Adriana Alcântara, da Audible: nós temos a tarefa de desenvolver não só a categoria, mas também a marca Audible (Audible/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de outubro de 2023 às 12h02.
Última atualização em 3 de outubro de 2023 às 15h12.
O podcast demorou para cair no gosto do público brasileiro. Entre idas e vindas, o país se tornou o segundo maior mercado global para esse formato de conteúdo. O modelo conquistou milhões de usuários, um público potencial para uma nova plataforma que a Amazon está trazendo ao Brasil, a Audible.
A empresa de audiolivros domina o mercado dos Estados Unidos e detém 63,4% de participação no setor, de acordo com dados da indústria. Criada em 1995, a Audible entrou para o portfólio da gigante do varejo em 2008, em uma transação de 300 milhões de dólares.
No ano passado, segundo estimativas, movimentou mais de US$ 1,14 bilhão de dólares só com as vendas nos Estados Unidos. O país é o maior mercado de audiolivros do mundo com receita de US$ 1,8 bilhão em vendas, de acordo com números da associação de editores em áudio. O crescimento dos audiolivros por lá acontece há 11 anos consecutivos na casa dos dois dígitos.
Globalmente, os audiolivros ainda não são tão atraentes em termos de negócios quando comparados a outros produtos de entretenimento como os streamings, e-books e os próprios podcasts.
Em 2020, o setor movimentou US$ 5,3 bilhões, de acordo com a consultoria Grand View Research. Nos próximos anos, porém, a expectativa é de que avance rapidamente, com taxas anuais de 26,3%, e bata US$ 35 bilhões em 2030.
Até por esse potencial, os audiolivros estão na prateleira das grandes companhias. Além da Amazon, com a Audible, o Spotify entrou com uma oferta de produtos nos Estados Unidos e o Google e a Apple anunciaram recursos de inteligência artificial para a narração de títulos.
A subsidiária da Amazon trabalha com um modelo de narração humana e, para a entrada no mercado brasileiro, investiu ao longo do último ano na produção de 1.500 títulos em português, além da negociação com editoras e autores para adquirir outras obras em áudio.
No catálogo de lançamento, estão livros como:
No total, a plataforma entra com uma oferta de 600.000 audiolivros. Desses, 100.000, incluindo 4.000 em português, entram no modelo de assinatura mensal de R$ 19,90 e podem ser consumidos como em plataformas de streaming - o usuário tem acesso enquanto paga pelo serviço.
Os demais serão vendidos à parte e de propriedade do comprador. Quem tiver a assinatura da Audible, poderá fazer a aquisição com descontos de até 30%.
Para este primeiro momento, a empresa deve investir nas tradicionais degustações para atrair o público. Os usuários da Amazon Prime terão três meses de gratuidade de serviço e os demais um mês.
“O nosso foco é, de fato, a partir dessas estratégias, entender um pouco o apetite e as preferências deste público consumidor”, afirma Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible para o Brasil. “A campanha maior mesmo virá em um segundo momento quando tivermos mais entendimento da base e do perfil do assinante”.
O mercado de audiolivros no país é minúsculo. No ano passado, representou 1% dos R$ 131 milhões faturados com livros digitais, segundo pesquisa do sindicato nacional dos editores de livros e da Câmara Brasileira do Livro.
Os números mostram o tamanho do desafio do negócio no país. “Nós temos a tarefa de desenvolver não só a categoria, mas também a marca Audible”, afirma Alcântara.
Sem muitas referências, a Audible encomendou uma pesquisa para a Kantar para entender o cenário. Os números animaram:
“Os dados são super empoderadores, não poderiam ser melhores”, afirma a executiva. Um apelo importante que a Audible deve usar é o de oferecer um produto que não vai demandar mais tempo das pessoas, e sim trazer conteúdo enquanto os usuários já fazem uma atividade, seja dirigir, cozinhar ou exercícios. Resta saber se os brasileiros irão aderir como fizeram com os podcasts.