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Aços especiais sustentarão expansão da Gerdau no continente europeu

Por enquanto, siderúrgica se concentrará em aços longos no continente americano e em aços especiais na Europa. No Brasil, controle da Villares pode gerar problemas com o Cade

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 13h34.

A aquisição da espanhola Sidenor tem dois significados para o grupo Gerdau. O primeiro, mais óbvio, é a entrada da companhia no mercado europeu, já que até o momento sua internacionalização se baseou na compra de unidades no continente americano. A segunda é a aposta da Gerdau nos aços especiais, foco da Sidenor.

De acordo com o presidente da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, os aços especiais deverão ser a base de futuras expansões do grupo no continente europeu o que inclui os países do Leste e, talvez, até mesmo na Ásia.

"Entrar nesse mercado com aços longos é muito complexo. Se entrarmos na Ásia, provavelmente será com aços especiais", diz Gerdau. A Sidenor está entre as quatro maiores produtoras de aços especiais da Europa e detém cerca de 8% desse mercado. No ano passado, suas três usinas produziram 688 000 toneladas de aços especiais e 25 000 toneladas de forjados e fundidos. Sua receita líquida foi de 1 bilhão de euros e seu lucro somou 74 milhões.

Pelo acordo, a Gerdau deterá 40% do controle da Sidenor, em parceria com o banco Santander (40%) e com altos executivos da Sidenor (20%). O contrato contém uma cláusula de preferência, pela qual os demais sócios terão prioridade na compra da parcela de quem se dispuser a sair da empresa. Gerdau afirma, porém, que nenhum dos parceiros tem planos de deixar a sociedade no curto prazo. O valor total da aquisição é de 443,8 milhões de euros.

O dinheiro será pago à vista, assim que os órgãos reguladores da Europa aprovarem a aquisição, o que deve ocorrer nas próximas três semanas. Outros 19,5 milhões de euros poderão ser pagos pela Gerdau, caso alguns ativos da Sidenor que ainda estão sob análise sejam incluídos no contrato.


A Industrias Ferricas der Norte, antigo controlador da Sidenor e comandada por Sabino Arrieta, não mostrava condições de expandir o negócio. "Nesse mercado, ou você compra, ou você vende. Para crescer, a Sidenor teria que entrar na guerra da consolidação do setor e investir", diz Gerdau.

Novas tecnologias

Além de abrir as portas da Europa à Gerdau, outra vantagem da operação é o acesso a novas tecnologias de desenvolvimento de aços especiais. Cada vez mais demandados pela indústria automotiva, que busca materiais mais leves e resistentes para reduzir o consumo de combustível dos veículos, esses aços já são produzidos pela Gerdau na Aços Especiais Piratini, implantada no Rio Grande do Sul.

"Entendemos que era importante para a Gerdau acompanhar as novas exigências da indústria automotiva européia e os desenvolvimentos tecnológicos decorrentes", diz Gedau.

Cade

A operação também deverá passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), já que também tem repercussões no mercado brasileiro. A Sidenor possui 58,44% de participação na Aços Villares, uma das principais concorrentes da Gerdau no segmento de aços especiais. Ao adquirir o controle da Sidenor, a Gerdau passa também indiretamente a comandar a Villares, o que aumentará sua fatia no mercado de aços especiais no Brasil.

A Aços Piratini deve alcançar, em breve, um ritmo de produção de 500 000 toneladas por ano, o que lhe garantirá cerca de 40% do mercado de aços especiais do país. Com a participação indireta adquirida na Villares, o Grupo Gerdau ficaria com cerca de 50% desse segmento o suficiente para tornar o julgamento do Cade mais complexo.

O presidente da siderúrgica, porém, não espera problemas com o governo. "Entendo que esse processo deve seguir os canais normais, sem esperar sustos", diz Gerdau. Segundo ele, não há concentração de mercado, porque o segmento é possui outros concorrentes, como a Belgo-Mineira, e é aberto a importações. "De acordo com o volume de importações, nossa participação pode oscilar", afirma.

Para assumir sua fatia na Villares, a Gerdau deverá realizar uma oferta pública de ações. A operação ocorrerá nos próximos 45 dias e o preço de compra dos papéis ainda está em análise.

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