Embraer: no início deste mês, representantes da Boeing e da Embraer disseram que as companhias ainda negociavam uma possível aliança, mas que pontos importantes ainda precisavam ser definidos. (Matthew Lloyd/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 14h14.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2018 às 14h53.
Brasília - A Boeing compreendeu a posição do governo brasileiro de não permitir a venda do controle da Embraer para a gigante norte-americana e as negociações entre as duas companhias visando a criação de uma terceira empresa entre ambas caminham bem, disse nesta quinta-feira o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
O governo brasileiro detém na Embraer, uma ex-estatal, uma golden share, ação que lhe dá poder de veto em decisões estratégicas da fabricante de aeronaves, que também é uma importante fornecedora das Forças Armadas brasileiras.
"As negociações estão indo bem. Houve um entendimento de que nós não venderíamos a Embraer e isso foi aceito pela Boeing. Então as negociações têm caminhado e há avanços no caminho da constituição de uma terceira empresa", disse Jungmann a jornalistas após almoço com o presidente Michel Temer e comandantes militares.
No início deste mês, representantes da Boeing e da Embraer disseram que as companhias ainda negociavam uma possível aliança, mas que pontos importantes ainda precisavam ser definidos.
Também no início do mês, a Reuters informou que a Boeing estava agora buscando aprovação em Brasília para um plano para criar uma nova empresa englobando as operações de jatos executivos e comerciais da Embraer, incluindo os E-Jets de 70 a 130 lugares.
Já na última quarta-feira, o presidente da Boeing disse ver um "excelente encaixe estratégico" em uma possível aquisição da Embraer, mas que o negócio não era essencial para a empresa norte-americana.
As ações da Embraer exibiam alta de 0,7 por cento às 14:41, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 1 por cento.
Jungmann também disse na entrevista que algumas empresas visitaram a base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, e manifestaram interesse, entre elas a própria Boeing, a SpaceX, do bilionário fundador da montadora de veículos elétricos Tesla, Elon Musk, e a também norte-americana Lockheed Martin .
Jungmann estimou ser possível fazer a instalação de cinco plataformas de lançamento em Alcântara e que países como China, França, Estados Unidos, Rússia e Israel também manifestaram interesse.
"A nossa visão é que até cinco países podem participar. Aí tem interesse da China, França, Rússia, Israel, EUA e do próprio Brasil. Esteve aqui uma missão coordenada pela Donna Hrinak, que foi embaixadora dos Estados Unidos no Brasil e hoje é vice-presidente para América Latina da Boeing, com um conjunto de investidores particulares que foram até Alcântara e ficaram muito bem impressionados", disse o ministro a jornalistas.
"Dentre eles, além da Lockheed e da Boeing estava sim a SpaceX. Acho que é um manifestação de interesse, mas não posso dizer se vai se efetivar."
Ao comentar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, Jungmann defendeu uma velocidade maior na liberação de recursos para o Estado, mas também disse que, se mais dinheiro for necessário para a segurança fluminense, o presidente Michel Temer tem compromisso com isso.
O ministro disse ainda que o general Walter Braga Netto, nomeado por Temer interventor federal na segurança do Rio, deverá apresentar nas próximas semanas um diagnóstico sobre a situação no Estado.