Sede da Multiplus: "as pessoas estão consumindo menos, mas cada vez mais usando cartão de crédito", disse presidente da Multiplus (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2015 às 22h04.
São Paulo - A desaceleração econômica e a desvalorização do real estão afetando o acúmulo de pontos de programas de fidelidade de clientes como o Multiplus, da companhia aérea TAM, mas a empresa tem sido beneficiada por enquanto por uma alta nos resgates na medida em que os consumidores buscam alternativas para economizar.
Segundo o presidente da Multiplus, Roberto Medeiros, o acúmulo de pontos só não caiu mais até o momento porque apesar da desaceleração do consumo em geral, ainda está havendo aumento de 10 por cento do uso de cartão de crédito, uma vez que o consumidor está substituindo cheque e dinheiro pelo plástico.
"As pessoas estão consumindo menos, mas cada vez mais usando cartão de crédito", disse Medeiros.
"Acontece que a quantidade de pontos do cartão é convertida em dólar, e o dólar subiu. Então, existem menos pontos no mercado de forma geral." Uma fatura de cartão de crédito de 2,5 mil reais que antes gerava 1 mil pontos de fidelidade em uma cotação de dólar a 2,50 reais agora gera cerca de 750 pontos a uma cotação de 3,20 reais, explicou Medeiros.
Segundo Ronald Domingues, diretor financeiro da Multiplus, o cartão de crédito responde por de 70 a 75 por cento dos pontos dos clientes. A empresa conta agora com companhias parceiras de seu programa de pontuação, que somaram 392 ao final do primeiro trimestre, para incentivar o acúmulo.
"Os varejistas passaram a fazer campanhas para oferecer maior número de pontos por real gasto com o objetivo de estimular o consumo", declarou Domingues. Entre os parceiros da Multiplus estão varejistas como Casas Bahia e Ponto Frio, da Via Varejo, do Grupo Pão de Açúcar, além dos postos Ipiranga, do Grupo Ultra.
No primeiro trimestre, o acúmulo de pontos teve baixa anual de 0,4 por cento e recuou 4,7 por cento sobre o quarto trimestre, para 22 bilhões de unidades. Já os pontos resgatados tiveram alta anual de 8,6 por cento e subiram 3 por cento em bases trimestrais, para 19 bilhões.
Segundo o diretor financeiro da Multiplus, os resgates acabam sendo uma alternativa no momento de crise para o consumidor viajar ou adquirir produtos sem comprometer a renda.
Do total de resgates, 87 por cento vão para passagens aéreas, enquanto outros 13 por cento são resgatados via produtos e serviços das empresas parceiras.
Do ponto de vista do negócio da companhia, a alta dos resgates é inicialmente positiva na medida em que as empresas do ramo lucram no momento em que realizam a diferença entre o que pagaram por produtos ou passagens e o que cobram em pontos. Contudo, a desaceleração do acúmulo pode, no longo prazo, ser desfavorável para o setor.
"O bolão de pontos está diminuindo para todo mundo, isso não é bom para a indústria como um todo", disse Medeiros, que evitou fazer prognósticos sobre uma eventual recuperação do consumo ou valorização do real.
Segundo ele, a empresa tem buscado incentivar o cliente, por meio de marketing e descontos, a planejar viagens com mais antecedência. Isso poderá ter efeito de redução de custos para a Multiplus, uma vez que recente mudança contratual com a TAM prevê que a companhia seja beneficiada caso consiga clientes para voos com maior antecedência.
"A partir de agora a gente tem um benefício se conseguirmos ajudar a planejar adequadamente os voos", disse. "Com isso, nós e a companhia aérea temos compromissos mais alinhados", completou.