Construção da Fábrica da Suzano, em Mato Grosso do Sul: indústria de transformação cresceu 921% no estado nos últimos 15 anos (Saul Scharamm/Divulgação)
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Publicado em 31 de julho de 2023 às 16h35.
Última atualização em 3 de agosto de 2023 às 16h19.
Os números falam por si. Neste ano, os investimentos de capital privado em Mato Grosso do Sul deverão totalizar R$ 58 bilhões, o que envolve a criação de aproximadamente 25 mil empregos diretos. Mais: fará com que o estado seja o que mais recebeu recursos da iniciativa privada no país.
Faltou falar que a indústria de MS é responsável por exportar mais de US$ 5 bilhões, o que faz dela uma das dez mais importantes do Brasil. Não à toa, mais de R$ 50 bilhões estão previstos nos próximos anos para a ampliação de fábricas no estado.
Ao todo, mais de 6 mil empresas industriais estão ativas por lá — e com aproximadamente 150 mil trabalhadores formais diretamente empregados. Com produção anual superior a R$ 86 bilhões, a indústria de transformação de Mato Grosso do Sul cresceu 921% nos últimos 15 anos. Nenhuma outra registrou um salto tão expressivo no país.
Como foi o MS Day?
Para fomentar novos negócios e detalhar os atrativos oferecidos pelo estado — que, por sinal, apresentou nos últimos três anos o maior crescimento individual do PIB no Brasil —, o governo de Mato Grosso do Sul promoveu na última terça-feira, 1º de agosto, em São Paulo, o MS Day.
Organizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), o evento, que reuniu empresários e CEOs de diferentes segmentos na sede da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, conseguiu atrair R$ 5,5 bilhões em novos investimentos privados ao Estado.
Durante o evento, o governador de MS, Eduardo Riedel, realizou várias reuniões com empresários para apresentar projetos, programas e ações realizadas pelo governo para criar um cenário positivo para receber grandes empresas e, assim, gerar empregos e renda à população.
“O MS Day expôs o Mato Grosso do Sul para o mercado como um todo. As empresas puderam conhecer o Estado, potencialidades, competitividade. Bons projetos foram anunciados. É assim que a gente vai construindo com o empresariado, em parcerias. Foram anunciados mais de R$ 5 bilhões em investimentos já consolidados e uma série de oportunidades que apareceram”, afirmou o governador.
Entre os novos investimentos anunciados estão R$ 1,3 bilhão do Grupo Raízen na expansão de nova unidade em Caarapó para produção da segunda geração de etanol; R$ 3 bilhões da empresa Atvos na produção de açúcar e etanol; e R$ 1,2 bilhão da Inpasa, que terá nova unidade em Sidrolândia.
Riedel destacou que este balanço acima do esperado mostra a força do Estado em atrair novas empresas, fazendo sua parte com uma política de incentivos fiscais robusta, obras de infraestrutura que melhoram a logística do Estado, além de programas que visam qualificar a mão de obra dos trabalhadores.
Riedel destaca alguns dos fatores que têm tornado Mato Grosso do Sul referência em atrair novos investidores. “No campo administrativo, reduzimos drasticamente o número de secretarias e o custeio, e assim nos tornamos o governo mais enxuto do país”, explica. “Mudamos também processos internos, que ampliaram a credibilidade do estado”. Um exemplo? Mato Grosso do Sul saltou do último lugar no ranking nacional da transparência para uma das cinco melhores posições.
Os avanços relacionados à previdência estadual e ao teto de gastos para os três poderes também merecem registro, assim como o saneamento das contas públicas e a recuperação da capacidade de investimentos do estado.
“Hoje somos o estado que mais investe per capita no Brasil”, acrescenta Riedel. “Modernizamos os incentivos fiscais e criamos um ambiente de negócios diferenciado para atrair mais investimento privado, com simplificação burocrática, incentivos robustos, oferta de infraestrutura e um grande programa de concessões nas áreas de saneamento, infovias, rodoviária e energética, que agora alcançará também outras áreas."
O MS Day ocupou um andar inteiro da CNI ganhou ambientação especial que ajuda a detalhar as potencialidades de Mato Grosso do Sul. O espaço destaca cinco eixos temáticos que ajudam a entender por que o estado virou sinônimo de terra de oportunidades.
Um deles envolve a política local de atração de investimentos — para quem não sabe, MS dispõe de uma das mais modernas e seguras estratégias de incentivos do país. Outro eixo está ligado à arrojada e estratégica meta de tornar o estado carbono neutro até 2030.
A Rota Bioceânica — o corredor que liga o Atlântico ao Pacífico, encurtando em quase duas semanas a distância entre o Brasil e a China —, as oportunidades logísticas e as PPPs, além da qualificação de mão de obra, são os demais eixos que explicam a dianteira que o estado tomou.
“Nos últimos anos, apesar da pandemia, a atividade industrial em Mato Grosso do Sul se manteve numa trajetória de forte crescimento, sendo capaz de proporcionar a abertura de mais de 12,9 mil vagas nos anos de 2020 e 2021, por exemplo, o que representou 30% de todo emprego formal criado no estado neste período”, diz Sérgio Longen, presidente da Fiems e vice-presidente da CNI.
Ele registra que o envolvimento que existe entre o setor produtivo e o setor público é outro diferencial de MS. “A Fiems tem um bom relacionamento com o governo do estado e com a Assembleia Legislativa, o que favorece a elaboração de projetos em conjunto que só contribuem para o desenvolvimento”, diz Longen. “Esse bom relacionamento é fundamental para termos um ambiente de negócios seguro para os empresários.”
Além de detalhar a política de atração de investimentos do estado, o evento na CNI vai apresentar quais são as fontes de financiamento oferecidas para novos negócios e destacar os avanços obtidos em relação à desburocratização no licenciamento ambiental de empreendimentos. “O Estado brasileiro precisa deixar de ser um fardo que as empresas e os cidadãos carregam nos ombros”, defende o governador Eduardo Riedel.
Já o eixo ligado à neutralidade de carbono aborda os instrumentos econômicos adotados para que o estado atinja sua meta. Inclui a criação do inventário estadual de gases de efeito estufa, o acordo climático sul-mato-grossense, o combate ao desmatamento ilegal e a valorização de ativos ambientais, que vão além do Pantanal. E ainda faltou falar dos esforços em prol da transição energética — atualmente a maior matriz local é o biogás/biomassa.
“Simplesmente não há futuro sem a sustentabilidade da produção”, alerta Riedel. “Ou descarbonizamos a economia, reduzimos a desigualdade e nos ajustamos, todos, a uma nova agenda, ou, no médio prazo, sofreremos uma verdadeira tragédia civilizatória. Outro ponto a se levar em consideração é que o agronegócio e o meio ambiente não são antagônicos. Eles devem caminhar juntos”.
No MS Day, o governo também apresenta cronogramas e explicações a respeito da Rota Bioceânica, que promete transformar Mato Grosso do Sul em um grande hub logístico brasileiro e sul-americano, fortalecendo o Mercosul e as relações comerciais com toda a Ásia. Além de ligar os oceanos Atlântico e Pacífico, o corredor rodoviário vai conectar quatro países — Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Daí as oportunidades logísticas e as PPPs destacadas em outro eixo temático do MS Day. O governo estadual também tem planos para rodovias estaduais e federais, como a BR-163, e planeja criar ferrovias, aeroportos regionais e portos.
Avanços em tecnologia e telecomunicações, energia limpa e renovável, saneamento básico e meio ambiente também estão no radar. Para acelerar a qualificação de mão-de-obra, foi desenhado um programa de formação para 28 áreas — envolve desde iniciação profissional até pós-graduações.