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De funcionária fabril, ela construiu um império de US$ 7,1 bilhões com telas de celular para a Apple

A bilionária chinesa é a fundadora da Lens Technology, empresa que fornece telas de vidro para empresas como Apple e Samsung

Zhou Qunfei ocupa a posição 405 entre as pessoas mais ricas do mundo (Getty Images/Getty Images)

Zhou Qunfei ocupa a posição 405 entre as pessoas mais ricas do mundo (Getty Images/Getty Images)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 18 de maio de 2024 às 10h57.

Última atualização em 18 de maio de 2024 às 15h54.

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A chinesa Zhou Qunfei fez fortuna ao desenvolver uma tecnologia que chega aos quatro cantos do mundo e está a um toque de distância. Quem está lendo esta matéria a partir de smartphones da Apple e da Samsung, provavelmente está se beneficiando de soluções criadas pela empresária de origem humilde que hoje perfila no ranking de bilionários, com uma fortuna estimada em US$ 7,1 bilhões.

Qunfei é a fundadora, CEO  e maior acionista da Lens Technology, empresa que fundou aos 22 anos com recursos próprios e apoio da família. Entre os principais clientes das telas de proteção que desenvolve para smartphones, notebooks e câmeras, estão a Apple, Samsung e Huawei. 

Negociada na bolsa de Shenzhen desde 2015, a Lens Technology tem um valor de mercado de mais de US$ 10 bilhões. Em 2022, a receita ficou em US$ 6,9 bilhões.  

De início em um pequeno apartamento de três quartos, o negócio evoluiu para uma operação com escritórios em Hong Kong, Coreia do Sul e Estados Unidos, além da China. 

A empresa reúne mais de 130.000 pessoas e ostenta mais de 2 mil patentes. Boa parte veio após a abertura de capital em 2015, período a partir do qual a empresa declarou ter investido mais de US$ 1,3 bilhão em pesquisa e desenvolvimento.

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Como começou o negócio da Lens Technology  

De origem humilde, a tecnologia e os ensinamentos sobre empreendedorismo não eram ativos na mão de Qunfei. Pelo contrário.  Os problemas chegaram logo na infância, com a perda da mãe aos cinco anos e perda de parte da visão do pai em um acidente de trabalho. 

Cedo, ela começou a ajudar na criação de porcos e patos para o sustento da família. Aos 16 anos, abandonou os estudos para se mudar com a família do tio para Shenzhen, hoje um conhecido polo econômico chinês, em busca de melhores condições de vida.

Na bagagem, o sonho de se tornar designer de moda. A realidade foi o trabalho em uma fábrica de vidro, ganhando um dólar por dia para fazer telas de relógios. 

Três meses depois, ela pediu demissão em uma carta em que criticava as condições de trabalho. “Eu trabalhava  das 8h até meia-noite. E, às vezes, até às 2 horas”, disse certa vez ao New York Times. 

O líder da operação, impressionado com a mensagem, pediu que ficasse e ofereceu uma promoção, garantindo melhores condições. Depois de três anos e economia feita, ela saiu para criar a própria empresa em 1993.

O mundo novo com os smartphones

O negócio, embrião da Lens, reunia Qunfei e familiares. Juntos, prometiam produtos com qualidade superior. Ela fazia de tudo, do conserto ao desenho de novas máquinas, além de processos e técnicas para melhorar as impressões em vidro curvo. 

A proporção do negócio começa a ser outra na virada do século com a transformação dos meios de comunicação. Em 2001, a empresa fecha o primeiro contrato para desenvolver as telas de smartphones da TCL, uma das gigantes de tecnologia da China. 

Dois anos depois, uma ligação telefônica mudou de vez os rumos da Lens. Executivos da Motorola queriam saber se a empresa poderia desenvolver uma tela em vidro para um novo modelo que ia chegar ao mercado, o Razr V3, em substituição às telas de plástico, mais comuns naquele momento. 

O projeto dá certo e a Lens conquista cada vez mais fabricantes de smartphones e notebooks. Hoje, os produtos estão em produtos da Tesla e BYD, empresas na disputa pelo mercado de carros elétricos.

A conhecida trajetória de sucesso da bilionária e da Lens foi arranhada nos anos 2020, quando a empresa foi acusada de usar trabalho escravo em matéria do Washington Post. 

De acordo com o texto, com base em documentos do projeto Tech Transparency, a empresa teria recebido trabalhadores uigures da região predominantemente muçulmana de Xinjiang em suas fábricas. A denúncia foi refutada pela Apple e também pelo governo chinês.

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