Negócios

Mulheres ocupam 7,8% das presidências de empresas

Pesquisa do Insper aponta que empresas com conselhos administrativos são as que mais dificultam a entrada de mulheres na presidência

A baixa participação feminina também se deve a fatores como cultura, entrada tardia no mercado de trabalho e indisposição para abrir mão da família

A baixa participação feminina também se deve a fatores como cultura, entrada tardia no mercado de trabalho e indisposição para abrir mão da família

DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2010 às 18h40.

São Paulo - A "guerra dos sexos" está longe de terminar no mundo dos negócios. Um estudo do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, apresentado nesta quinta-feira (26/8), sobre o perfil dos presidentes-executivos de empresas do Brasil, mostrou que apenas 7,8% dos CEOs são do sexo feminino.

O levantamento foi feito em 2007 com 370 empresas escolhidas aleatoriamente. Além da baixa participação feminina, os estudiosos viram que empresas que têm conselho administrativo elegem menos mulheres para o cargo de executivo-chefe. De acordo com a professora e pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, isso acontece porque os conselhos, geralmente compostos por homens, tendem a escolher CEOs com os quais se identificam.

"Na hora de escolher um presidente, eles olham para as habilidades e talentos dos candidatos, mas tem uma parte muito inconsciente que faz com que escolham pessoas parecidas com eles", diz. Para ela, o tom de voz, o jeito de falar e as decisões tomadas por mulheres não inspiram muita confiança nos homens do conselho. "Muitos desconfiam de decisões tomadas por elas, mas eles nem sabem que desconfiam", diz.

No entanto, a dominância masculina em cargos de chefia não é uma questão motivada apenas pelo preconceito velado. Uma série de fatores como questões culturais, entrada tardia da mulher no mercado de trabalho e a pouca disposição delas em abrir mão da família para se dedicar ao trabalho são possíveis explicações para essa pouca representatividade.

Luciana Medeiros, coordenadora do IBEF Mulher, núcleo feminino do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, concorda com as questões levantadas por Regina e acrescenta: "o machismo declarado pode até ocorrer, mas em empresas de menor porte". Segundo Luciana, não há como saber quando a participação da mulher nos altos cargos vai aumentar, mas garante que isso só vai mudar quando os homens tiverem consciência dessa necessidade.

Remuneração

A pesquisa feita pelo Insper também mostra que a diferença salarial entre homens e mulheres nos cargos de CEO também é desfavorável para elas. O estudo indica que a remuneração média deles é 15% maior do que a delas. No entanto, a pesquisadora Regina Madalozzo considera que a média esconde uma realidade pior. "Há presidentes-executivos do sexo feminino que chegam a ganhar metade do que recebe um do sexo masculino. A média esconde essa diferença em algumas empresas", afirma.

Para ela, o salário e a participação da mulher nos cargos de chefia mostram que as exigências que elas enfrentam para chegar às altas posições são muito maiores do que as dos homens. "Para uma mulher chegar a um cargo de presidência, ela deve provar que é muito melhor do que os outros homens. Já com eles isso não acontece. Eles precisam ser bons, mas não há necessidade de mostrar que são tão melhores do que os outros", conclui.

Leia mais notícias sobre executivos

Acompanhe as notícias de Gestão no Twitter

 

Acompanhe tudo sobre:Executivosgestao-de-negociosHomensMulheres

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia