Xícara de café expresso e cápsulas da Nespresso: vendas mundiais subiram 30% (Nespresso/Divulgação)
Tatiana Vaz
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
São Paulo - A gigante suíça Nestlé está desenvolvendo um novo ramo de negócios: o de cultivo de café. A empresa investirá globalmente cerca de 487 milhões de dólares para aumentar a quantidade e qualidade do produto utilizado pela empresa na fabricação do produto Nescafé. As informações são do jornal argentino La Nación.
A empresa, que se tornou uma das maiores produtoras de café do mundo, graças à venda de seu café instantâneo e suas linhas de cafeteiras Nespresso, planeja oferecer novas plantações e treinar milhares de cafeicultores durante os próximos dez anos. Nesse período, a empresa distribuirá 220 milhões de plantas a cafeicultores de todo mundo.
A intenção não é ser proprietária dos cafezais, nem fazer com que os cafeicultores fechem contratos de longo prazo. A expectativa do presidente executivo da companhia, Paul Bulcke, é de que a relação da empresa com os cafeicultores se estreite de tal maneira que eles privilegiem a companhia na hora de vender seus produtos.
"Não queremos apenas ser o maior produtor de café do mundo, mas também participar de todo processo de criação do Nescafé, desde sua origem", diz Bulcke, que apresentará o projeto oficialmente na Cidade do México. "Estamos fazendo isso para obter uma melhor qualidade e assegurar nossa matéria-prima".
A iniciativa acontece em um momento em que empresas como Nestlé, Unilever e Kraft Foods competem para garantir ingredientes como café, cacau, trigo e leite - essenciais para o desenvolvimento de seus produtos. Esse esforço é ainda mais urgente nos dias de hoje, quando a volatilidade dos preços de matéria-prima tem afetado negativamente as margens das empresas.
Para se ter ideia, os preços pagos pelos grãos de café chegaram a seu nível mais alto nos últimos 13 anos, devido às mudanças climáticas.
Mesma estratégia
A estratégia de investimento que a Nestlé está desenvolvendo no ramo do café é semelhante ao adotado pela companhia em cacau no ano passado. Na época, a empresa se comprometeu a investir na Costa do Marfim, na África Ocidental, cerca de 106 milhões de dólares em plantações de cacau com uma variedade maior criada por seus pesquisadores.
Também no ano passado, a companhia investiu em projetos de café em países do México, Tailândia e Finlândia. A diferença em relação à iniciativa que será feita agora está na quantidade de árvores que serão plantadas: dez vezes mais que em 2009.
Atualmente, os mercados emergentes são os que mais consomem café instantâneo em todo mundo. Consumidores da China, Tailândia e México estão voltando a beber café, graças à modalidade de café instantâneo.
As vendas de Nespresso subiram 30% no ano passado. Com isso, a companhia aumentará a capacidade de produção de sua fábrica no México que, além de abastecer o consumo mexicano, exportará o café instantâneo também para o Canadá e Estados Unidos.
Leia também: Nestlé acusa concorrentes de copiarem Nespresso.
Acompanhe as notícias de Negócios no Twitter.