Linha de produção de produtos da linha Ekos da Natura: companhia está com receita estagnada no seu mercado básico no Brasil (Silvia Zamboni/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 15h45.
São Paulo/Rio de Janeiro - A Natura Cosméticos SA está contando com o crescimento das vendas nas suas unidades latino-americanas para impulsionar o crescimento, pois a receita estagnada no seu mercado básico no Brasil a converte na companhia de cosméticos com o pior desempenho do mundo.
As vendas em países como a Argentina e o México gerarão mais lucros à medida que os investimentos recentes derem frutos, que o reconhecimento da marca cresça e que os custos diminuam, disse o presidente Alessandro Carlucci. Entretanto, os consumidores brasileiros, sobrecarregados de dívidas depois que a economia se contraiu 0,5 por cento no terceiro trimestre, estão reduzindo os gastos.
“As operações são rentáveis e estamos observando taxas significativas de crescimento tanto na receita quanto nos lucros” na América Latina, fora do Brasil, disse Carlucci em entrevista no Rio de Janeiro em 9 de dezembro. “Estamos muito entusiamados e há bons sinais de reconhecimento da preferência pela marca”.
Os produtos para o cabelo e os desodorantes estão impulsionando a demanda da companhia sediada em Itapecerica da Serra, Brasil, que se promove como ecológica e totalmente natural, e ajudarão as indústrias de beleza tanto no seu mercado local quanto da América Latina a crescerem 9 por cento cada, em termos nominais, no ano que vem. Assim, seria o mesmo que em 2013, ou até 4 por cento em termos reais, disse Carlucci.
Rivalidade com a Avon
A Natura registrou um crescimento das vendas no Brasil de 5,5 por cento no terceiro trimestre frente a 40 por cento no restante da América Latina porque enfrenta a concorrência de companhias como a Avon Products Inc. As vendas da Natura cresceram a taxas trimestrais entre 15 e 27 por cento em 2009 e 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Natura vende seus produtos diretamente através de representantes nas casas das pessoas.
O gasto em consumo no Brasil, que está sendo estimulado pelo governo mediante reduções dos impostos sobre eletrodomésticos e carros para apoiar a economia, caiu de 1 por cento, em média, nos primeiros três trimestres de 2012 para 0,4 por cento nos primeiros três trimestres de 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A estratégia da Natura para superar seus concorrentes é fazer com que os clientes comprem mais frequentemente, disse Carlucci. A companhia conta com produtos inovadores – como sua linha de produtos Ekos, que contém matérias-primas da biodiversidade brasileira obtidas de forma sustentável – a preços variáveis, uma entrega mais rápida e as múltiplas opções de pagamento para os clientes, como o uso de cartões de crédito, incorporado há cerca de três semanas.
América Latina
As vendas na América Latina, fora do Brasil, representaram 15 por cento dos R$ 1,8 bilhão (US$ 780 milhões) de receita no terceiro trimestre. Mesmo países como a Argentina, cuja taxa oficial de inflação elevou-se para 11 por cento em outubro, são uma bênção para a Natura.
“A região está indo muito bem”, disse Carlucci. Ele citou economias como a do Peru, da qual se estima que cresça 5,1 por cento em 2013, e a da Colômbia, com estimativas de crescimento de 4 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Estima-se que a economia do Brasil cresça 2,5 por cento.
Um aumento no número de representantes de vendas internacionais e a produtividade dos consultores brasileiros são os dois principais motores de crescimento da companhia, escreveu uma equipe de analistas da Votorantim Corretora liderados por Luiz Cesta em um relatório de 6 de novembro.
Em vez disso, o crescimento poderia ser obtido com aquisições, meta da companhia para 2014, disse Carlucci. Em fevereiro, a Natura adquiriu uma participação de 65 por cento na companhia australiana Aesop por 68 milhões de dólares australianos (US$ 62 milhões).
“As fusões e aquisições não param aí – faremos mais aquisições se encaixarem nos nossos planos”, disse Carlucci. “Mais do que a geografia, procuramos marcas que sejam competentes e tenham uma identidade em sintonia com a da Natura”.