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Negociação para acordo de leniência do J&F avançou, diz fonte

Apesar da última proposta ser próximo ao que pretende o MPF -- de 10,994 bilhões de reais --, a oferta foi rechaçada pelos procuradores

Joesley Batista: segundo fonte, ficou demonstrado que a J&F está disposta a fechar o acordo de leniência (Daniela Toviansky/EXAME.com/Site Exame)

Joesley Batista: segundo fonte, ficou demonstrado que a J&F está disposta a fechar o acordo de leniência (Daniela Toviansky/EXAME.com/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 29 de maio de 2017 às 18h52.

Última atualização em 31 de maio de 2017 às 17h09.

Brasília - O Ministério Público Federal em Brasília avalia que têm avançando as negociações em torno do fechamento do acordo de leniência entre a instituição e o grupo J&F, controlador da JBS, e que ele poderá ser celebrado nos próximos dias, disse à Reuters uma fonte que acompanha o caso.

A avaliação é que o grupo, em menos de duas semanas, saiu de uma proposta inicial que previa o pagamento de uma multa baixa, de 700 milhões de reais, e fez outras quatro ofertas no período, alcançando o valor de 8 bilhões de reais.

Apesar da última proposta ser próximo ao que pretende o MPF -- de 10,994 bilhões de reais --, a oferta foi rechaçada pelos procuradores.

Mas, segundo uma fonte familiarizada com as negociações, ficou demonstrado que a J&F está disposta a fechar o acordo de leniência, uma espécie de delação premiada da empresa, e que teria capacidade para melhorar os termos da proposta.

Atualmente, no âmbito da Procuradoria da República no Distrito Federal, há oito procedimentos de investigação em curso para investigar a conduta da holding e de seus acionistas. Essas apurações referem-se a casos da esfera penal e cível.

Ainda não houve nenhuma denúncia criminal oferecida contra a empresa, embora as investigações da operação Bullshit, uma das quatro que a J&F é alvo, estão bastante avançadas.

O fechamento do acordo de leniência, explicou a fonte, deverá funcionar como uma blindagem para que a empresa também responda na Justiça por irregularidades -- assim como ocorreu com os irmãos Joesley e Wesley Batista que tiveram há duas semanas acordo de delação premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O fechamento do acordo de leniência dará, de acordo com a fonte, condições para que a empresa volte a atuar no mercado sem qualquer tipo de embaraço.

Detalhes sobre o pagamento de multas não judiciais e/ou administrativas --de órgãos como o Tribunal de Contas da União ou Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)-- estão sendo discutidos entre as partes.

Ninguém, entretanto, fala se o acordo será efetivamente selado e quando isso vai ocorrer.

A J&F também costura um acordo de leniência com autoridades dos Estados Unidos, importante mercado consumidor dos produtos da JBS.

Delação

A divulgação do conteúdo da delação premiada dos irmãos, segundo a fonte, tem pesado no endurecimento das negociações da leniência.

O grupo, segundo o diretor da J&F Ricardo Saud, fez pagamentos de propina a 1.829 candidatos, de 28 partidos das mais variadas colorações e também a 16 governadores eleitos.

Essas informações indicam, conforme a fonte, o poder de fogo do grupo, que teria, sim, capacidade de arcar com o pagamento de multas mais elevadas.

A primeira tratativa para o grupo fechar a delação foi com o MPF de Brasília ainda em fevereiro. Contudo, como os irmãos Batista iriam citar autoridades com foro privilegiado, a negociação e o fechamento do acordo ficou por conta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e sua equipe.

Os procuradores que conduziam investigações contra o grupo na primeira instância não acompanharam, conforme a fonte, o desenrolar dessas negociações para a delação.

Ainda assim, a tentativa era para fechar os dois acordos -- de delação e de leniência -- ao mesmo tempo, mas não houve consenso quanto ao último.

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