Wang Chuanfu, CEO Global da BYD: empresa já é líder de vendas na China (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 12h43.
Líder de mercado isolada por quase quatro décadas, a montadora alemã Volkswagen está perdendo o seu reinado na China, o segundo país mais populoso do mundo. E está perdendo para uma local.
A BYD, que se destaca pela construção de carros elétricos e híbridos, assumiu a primeira posição nas marcas mais vendidas no mercado chinês em 2023. A empresa comercializou cerca de 2,5 milhões de veículos no ano no país, frente aos 2,2 milhões de carros vendidos pela alemã Volkswagen.
O resultado vem num ano em que a China vendeu 21,7 milhões de carros de passageiros, aumento de 5,6% em relação a 2022. O país também vive um momento aquecido de exportação de carros. Só em dezembro, foram exportados 385.000 unidades. No ano, o crescimento é de 49%.
Atualmente, as montadoras domésticas da China controlam metade do mercado, se comparada a um quarto em 2008. As vendas da Volkswagen caíram mais de 10% somente no ano passado, depois de cair de 4,2 milhões de veículos em 2019 para 3,2 milhões em 2020.
“O progresso tecnológico feito naquele país é realmente notável”, disse Oliver Blume, CEO da Volkswagen, durante a apresentação de resultados da empresa em março de 2023. “Isto constitui um grande desafio.”
A tendência está sendo acelerada pelo rápido crescimento de veículos movidos a bateria, com veículos elétricos (VEs) e híbridos plug-in a caminho de atingir cerca de 40% das entregas de veículos da China em 2023. Isso tem sido uma benção para a BYD.
Aliás, o lucro da BYD, que é endossada por Warren Buffett, mais do que quintuplicou em 2022, para US$ 2,4 bilhões. Além disso, ela tem passado a entregar mais carros que a norte-americana Tesla, do polêmico empresário Elon Musk. No terceiro trimestre de 2023, a Tesla vendeu 484.507 veículos. No mesmo período, a chinesa vendeu 526.409 veículos totalmente elétricos.
BYD investe US$ 14 bilhões em direção inteligente
O aumento nas vendas também é impulsionado por políticas governamentais chinesas que incentivam a compra de veículos locais e elétricos no país.
Esse esforço beneficiou:
Além disso, a ascensão das montadoras locais foi auxiliada pelos gigantes da tecnologia da China, que juntos investiram mais de 19 bilhões de dólares em tecnologias relacionadas a veículos desde 2021. A fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei Technologies e o site de buscas Baidu estão trabalhando em ferramentas de direção autônoma e nos chamados recursos de cabine inteligente com foco na segurança e no conforto do motorista e dos passageiros. Já a gigante dos smartphones Xiaomi está desenvolvendo seu próprio carro, esperando iniciar a produção em massa no ano que vem.
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A VW pretende reagir mais do que triplicando sua capacidade de produção de veículos elétricos na China para 1 milhão de carros por ano até meados da década. A empresa diz que planeja lançar mais meia dúzia de modelos totalmente elétricos no país até 2025, e espera ter mais de 30 até o final da década.
Sua divisão de software, a Cariad, está formando uma parceria com a empresa local de codificação, ThunderSoft, para reforçar dispositivos automotivos, como sistemas de entretenimento. E está desenvolvendo tecnologia de direção autônoma com uma empresa de Pequim chamada Horizon Robotics Technology R&D. A montadora disse em outubro que investiria € 2,4 bilhões (US$ 2,6 bilhões) em uma joint venture com a Horizon para produzir semicondutores que formarão a espinha dorsal desses sistemas.
Os dados sobre a venda de veículos na China são difíceis de serem localizados. A agência estatal, China Passenger Car Association, indica os modelos mais vendidos e também as marcas. Os valores atestam o levantamento Yiche consultados pela Exame.
Outro indicador de que a BYD ficou na frente na corrida pela venda de carros na China em 2023 está pela venda de seguros automotivos no país.
Segundo dados da China Automotive Technology and Research Center, a BYD registrou 2,4 milhões de novos seguros de carros domésticos no ano passado, conferindo-lhe uma participação de mercado em todo o país de 11%, um aumento de 3,2 pontos percentuais, superando a Volkswagen.
A VW foi a marca mais vendida na China por anos.
Entre as outras cinco principais marcas, a participação de mercado e os volumes de vendas da Toyota e da Honda também caíram. Já a empresa doméstica Chongqing Changan Automobile se beneficiou de um aumento nas vendas, embora sua participação tenha permanecido estável.