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Negócios vinculados a governo aceleram ritmo de fusões no Brasil

Entre as maiores transações já em andamento estão a tentativa da Boeing de assumir o controle da Embraer e a venda de ativos da Petrobras.

 (Roosevelt Cassio/Reuters)

(Roosevelt Cassio/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 22 de janeiro de 2018 às 13h54.

A recuperação no volume de fusões e aquisições no Brasil deverá acelerar em 2018, e negócios envolvendo empresas relacionadas ao governo darão impulso ao terceiro ano consecutivo de crescimento.

A eleição presidencial em outubro pode ameaçar as perspectivas de fusões e aquisições no final do ano, mas pelo menos US$ 16 bilhões em transações já estão em andamento para ativos sobre os quais o governo tem influência em qualquer tentativa de compra.

"O primeiro semestre do ano será extremamente ativo, porque os investidores estão acelerando as negociações antes da eleição", afirmou Alexandre Bertoldi, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, em entrevista. "Durante o ano, o volume de fusões e aquisições crescerá independentemente do calendário político", disse Bertoldi, cujo escritório foi o segundo maior assessor jurídico de fusões e aquisições do Brasil por número de transações no ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Entre as maiores transações já em andamento estão a tentativa da Boeing de assumir o controle da fabricante brasileira de aeronaves Embraer e a venda de ativos da Petrobras, que inclui um gasoduto avaliado em cerca de US$ 6 bilhões. Os negócios envolvendo outros países também continuarão a mostrar força, disse Luiz Muniz, sócio global e chefe do Rothschild para a América Latina. Os acordos desse tipo representaram 78 por cento do volume total de US$ 53,8 bilhões no ano passado, mostram os dados.

As empresas chinesas continuarão sendo as principais compradoras no setor de energia, e companhias internacionais buscarão campos petrolíferos de qualidade, particularmente aqueles da região do pré-sal, de acordo com Marcus Silberman, codiretor de fusões e aquisições na América Latina do Bank of America, principal assessor financeiro na região em 2017. Os setores de saúde, educação e infraestrutura provavelmente estarão entre os mais ativos, disse Silberman.

A Boeing, com sede em Chicago, busca obter o controle da Embraer e ofereceu ao governo brasileiro salvaguardas em relação à unidade de defesa da empresa, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. O governo tem uma "golden share" na Embraer que lhe dá poder de veto em uma mudança de controle. A empresa brasileira tem um valor de mercado de cerca de US$ 4,6 bilhões.

Valor relativo

"O volume de transações provavelmente aumentará, porque a enorme liquidez global eleva as avaliações corporativas, e as empresas latino-americanas continuam sendo relativamente mais baratas", disse Guilherme Paes, chefe de investment banking do Banco BTG Pactual, o principal assessor de fusões e aquisições no Brasil em 2017. "As situações distressed e a pressão para vender acabaram", disse Paes, referindo-se às vendas de ativos realizadas por empresas em dificuldades durante a recessão e os escândalos de corrupção no Brasil.

Bruno Amaral, sócio responsável pela unidade de fusões e aquisições do BTG, disse que o retorno do país ao crescimento econômico significa que "as fusões e as aquisições no Brasil estão voltando ao normal", com mais transações impulsionadas pela economia em expansão.

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