MRV: "A gente optou, no momento atual, por priorizar dividendo à recompra", disse Menin (Paulo Fridman/Bloomberg/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2017 às 16h43.
São Paulo/Nova York - A MRV Engenharia & Participações SA, maior construtora da América Latina em unidades entregues, planeja gastar o dinheiro extra que gera aumentando os pagamentos de dividendos aos acionistas, de acordo com o co-CEO Rafael Menin Teixeira de Souza.
"A gente optou, no momento atual, por priorizar dividendo à recompra", disse Menin em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York. "No resultado de 2015, a gente distribuiu 50 por cento do lucro líquido em dividendos. E a tendência daqui pra frente vai ser uma distribuição crescente. Este é o nosso projeto"
A empresa pagou 306 milhões de reais em dividendos referentes ao lucro de 2015 em duas tranches, o mais cedo no início deste ano. Já distribuiu 132,3 milhões de reais em relação ao lucro de 2016, informou a empresa.
A MRV, com sede em Belo Horizonte, conseguiu passar pelo colapso do setor imobiliário no Brasil, em meio à recessão mais profunda do país, concentrando-se em habitação de baixa renda. Quando a recessão começou em 2015, as taxas de juros nos patamares mais elevados em uma década, o aumento da inflação e o desemprego recorde causaram uma onda de reestruturações de dívidas no setor, incluindo a PDG Realty SA, que chegou a ser a maior construtora do país em receita e a Rossi Residencial SA.
As vendas da MRV aumentaram 12% no segundo trimestre para 1,17 bilhão de reais, o melhor resultado em três anos, indicando que o pior da recessão do Brasil pode ter passado, pelo menos para a empresa. A MRV gerou caixa livre nos últimos 23 trimestres consecutivos e deve continuar a fazê-lo, disse Menin. Ele se recusou a projetar a geração de caixa futura ou o tamanho do dividendo, já que a empresa deve divulgar seus resultados auditados para o segundo trimestre no dia 9 de agosto.
A MRV também comprou 44 terrenos no trimestre, aproveitando os ativos postos à venda por concorrentes que não passaram tão bem pela crise. A MRV agora tem terrenos suficientes para construir 300 mil das 500 mil unidades residenciais que está planejando para os próximos 10 anos, dependendo de demanda, financiamento e licenciamento, disse ele.
"Crises tem ônus e bônus", disse Menin. "Nós compramos os melhores terrenos disponíveis no Brasil pelo preço certo".
Menin, que divide o cargo de CEO com Eduardo Fischer, não contempla fusões ou aquisições. Ele prefere que a MRV continue crescendo organicamente. A empresa continuará comprando terrenos e poderá gastar 400 milhões de reais este ano e mais 400 milhões de reais em 2018, disse ele.
"Temos uma abordagem muito conservadora e é por isso que nossas métricas continuam melhorando", disse ele.
A MRV também não tem planos de se expandir internacionalmente ou diversificar em outros segmentos. À medida que a economia cresce, seu foco permanecerá na habitação de baixa renda.
"Nós pensamos que esse mercado é o maior mercado", disse Menin. "O setor imobiliário é volátil e, nos últimos anos, muitas empresas afundaram. Nós sempre tentamos ter uma abordagem conservadora. Quem quer ser um accionista da MRV tem que entender que este é o nosso DNA ".