Marcelo Bentivoglio (CFO), Pedro Mac Dowell (CEO) e Marcelo Buosi (COO), co-fundadores da QI Tech: empresa recebeu maior aporte de 2023 até agora (QI Tech/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 31 de outubro de 2023 às 07h00.
Fintech criada em 2018 por Pedro Mac Dowell, Marcelo Bentivoglio e Marcelo Buosi, a Qi Tech acaba de receber o maior aporte do ano até agora para uma startup brasileira. A startup paulistana captou 1 bilhão de reais (200 milhões de dólares) em uma rodada série B liderada pela General Atlantic com participação do já acionista Across Capital, que está dobrando seu investimento inicial na empresa.
A QI Tech oferece um serviço para que empresas de diversos segmentos montem seus bancos digitais e ofereçam produtos financeiros a seus clientes. Na prática, funciona assim: se uma empresa do setor de varejo, por exemplo, quiser abrir uma financeira, oferecendo opções de pagamento, boletos e emissões de crédito, pode fazer isso usando a infraestrutura da QI Tech.
“Uma telefônica talvez não queira correr todos os riscos que envolvem abrir uma financeira”, diz Marcelo Bentivoglio, cofundador e CFO da QI Tech. “Mas quando ela consegue contratar a parte de infraestrutura e apenas entrar com a marca, ela gera um ativo importante para o cliente. Porque o crédito que ela vai oferecer fideliza o cliente, traz lealdade”.
Na lista de clientes da QI Tech estão a Vivo e a Syngenta. Além desse serviço de banking, a QI Tech também tem licença DTVM, utilizada para estruturar, administrar e proteger fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC). Saiba mais: QiTech se torna a primeira fintech a operar como DTVM no Brasil
A QI Tech já vinha sendo consultada por investidores para receber aportes desde o início do ano. Os sócios, porém, entendiam que as ofertas feitas à época não valiam a pena. “Como a companhia gera caixa, no começo do ano, a gente recebeu bastante investidor aqui, mas os valores propostos eram abaixo do que estávamos esperando, porque o mercado desacelerou muito”, afirma. “No meio do ano, apareceram valores que melhoraram muito, porém as condições para que você pudesse estar captando não eram melhores”.
Agora, na reta final do ano, porém, as coisas começaram a ficar mais atraentes para a QI Tech. As condições de governança e de controle, que estavam barrando os cheques no meio do ano, melhoraram. “É um investidor de credibilidade enorme, que já investiu em diversos casos de techs que mexem com finanças”, diz Bentivoglio.
A partir do momento que decidiram aprofundar a conversa, foi jogo rápido até o aporte ser concluído: foram cerca de 40 dias.
O aporte vem com uma proposta que fez brilhar os olhos dos empreendedores: o de buscar um IPO (entrada em alguma Bolsa de Valores) em três anos. Também querem avançar na internacionalização da operação e miram aquisições.
“Estamos de olho em companhias que fazem produtos muito próximos do nosso”, diz. “Queremos adquirir tecnologias e serviços para adicionar no cardápio de produtos que temos. Olhamos muito para nosso braço de ‘conheça o seu cliente’, que oferece serviços como antifraude, e para o braço de DTVM como potenciais produtos com oportunidade de aquisição”.
As metas, então, são:
No último mês, a QI Tech processou 1 bilhão de reais envolvendo cerca de 300.000 operações. A média tem sido 240.000.
Este é o maior aporte do ano em uma startup brasileira, de acordo com levantamento enviado à EXAME pela consultoria Distrito. A informação da QI Tech foi adicionada pela EXAME. Veja a tabela:
Startup | Funding |
Valor (em dólares)
|
QI Tech | Series B | 200 milhões |
Origo Energia | Series D | 145 milhões |
Gympass | Series F | 85 milhões |
Creditas | Series F | 70 milhões |
Nomad | Series B | 61 milhões |
Digibee | Series B | 60 milhões |
Daki | Series C | 50 milhões |
Mottu | Series C | 50 milhões |
Daki | Series D | 50 milhões |
Tractian | Series B | 45 milhões |
Fonte: Distrito |
A QI Tech foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na segunda colocação na categoria de 150 a 300 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 135,72%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 78,4 milhões. Em 2022, subiu para R$ 184,9 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados: