Mariana Dias, CEO da Gupy: aquisição da Niduu aumenta aposta em educação corporativa (Gupy/Divulgação)
A pandemia colocou em xeque os moldes tradicionais de ensino, dentro e fora das escolas. No ambiente corporativo, algumas mudanças de paradigma e desafios estavam relacionadas ao engajamento de times e à capacidade de empresas promoverem cursos e treinamentos igualmente eficazes, mesmo em frente às telas.
A Gupy estava de olho nesse cenário e, mais do que isso, dedicada a embarcar no desafio da educação continuada dentro das empresas. Há pouco mais de um ano, a HRtech (termo que define as startups voltadas ao setor de recursos humanos) adquiriu a Niduu, startup maranhense de educação corporativa para colocar os pés de vez nesse nicho.
Até então, a Gupy tinha foco exclusivo em desenvolvimento de plataformas para recrutamento de candidatos, com destaque para um sistema de testes dotado de inteligência artificial capaz de auxiliar empresas a encurtarem seus processos seletivos e encontrarem os candidatos mais adequados para cada cargo.
Com a Niduu, a jornada foi ampliada. Para acompanhar o candidato mesmo após a admissão, agora a startup se propõe a estabelecer um relacionamento de longo prazo baseado no aprendizado contínuo, o chamado lifelong learning.
Na prática, isso significa que uma empresa já acostumada a usar a plataforma da Gupy em seus processos seletivos pode agora contar com o ambiente digital da Niduu, agora incorporado à controladora, para promover treinamentos e cursos perenes. “O racional agora está em unificar diferentes produtos em uma única jornada”, explica Mariana Dias, cofundadora e CEO da Gupy.
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Entre as motivações para a compra da Niduu, segundo Dias, estava a carência de qualificação profissional. “Percebemos a necessidade de apostar nessa vertical por uma lacuna que nosso próprio produto não estava conseguindo atender”, diz. “Vagas com mais 100 candidatos não eram preenchidas. E a única resposta para isso era: falta de qualificação. Logo sabíamos que precisávamos também ajudar essas empresas a encontrar essa mão de obra qualificada”.
Fundada em 2016 pelos empreendedores Rômulo Martins e Júnior Mateus, em São Luís (MA), a Niduu leva em conta o poder da gamificação para ampliar a capacidade de aprendizado. Para isso, desenvolveu uma plataforma de aprendizado para dispositivos móveis, permitindo acesso simples a conteúdos pelo celular.
Na Gupy, a Niduu também permite aos colaboradores a escolha das trilhas de preferência, considerando suas principais habilidades. Além dos treinamentos pontuais, as empresas podem também criar, publicar e compartilhar conteúdos educativos como artigos, vídeos e podcasts na plataforma.
Com a atuação baseada em gamificação, a ideia da Niduu é criar uma dinâmica de competitividade saudável entre os funcionários. “O engajamento sempre foi um desafio para empresas. Essa dinâmica sempre foi, e continua sendo nosso diferencial”, diz Rômulo Martins, CEO da Niduu.
A compra da Niduu foi a primeira aquisição de peso da Gupy desde que a empresa recebeu um aporte de 500 milhões de reais, em janeiro deste ano. Depois da maranhense, a Gupy foi às compras novamente — em fevereiro, a empresa comprou a concorrente Kenoby.
Agora, pouco tempo após completar um ano, a compra da Niduu já mostra seus primeiros resultados dentro de casa. O faturamento do braço de educação corporativa dobrou no período, considerando a receita da Niduu antes da aquisição — a empresa não divulga os números consolidados.
Além disso, o número de clientes dobrou, para mais de 600 empresas e o total de alunos impactados pelos cursos produzidos pela Niduu superou meio milhão.
Para o futuro, a intenção da Gupy é aproveitar a baixa queima de caixa e lançar mão do valor captado para pensar em novas aquisições e, sobretudo, no lançamentos de novos produtos de educação. "Temos uma grande esteira de lançamentos no primeiro semestre de 2023, e boa parte deles envolve a Niduu, já que as possibilidades de nvas funcionalidades, por lá, são muitas", diz a CEO.
Com todos os novos produtos na rua, o objetivo da empresa é oferecer um ecossistema completo de soluções inteligentes para o setor de recursos humanos. O grande desafio, nesse cenário, será priorizar lançamentos que mantenham o bom engajamento. “O RH está cada vez mais cético. Não quer usar ferramentas por usar, mas sim encontrar aquelas que possam ter resultados comprovados, que mostrem que o funcionário, na ponta, está realmente sendo impactado por um treinamento", diz.
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