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Nem café, nem psicodélico: conheça o primeiro suplemento alimentar à base de cogumelos no Brasil

Considerado um ‘elixir da saúde’, o Mushroom Coffee promete todos os benefícios do alimento — menos os efeitos psicodélicos

Mushin: empresa, pioneira no ramo, produz suplemento feito a partir de cogumelos funcionais.

Mushin: empresa, pioneira no ramo, produz suplemento feito a partir de cogumelos funcionais.

Mariana Martucci
Mariana Martucci

Editora da Homepage

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 08h00.

Última atualização em 30 de janeiro de 2024 às 15h07.

Quando Marina Batah se formou no ensino médio, em São Paulo, escolheu a Califórnia como seu novo lar. Estudante de psicologia na época, passou a ter cada vez mais contato com o gigante mercado de wellness (bem-estar) da região, um dos maiores dos Estados Unidos — grande antes mesmo da pandemia e ainda maior atualmente. Por lá, é possível encontrar inúmeros suplementos feitos a partir de ‘superfoods’, ou seja, alimentos com alta concentração de vitaminas e minerais, mais especificamente cogumelos funcionais.

Saturado na Califórnia, o mercado não era — e ainda não é — muito bem explorado por aqui. Assim como o Canabidiol, suplementos a base de cogumelos, mesmo que não psicodélicos, dependem de aprovação da Anvisa, o que pode levar meses.

Em 2022, mesmo ano que o New York Times elegeu os cogumelos como alimento do ano, Marina voltou ao Brasil e viu oportunidade para entrar neste nicho — explorado como alimento, mas não como suplemento. Ela sabia que, para começar, seria necessário fala sobre o tema tanto no âmbito do consumo como da regulamentação. Foram meses de discussões digitais com simpatizantes do assunto e estudos para regularizar um produto a base de cogumelos.

Pode parecer estranho já que, quando vamos ao supermercado, é possível encontrar diversos tipos de cogumelos comestíveis — os mesmos que são usados nos suplementos. O que faz o processo ser burocrático não é o cogumelo em si, mas como ele é processado. No Brasil, nada impede que você plante um cogumelo e consuma ele. A questão é comercializar um produto alegando suas funcionalidades. Muito dessa burocracia vem, principalmente, da falta de estudos sobre o assunto. E o processo de Marina não é o único: existem novos processos legais na Anvisa para outros tipos de cogumelo.

E foi só em março de 2023 que saiu a primeira liberação por parte da agência. Tratava-se de um extrato de cogumelo que vinha da Filadélfia, EUA, feito a partir do tipo ‘Paris’ de forma totalmente orgânica. Sustentável, a matéria prima passa por um tratamento de raios UV que aumenta a concentração de vitaminas no cogumelo. Logo que Marina soube, correu para ser a primeira pessoa a importar o extrato, que possui um alto valor agregado após passar por um processamento onde o cogumelo se torna suplemento

Mesmo que não existisse um produto similar por aqui, a hashtag Mushroom Coffee (café de cogumelos) já acumulava mais de 20 milhões de visualizações no TikTok pelo mundo. Vendo o sucesso que misturas ‘ready-to-drink’ estavam fazendo no Brasil, com marcas como SuperCoffee e Holistix, ela decidiu criar um café funcional em pó que aposta nos benefícios do extrato de cogumelo, como vitaminas D e B12.

Enquanto nosso cafezinho coado pode causar vício, ansiedade e insônia, o café com cogumelos leva uma pequena quantia de café normal, ou seja, tem menos cafeína. Ele promete, também, melhora na imunidade, aumento de energia e redução dos níveis de estresse.

Mas, em um mercado repleto de suplementos nutricionais, como fica o espaço para os cogumelos? De acordo com um relatório da Mordor Intelligence, o mercado global de cogumelos funcionais deve alcançar US$ 32 bilhões em 2024, podendo chegar a US$ 48 bilhões até 2029. Por isso, a marca já está de olho em novos produtores de extratos de cogumelos.

“Após eu apresentar todo o estudo que venho fazendo no Brasil, uma empresa da Finlândia se interessou no nosso mercado e já deram entrada para trazer um novo tipo de matéria prima, já que são os maiores produtores de cogumelo medicinal da Europa”, explica Marina.

Não só com produtores mas o trabalho também é com o consumidor. Para alcançar clientes e conscientizar as pessoas sobre os benefícios do produto, a marca aposta em vídeos didáticos nas redes sociais, mas a grande aposta está sendo no varejo físico. A primeira parceria foi com uma sorveteria em São Paulo, a Diblu Gelato, onde é possível encontrar um sorvete feito com o Mushroom Coffee. Agora, a aposta é em marcados nichados da capital paulista, como a Frutaria São Paulo e a Casa Santa Luzia.

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