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Mulheres voam alto no segmento de venture capital da China

Chen e outras como ela tornaram-se parte do status quo na China, enquanto nos EUA, os fundos de venture capital enfrentam acusações de machismo e discriminação


	Anna Fang: ela é CEO da ZhenFund e uma das investidoras de empresas iniciantes mais influentes da China
 (Justin Chin/Bloomberg)

Anna Fang: ela é CEO da ZhenFund e uma das investidoras de empresas iniciantes mais influentes da China (Justin Chin/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 17h46.

A maior captação para um fundo de venture capital por uma mulher não aconteceu no Vale do Silício, nem mesmo nos EUA. Foi em Pequim e o fundo é administrado por uma ex-bibliotecária tão discreta que chega a ser um mistério em sua terra natal.

Chen Xiaohong raramente comparece a conferências ou eventos do setor. Ela não dava uma entrevista há mais de uma década, mas concordou em quebrar o silêncio recentemente.

“Não gosto de fazer parte de nenhum clube”, disse Chen durante uma conversa de quatro horas na sede de sua empresa. “Eu acredito em permanecer independente, em tomar decisões por conta própria.”

Chen, 46 anos, faz parte de um grupo incomum de investidoras que ascenderam ao topo do negócio de participação em empresas iniciantes na China e ajudaram a embalar o sucesso do setor de tecnologia no país.

Elas apoiaram algumas das startups chinesas de maior sucesso e a influência delas aumenta à medida que captam mais dinheiro, recrutam outras mulheres e semeiam a próxima geração de companhias de tecnologia.

Chen e outras como ela tornaram-se parte do status quo na China, enquanto nos EUA, os fundos de venture capital enfrentam acusações de machismo e discriminação há anos.

Houve até um processo barulhento movido por uma sócia da Kleiner Perkins Caufield & Byers que não foi adiante. Apesar das críticas, essas companhias não registraram grande progresso em termos de promover mulheres.

Entre as principais firmas de venture capital dos EUA, mulheres representam aproximadamente 10 por cento dos sócios investidores e apenas metade dessas empresas tem uma ou mais mulheres nessa posição.

A China mostra maior equilíbrio. Lá, as mulheres representam aproximadamente 17 por cento dos sócios investidores e 80 por cento dessas firmas têm pelo menos uma mulher no alto escalão.

Um número cada vez maior delas, como Chen, comanda as empresas. Kathy Xu fundou a Capital Today Group, em Xangai, que tem US$ 1,2 bilhão sob gestão, e foi uma das primeiras investidoras da empresa de comércio eletrônico JD.com Inc.

Anna Fang é CEO da ZhenFund e uma das investidoras de empresas iniciantes mais influentes da China. Ruby Lu, que foi sócia de Chen na H Capital até este mês, foi uma das fundadoras da operação chinesa da Doll Capital Management.

O sucesso delas atrai mais mulheres para o setor de tecnologia local. O governo chinês estima que as mulheres sejam fundadoras de 55 por cento das novas companhias de internet e que mais de um quarto de todos os empreendedores sejam do sexo feminino.

Nos EUA, somente 22 por cento das startups têm uma ou mais mulheres no time de fundadores, de acordo com a pesquisa feita por Vivek Wadhwa e Farai Chideya para o livro ‘Innovating Women: The Changing Face of Technology’ (traduzido livremente como ‘Mulheres inovadoras: A nova cara da tecnologia’).

Chen e suas colegas aproveitam a tradição de oportunidades para mulheres na China que existia antes de Mao Tsé-Tung declarar que elas tinham “metade do céu”.

Mulheres trabalharam nas lavouras e fábricas por necessidade e lutaram ao lado dos homens na guerra civil. Comparativamente, trabalhar com eles em escritórios é moleza.

A mãe de Lu, que serviu o Exército de Libertação Popular, deu risada quando ouviu falar sobre o treinamento de diversidade da filha no Goldman Sachs Group Inc. “Ela disse ‘Isso é ridículo. O que seu trabalho tem a ver com ser mulher ou homem?’ ”

Não que o país não tenha discriminação. Os homens ainda detêm a maioria das posições importantes na política e nos negócios e há muito machismo grosseiro no setor de tecnologia.

Mas, sem fazer alarde, a China se tornou um dos melhores lugares do mundo para empreendedoras e mulheres interessadas em apostar em empresas iniciantes.

Chen montou um novo fundo captando US$ 500 milhões, a maior quantia até hoje por uma mulher, segundo a Preqin, e ampliou o total de ativos sob gestão para cerca de US$ 1 bilhão.

Nos EUA, o maior fundo liderado por uma mulher tem metade desse tamanho, segundo dados da Preqin.

“A China é fundamentalmente diferente”, disse Gary Rieschel, americano que fundou na China a Qiming Venture Partners, firma que tem quatro mulheres entre seus nove sócios investidores.

“O segmento de venture capital nos EUA tem sido um Clube do Bolinha. Para as mulheres na China, é mais uma meritocracia.”

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