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Na Via Varejo, uma “sexta-feira 13” após indícios de fraude

Potenciais fraudes nos balanços da empresa podem ter gerado distorções que chegam a 1,4 bilhão de reais

Via Varejo (Germano Lüders/Exame)

Via Varejo (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 06h35.

Última atualização em 13 de dezembro de 2019 às 07h08.

São Paulo — Segundo a superstição ocidental, uma sexta-feira 13 é considerado um dia de má sorte. Para a Via Varejo, o azar já começou. A empresa anunciou na noite de quinta-feira 12 que encontrou “indícios de fraude contábil” em seus balanços, e o caso deve ser o assunto do dia a partir da abertura dos mercados, às 10h.

Em fato relevante, a Via Varejo, dona de Casas Bahia e Ponto Frio, anunciou que uma investigação interna constatou que erros na contabilidade podem ter levado a distorções entre 1,2 bilhão e 1,4 bilhão de reais.

Essa investigação já era de conhecimento do mercado desde novembro, quando foi revelada pelo site Suno Notícias e confirmada pela empresa.

Na ocasião, contudo, a Via Varejo afirmou que uma primeira fase de suas investigações não havia constatado irregularidades, o que fez o anúncio desta quinta-feira pegar o mercado de surpresa. A descoberta da potencial fraude faz parte da segunda fase da investigação, que deveria ser a última. Mas, com os novos fatos, uma terceira fase de análises vai acontecer, segundo anunciou a companhia.

As potenciais irregularidades vieram, segundo a empresa, de manipulação da provisão trabalhista, na contabilização incorreta de ativos e passivos e em “falhas de controles internos” que podem ter feito esses erros contábeis passarem despercebidos. Segundo divulgado pelo Suno Notícias no mês passado, as denúncias, recebidas internamente, teriam a ver sobretudo com gastos operacionais (batizados de Opex na linguagem financeira) sendo apresentados na forma de investimentos (batizados de Capex).

O comunicado de ontem foi divulgado minutos antes do fechamento do mercado. Ainda assim, as ações da empresa, que vinham em alta no dia, passaram a cair rapidamente e fecharam em queda de 3,10%, a dez reais. Em novembro, quando a confirmação das investigações internas foi divulgada, a ação chegou a cair 9% e a comercialização do papel precisou ser paralisada por alguns minutos.

Até então, as ações da Via Varejo vinham em alta, mesmo com o terceiro trimestre tendo sido o quinto seguido de prejuízo — entre julho e setembro, o faturamento caiu 10,7% em relação ao ano passado, e o prejuízo triplicou, para 244 milhões de reais. Há uma expectativa de que a companhia volte aos eixos na gestão de Michael Klein, da família fundadora da Via Varejo e que recomprou a empresa em junho, sendo agora presidente do conselho de administração.

Tentando mostrar que os tempos agora são outros, a gestão Klein investiu pesado na Black Friday, que aconteceu no último dia 29 de fevereiro e foi descrita pelo novo presidente, Roberto Fulcherberguer, como o momento da “virada” da empresa. A data gerou vendas de 1,1 bilhão de reais, um recorde na companhia.

Tudo isso fez as ações valorizarem 19% desde a Black Friday até a quarta-feira 11 e 107% desde a volta de Klein. Como fica o otimismo nesta sexta-feira?

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