a casca de banana consegue filtrar pesticidas que possam estar presentes na água.
Para isso, eles secaram cascas da fruta num forno de 60°C por um dia. Depois, trituraram e peneiraram o material. Com o pó em mãos, misturaram-no à água e agitaram por 40 minutos.
Ao fim do processo, 90% dos pesticidas contidos na água foram absorvidos pela casca de banana.
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9. Plasma
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9/15 (Solar Dynamics Observatory/NASA)
O cientitsta Alfredo Zolezzi criou um aparelho que purifica água transformando-a em plasma. O plasma é o estado da matéria no qual os átomos perdem sua cobertura de elétrons e ficam todos desordenados - como acontece no Sol, por exemplo.
A invenção consiste num tubo de 30 centímetros alimentado com eletricidade. Nele, a água é acelerada e recebe uma descarga elétrica. Isso a transforma em plasma, destruindo vírus e bactérias. O produto final é uma água mais pura do que a que chega às nossas casas hoje.
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10. H2PrO
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10/15 (Kamil Porembiński/Creative Commons/Flickr)
O H2prO é um dispositivo criado pela australiana Cynthia Sin Nga Lam, de 17 anos. A máquina é capaz de gerar energia e purificar água ao mesmo tempo.
Para isso, o H2prO conta com redes de titânio nas quais circula água. Quando exposto ao sol, o titânio reage com a água e separa suas moléculas de hidrogênio e oxigênio.
Depois que o hidrogênio é usado para produzir energia, o H2prO o recombina com o oxigênio - produzindo água limpa.
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11. Turbinas AW
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11/15 (Wikimedia Commons)
O holandês Piet Oosterling é o criador das turbinas AW. Além de produzir energia, essas turbinas são capazes de extrair água do ar.
A invenção funciona assim: quando o ar passa pela turbina, ele é resfriado, de maneira que a água contida nele se condense e possa ser armazenada.
Em condições ideais, os criadores estimam que uma turbina AW consiga produzir 7.500 litros de água por dia.
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12. WarkaWater Tower
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12/15 (Divulgação)
As WarkaWater Towers são estruturas feitas de junco e bambu. Por meio de uma tela interna de plástico, essas estruturas conseguem filtrar a umidade da atmosfera e condensá-la, fornecendo quase 100 litros de água por dia.
Elas foram criadas pelo arquiteto italiano Arturo Vittori e tem design inspirado numa árvore da Etiópia.
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13. Bolhas
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13/15 (Brocken Inaglory/Wikimedia)
O engenheiro José Gilberto Dalfré Filho criou um método de desinfecção de água baseado em bolhas.
Nessa técnica, um jato de alta pressão é disparado num reservatório de água. Isso forma bolhas, que crescem até estourar. Quando estouram, elas liberam uma tensão tão alta que rompe as células de organismos que possam estar na água.
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14. Celular
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14/15 (Wikimedia Commons)
Nos bairros pobres de Angola, a torneira mais próxima pode ser achada com uma mensagem de celular. O serviço é fruto de uma parceria entre a agência de socorro Development Workshop e a associação de operadoras Mobile Enabled Community Services.
Quando quer água, o angolano envia uma mensagem de texto para o serviço, que indica a torneira em funcionamento mais próxima.
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15. Agora, que tal saber mais sobre o pulmão do mundo?
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15/15 (Getty Images)