Azul: mesmo com a demanda muito abaixo dos patamares já registrados, o fortalecimento do real e petróleo a US$ 40 por barril ajudarão a empresa a melhorar os resultados (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2016 às 15h48.
David Neeleman, fundador da Azul Linhas Aéreas Brasileiras SA, está vendo sinais de uma reviravolta em seus dois principais mercados, após meses de turbulência, em meio à recessão no Brasil e depois de mudanças na administração da portuguesa TAP, na qual a Azul é acionista.
Neeleman disse que o medidor de rentabilidade conhecido como receita por assento-quilômetro disponível (RASK) saltou para um patamar recorde em julho.
Esse é um sinal de melhora após um período de 11 meses de contração no setor aéreo brasileiro e um corte de capacidade que levou a Azul a se desfazer de 34 aeronaves.
Com mais de três décadas de experiência no comando de empresas aéreas, Neeleman já passou por altos e baixos do setor. Ele ajudou a fundar a Morris Air, a canadense WestJet Airlines e a JetBlue Airways antes de se voltar para o mercado brasileiro em 2008. A Azul decolou junto com a economia brasileira nos anos de crescimento acelerado, mas depois teve que atravessar um doloroso declínio econômico.
Mesmo com a demanda ainda muito abaixo dos patamares registrados antes da recessão, o recente fortalecimento do real e o petróleo a US$ 40 por barril ajudarão a Azul a melhorar seus resultados no curto prazo, de acordo com o executivo de 56 anos.
Com o desemprego começando a se estabilizar e o sentimento em relação às perspectivas econômicas melhorando, a Azul parou de reduzir o número de aeronaves e irá aumentar marginalmente a capacidade à medida que receber aviões mais novos e maiores, que serão entregues durante os próximos 18 meses, disse o CEO.
O mesmo otimismo se aplica à TAP. Segundo ele, a empresa pode voltar a ter lucro neste ano à medida que se ajustar às mudanças na administração realizadas desde que ele comprou uma participação em 2015.
“Nós estamos de volta”, disse Neeleman em entrevista concedida na sede da Bloomberg, em Nova York. “As aeronaves estão cheias, as tarifas médias subiram”.
TAP
Ter uma participação na empresa aérea portuguesa foi uma boa estratégia para Neeleman quando a economia do Brasil começou a desandar.
No mesmo momento em que ele estava eliminando aviões da frota da Azul, a TAP precisou renovar parte de seus aviões, que tinham em média 27 anos.
“Há boas perspectivas para a TAP”, disse ele. “Quando o Brasil despencou, a situação se complicou para a TAP porque uma grande porcentagem de sua receita vinha do Brasil. Então nós nos perguntamos, por que não aumentar o serviço para os EUA?”.
A TAP então começou a voar para Newark, Miami, New York e Boston, e deve ter uma expansão “significativa” nos EUA além dessas cidades, disse o CEO.
“Com base nas projeções de que o combustível ficará abaixo de US$ 50 por barril nos próximos dois anos, isso nos dará uma oportunidade para fazer o que temos de fazer para tornar a empresa mais eficiente”, disse Neeleman.