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Na esteira de Apple e Spotify, Amazon aposta em audiobooks no país e traz a Audible. Vai dar certo?

Criada em 1995, a Audible entrou para o portfólio da gigante do varejo em 2008 e hoje é a líder no mercado de audiolivros nos Estados Unidos

Adriana Alcântara, da Audible: nós temos a tarefa de desenvolver não só a categoria, mas também a marca Audible (Audible/Divulgação)

Adriana Alcântara, da Audible: nós temos a tarefa de desenvolver não só a categoria, mas também a marca Audible (Audible/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de outubro de 2023 às 12h02.

Última atualização em 3 de outubro de 2023 às 15h12.

O podcast demorou para cair no gosto do público brasileiro. Entre idas e vindas, o país se tornou o segundo maior mercado global para esse formato de conteúdo. O modelo conquistou milhões de usuários, um público potencial para uma nova plataforma que a Amazon está trazendo ao Brasil, a Audible.

A empresa de audiolivros domina o mercado dos Estados Unidos e detém 63,4% de participação no setor, de acordo com dados da indústria. Criada em 1995, a Audible entrou para o portfólio da gigante do varejo em 2008, em uma transação de 300 milhões de dólares. 

No ano passado, segundo estimativas, movimentou mais de US$ 1,14 bilhão de dólares só com as vendas nos Estados Unidos. O país é o maior mercado de audiolivros do mundo com receita de US$ 1,8 bilhão em vendas, de acordo com números da associação de editores em áudio. O crescimento dos audiolivros por lá acontece há 11 anos consecutivos na casa dos dois dígitos. 

Quais as empresas que competem no mercado de audiolivros

Globalmente, os audiolivros ainda não são tão atraentes em termos de negócios quando comparados a outros produtos de entretenimento como os streamings, e-books e os próprios podcasts. 

Em 2020, o setor movimentou US$ 5,3 bilhões, de acordo com a consultoria Grand View Research. Nos próximos anos, porém, a expectativa é de que avance rapidamente, com taxas anuais de 26,3%, e bata US$ 35 bilhões em 2030. 

Até por esse potencial, os audiolivros estão na prateleira das grandes companhias. Além da Amazon, com a Audible, o Spotify entrou com uma oferta de produtos nos Estados Unidos e o Google e a Apple anunciaram recursos de inteligência artificial para a narração de títulos. 

Como é a entrada da Audible do Brasil

A subsidiária da Amazon trabalha com um modelo de narração humana e, para a entrada no mercado brasileiro, investiu ao longo do último ano na produção de 1.500 títulos em português, além da negociação com editoras e autores para adquirir outras obras em áudio. 

No catálogo de lançamento, estão livros como: 

  • 1984, narrado por Otávio Muller 
  • Anne de Green Gables, narrado por Nathália Dill 
  • Um Teto Todo Seu, narrado por Clarice Falcão 
  • Dom Casmurro, narrado por Marcos Palmeira 
  • Orgulho e Preconceito, narrado por Denise Fraga
  • O Ateneu, narrado por Eduardo Moscovis
  • O Seminarista, narrado por Daniel Munduruku

No total, a plataforma entra com uma oferta de 600.000 audiolivros. Desses, 100.000, incluindo 4.000 em português, entram no modelo de assinatura mensal de R$ 19,90 e podem ser consumidos como em plataformas de streaming - o usuário tem acesso enquanto paga pelo serviço.  

Os demais serão vendidos à parte e de propriedade do comprador. Quem tiver a assinatura da Audible, poderá fazer a aquisição com descontos de até 30%. 

Qual é o tamanho do mercado de audiolivros no Brasil

Para este primeiro momento, a empresa deve investir nas tradicionais degustações para atrair o público. Os usuários da Amazon Prime terão três meses de gratuidade de serviço e os demais um mês. 

“O nosso foco é, de fato, a partir dessas estratégias, entender um pouco o apetite e as preferências deste público consumidor”, afirma Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible para o Brasil. “A campanha maior mesmo virá em um segundo momento quando tivermos mais entendimento da base e do perfil do assinante”.

O mercado de audiolivros no país é minúsculo. No ano passado, representou 1% dos R$ 131 milhões faturados com livros digitais, segundo pesquisa do sindicato nacional dos editores de livros e da Câmara Brasileira do Livro. 

Os números mostram o tamanho do desafio do negócio no país. “Nós temos a tarefa de desenvolver não só a categoria, mas também a marca Audible”, afirma Alcântara.

Sem muitas referências, a Audible encomendou uma pesquisa para a Kantar para entender o cenário. Os números animaram:

  • 90% disseram ouvir conteúdo em áudio 
  • 81% acreditam que os audiolivros podem ajudar a reduzir o tempo de tela    
  • 50% ouvem histórias para relaxar, 27% ao longo de tarefas domésticas e 27% na hora de cozinhar
  • 95% acreditam que podem consumir mais livros com a escuta de audiolivros

“Os dados são super empoderadores, não poderiam ser melhores”, afirma a executiva. Um apelo importante que a Audible deve usar é o de oferecer um produto que não vai demandar mais tempo das pessoas, e sim trazer conteúdo enquanto os usuários já fazem uma atividade, seja dirigir, cozinhar ou  exercícios. Resta saber se os brasileiros irão aderir como fizeram com os podcasts.  

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