David Vélez, do Nubank: há startups conhecidas dos consumidores finais e que recentemente captaram aportes polpudos, como a fintech dos cartões roxos (Germano Lüders/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 26 de março de 2020 às 15h18.
Última atualização em 4 de abril de 2020 às 15h42.
"Queremos ser mais que uma instituição financeira para ajudar nossos clientes", diz fundador e presidente do Nubank, David Vélez. Ele fala à Exame sobre as fintechs e a crise do coronavírus em entrevista ao vivo da série exame.talks.
O executivo diz que, há cerca de uma semana e meia, começou a receber comentários dos clientes, que estavam entrando em contato com a fintech com problemas por causa da pandemia do coronavírus.
Parte dessas questões eram problemas financeiros, como dificuldade para pagar contas com lotéricas fechadas ou pela redução na renda. Mas outros problemas eram mais amplos, como dificuldade de marcar exames médicos ou para comprar itens básicos.
"Nessa crise, a gente queria ajudar e reagir de uma maneira diferente", diz. O banco digital Nubank criou um fundo de 20 milhões de reais para apoiar seus clientes durante a crise do coronavírus. Os recursos vêm da verba de marketing da fintech e de outros ganhos de eficiência e custearão atendimento médico e psicológico remoto via vídeo, pedidos de supermercados e farmácias, entre outros serviços.
Para isso, fechou parcerias com empresas como o Hospital Sírio-Libanês, o aplicativo de atendimento psicológico Zenklub, as empresas de delivery iFood e Rappi, e o aplicativo de produtos de pet shop Zee.Dog.
Após a divulgação dessa iniciativa, Vélez diz que outras empresas entraram em contato para participar. "Queremos que esse seja um fundo vivo e que cresça", afirmou o empreendedor.
Assim como diversas empresas, toda a equipe do Nubank está trabalhando de maneira remota. De acordo com o fundador, a empresa já tinha experiência de trabalho remoto - com escritórios na Alemanha, no México e na Argentina - mas nunca tinha atuado 100% dessa forma.
Segundo ele, o trabalho remoto tem funcionado melhor que o esperado. A equipe técnica também se focou em fortalecer a infraestrutura e tecnologia para que isso fosse possível.
“Nosso foco nas últimas semanas tem sido na nossa capacidade de trabalhar remotamente e manter a produtividade. Requer investimento em comunicação e muito mais apoio aos nossos funcionários, até psicológico”, diz Vélez.
A equipe de atendimento recebe dezenas de ligações por dia de pessoas com dificuldades, o que se agravou ainda mais durante a crise. "Isso é um golpe psicológico forte", afirma. Segundo ele, as empresas devem oferecer mais apoio e suporte aos funcionários. "Momentos de crise separam ou unem as equipes. Essa crise é oportunidade para criar resiliência mental e na equipe", afirma.
Para o setor de fintechs, e de startups no geral, a crise do coronavírus levou a um momento de espera. Muitos intestidores em capital de risco estão com o pé no freio, para aguardar o desfecho da pandemia e entender suas consequências. Durante a crise, muitos estão se voltando para investimentos mais conservadores.
Mas Vélez acredita que haverá muito espaço para fintechs. Segundo ele, os fundos de capital de risco em todo o mundo levantaram dezenas de bilhões de dólares nos últimos meses. Além disso, no mundo todo as taxas de juros básicas estão caindo, então investidores precisam buscar aplicações mais arriscadas para manter a rentabilidade. "Espero que, daqui a seis meses, a atividade de venture capital estará igual ou mais acelerada do que era até então", afirma.
A entrevista foi dada aos repórteres Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro.
Assista à entrevista completa:
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