Paulo Monçores e Eduardo Petrelli, da Mercado Diferente: nós estamos dizendo que o consumidor conseguirá fazer uma compra com um áudio de voz e vai pagar com um PIX no final (Mercado Diferente/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de julho de 2024 às 09h30.
Última atualização em 29 de julho de 2024 às 12h21.
Do início com as frutas e verduras “feias”, a foodtech Mercado Diferente tem traçado uma rota para adicionar cada vez mais produtos às cestas de alimentos que chegam à casa dos assinantes da plataforma. A novidade agora não é um alimento, e sim uma assistente virtual.
A startup entrou no mercado vendendo frutas e verduras orgânicas fora do padrão considerado perfeito para as gôndolas dos supermercados. É o caso de itens danificados, de superfície amassada ou com algum "machucadinho" — mas igualmente apetitosas. Hoje, conta com mais de 300 itens, número que deve crescer em mais de 50% nos próximos meses.
Com o portfólio em expansão e maiores possibilidades de combinação entre os produtos, a Mercado Diferente lança nesta semana o Tedi, um assistente virtual que funciona pelo WhatsApp. O bot vai ajudar na preparação de pratos, identificação de alimentos, análise de qualidade, seleção dos produtos, dicas de receitas e até no cálculo de quantas calorias determinado prato tem.
A partir de áudios, mensagens de texto, vídeos ou fotos, o assistente estabelece conversas com os usuários e dá aquela força para quem precisa de uma mãozinha na hora de cozinhar - ou manter o foco.
A IA foi treinada ao longo dos últimos seis meses e recebeu investimentos da ordem de R$ 1,5 milhão. O assistente pode ser usado por qualquer pessoa, mesmo quem não é usuário da Mercado Diferente. A startup diz que tem ‘dezenas de milhares de assinantes’ de suas cestas de alimentos, mas não revela o número total.
Além de ajudar e prover informações, o assistente de voz tem o potencial de virar um grande canal de aquisição de novos clientes.
“O Tedi estará na casa do consumidor, ajudando no dia a dia. No momento em que o usuário for fazer uma compra, pode mandar a mensagem e realizar a assinatura na Diferente”, afirma Eduardo Petrelli, CEO e um dos fundadores da startup.
Empreendedor desde os 15 anos, ele já esteve por trás de um outro aplicativo de varejo alimentar, o James Delivery, adquirido pelo Grupo Pão de Açúcar em 2018.
Num segundo momento, o assistente vai permitir que os usuários fechem a compra ali mesmo no WhatsApp. A startup trabalha com a Meta, holding dona do app de mensageria, para fazer as integrações necessárias.
“Assim como o Nubank diz que pode ser um banco sem agência física, nós estamos dizendo que o consumidor conseguirá fazer uma compra com um áudio de voz e vai pagar com um PIX no final, liberado pelo WhatsApp. Esse é o tamanho da oportunidade que enxergamos”, afirma Paulo Monçores, sócio-fundador e CTO da startup.
Além de Petrelli e Monçores, a Mercado Diferente tem como fundadores ainda Saulo Marti, ex-Olist, e Walter Rodrigues, head de marketing e operações e ex-Rappi.
A proposta da startup é eliminar o desperdício de frutas, verduras e vegetais – 30% dos vegetais produzidos não chegam aos mercados, aponta a FAO, órgão da ONU para alimentação e agricultura. Muitos desses alimentos são jogados fora por uma questão estética.
Na busca por diminuir as ineficiências, a startup vende esses itens considerados fora do padrão, em caixas que podem ficar até 40% mais baratas. “Nós somos mais acessíveis também porque pulamos os intermediários e compramos diretamente do produtor. E, em terceiro lugar, como funcionamos por um modelo de assinatura baseado em dados, não temos desperdício no centro de distribuição”, Petrelli.
No mercado desde janeiro de 2022, a foodtech fechou 2023 com receita operacional líquida de R$ 21 milhões, alta de 327,45% sobre o resultado no ano anterior. Com o crescimento, a startup ficou em 8º lugar na categoria Novatas no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024.
Frutas, verduras, legumes e temperos dominam as compras com 80% de participação. No último ano, a combinação entre a expansão geográfica e os novos itens no portfólio impulsionou os números da startup, que está em 50 cidades, num raio de 500 quilômetros de São Paulo.
Neste ano, o foco da startup está em ampliar a capilaridade nos municípios onde atua, agregando novos produtos à plataforma. Para isso, acaba de receber um aporte de R$ 9 milhões, em rodada liderada pelo Collaborative Fund e com a participação da Caravela Capital. Ao longo do tempo, a startup já captou mais de 45 milhões em investimentos.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual. O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses. Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023.
A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 e 600 milhões de reais. Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho.
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