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Nestlé se prepara para sair do ramo de cuidados com a pele

Saída gera questionamentos sobre atuação da empresa em todo o ramo de cosméticos e do futuro de sua participação na L’Oreal.

Nestlé (Denis Balibouse/Reuters)

Nestlé (Denis Balibouse/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 22 de setembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 22 de setembro de 2018 às 07h00.

A provável retirada da Nestlé do ramo de cuidados com a pele gera questionamentos a respeito do envolvimento geral da empresa com o ramo de cosméticos e do futuro de um ativo valioso que muitos investidores desejam que seja vendido: uma participação de US$ 30 bilhões na L’Oreal.

A Nestlé informou nesta quinta-feira que estudaria novos donos para sua divisão dermatológica, uma unidade com receita anual de US$ 2,8 bilhões que o CEO Mark Schneider disse que pode já não se encaixar na estratégia geral da empresa de se concentrar em produtos como café, água e ração animal.

Isso levou analistas como Andreas von Arx, da Baader Helvea, a especular que o muito aguardado desinvestimento da L’Oreal pode entrar em discussão. Schneider está acelerando o ritmo das mudanças após anunciar também uma venda de títulos e o desinvestimento de um negócio de seguros em uma série de acordos nesta semana. A quebra dos laços com a gigante francesa do ramo de cosméticos é uma das principais questões remanescentes a respeito das quais o investidor ativista Dan Loeb vem fazendo lobby na Nestlé.

“Vemos isso como símbolo da disposição para matar vacas sagradas”, escreveu Martin Deboo, do Jefferies. Schneider está promovendo uma “ruptura altamente simbólica” em relação aos seus antecessores.

Sob pressão de Loeb para se concentrar em seus principais pilares, a Nestlé comprou e vendeu empresas a um ritmo acelerado nos últimos 12 meses. Vender as marcas dermatológicas significa desmantelar um negócio que o ex-CEO Paul Bulcke apontava como uma nova e promissora via de crescimento.

Os analistas estão divididos em relação a quanto a Nestlé pode levantar com a unidade de cuidados com a pele. Deboo estima 4 bilhões de francos (US$ 4,1 bilhões), afirmando que entre as poucas opções plausíveis estão a venda para a L’Oreal ou uma compra alavancada. Alain Oberhuber, analista da MainFirst, estimou que o valor pode chegar a 8 bilhões de francos, já que a empresa pode gerar apelo para a Johnson & Johnson ou para a japonesa Shiseido.

Schneider tem chamado a participação da Nestlé na L’Oreal de “investimento fabuloso” e resiste aos pedidos para anunciar um desinvestimento. A ação subiu 12 por cento nos últimos 12 meses, superando o desempenho das ações da Nestlé.

Tratamento para acne

A Nestlé Skin Health fabrica produtos que vão desde tratamentos para acne até preenchedores injetáveis para a pele que competem com o Botox. A unidade representa um ponto fraco para a empresa devido à concorrência com os genéricos e está cortando centenas de empregos e fechando fábricas.

“Uma das principais prioridades do CEO no início do mandato era interromper a hemorragia”, escreveu Jean-Philippe Bertschy, analista do Bank Vontobel, em nota. A unidade havia passado por uma “destruição de valor recorde nos últimos quatro anos” e agora a Nestlé está “funcionando como um metrônomo”.

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