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MRV, Mitre e Even mostram como foi o ano do mercado imobiliário

A MRV, maior construtora do país, vendeu 8,7 bilhões de reais no ano, maior volume de vendas em um ano da história da construtora

MRV: Mesmo com recorde nas vendas, a empresa diz que os lançamentos totais no ano ficaram abaixo do planejado pela companhia (MRV/Divulgação)

MRV: Mesmo com recorde nas vendas, a empresa diz que os lançamentos totais no ano ficaram abaixo do planejado pela companhia (MRV/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 11h55.

Última atualização em 15 de janeiro de 2021 às 11h57.

O ano passado foi de forte crescimento para o mercado imobiliário. Com a Selic em mínima histórica, financiar um novo imóvel ficou mais acessível para parte da população. Além disso, uma moradia confortável e adequada para o home office ficou ainda mais importante no ano que passou. Esses e outros fatores tiveram efeito nos resultados das construtoras e incorporadoras. MRV, Even, Mitre e Grupo Patrimar acabam de divulgar os resultados operacionais preliminares do quarto trimestre do ano passado e de todo o ano de 2020. 

A MRV, maior construtora do país, vendeu 52 mil unidades, totalizando 8,7 bilhões de reais em venda brutas no ano passado. Foi o maior volume de vendas em um ano da história da construtora. O número de lançamentos cresceu para 7,7 milhões de reais, alta de 11,6% em relação a 2019 e de quase 20% em relação a 2018. O preço médio por unidade chegou a 209 mil reais na média de todas as vendas do ano, alta de quase 27%.

Mesmo com esse recorde, a empresa diz que os lançamentos totais no ano ficaram abaixo do planejado pela companhia, principalmente em função dos impactos da pandemia no primeiro semestre. Entre os destaques do quarto trimestre, a empresa vendeu um empreendimento nos Estados Unidos pelo valor de 296 milhões de reais. 

Já a Even lançou 13 empreendimentos ou fases de empreendimentos no ano, totalizando 1,37 bilhão de reais em valor de vendas. O valor representa uma queda de 31% em relação ao ano passado. A companhia lançou principalmente imóveis de alto e médio padrão no quarto trimestre do ano. As vendas líquidas da companhia chegaram a 1,44 bilhão de reais, 23% a menos que no ano anterior. 

O ano dos IPOs

O ano passado foi um ano forte para os IPOs das empresas do mercado imobiliário, com diversas aberturas de capital na Bolsa em busca de caixa para crescer. Alguns dos resultados desses IPOs começam a surgir.

A Mitre, que realizou seu IPO em fevereiro do ano passado e levantou 1,8 bilhão de reais, é divulgou os resultados operacionais ontem. A empresa teve lançamentos de 920,1 milhões de reais e 1.857 unidades em 2020, aumento de 30,4% e 11,5% em relação a 2019, respectivamente. Dos quatro empreendimentos lançados apenas no último trimestre, três pertencem à linha destinada à média e alta renda. Mais de metade, 56,1%, das unidades lançadas no último trimestre já foram vendidas.

A Melnick, subsidiária da Even que realizou seu IPO em setembro, somou 509 milhões de reais em vendas brutas no ano, queda de 11,6%. A empresa lançou 1.183 unidades no ano, totalizando 686 milhões de reais em vendas brutas, queda de 9,7% em relação ao ano anterior. O valor médio das unidades foi de 441 mil reais. 

Nem todas as empresas do mercado imobiliário e construção que pretendiam fazer um IPO em 2020 de fato concretizaram esses planos. Em agosto, havia mais de 20 empresas de construção na fila para abrir o capital na Bolsa. Por excesso de oferta e para aguardar um momento mais adequado, muitas adiaram o IPO. 

O Grupo Patrimar é um deles. A construtora e incorporadora mineira atua em BH, RJ e no interior de SP nos segmentos de baixo, médio e alto padrão e entrou em agosto com um pedido de IPO, que acabou não se realizando, mas manteve o registro de companhia aberta na de categoria A, concedido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A construtora apresentou recorde de vendas e lançamentos em 2020. A companhia lançou cerca de 734 milhões de reais, crescimento de 45,9% na comparação com 2019. Apenas no mês de dezembro, foram dois empreendimentos de alta renda, com valor geral de vendas de 439,5 milhões de reais. No consolidado do ano, o grupo vendeu 908 imóveis, 75% no segmento de alta renda. Para 2021, a expectativa é aumentar seu tamanho em decorrência do forte crescimento das operações. 

Mercado continua aquecido - como investir em imóveis?

Para 2021, o mercado imobiliário continuará aquecido em 2021. A projeção de crescimento é de cerca de 10% para 2021, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

A mínima histórica da Selic de 2% contribui para deixar o financiamento mais barato. Esse incentivo deve se manter, uma vez que o Relatório de Mercado Focus, do Banco Central, aponta a Selic a 3,25% até o fim do ano. Os hábitos de moradia também devem perdurar, com as famílias buscando espaços maiores para home office e convivência em meio ao confinamento. 

"O investimento no mercado imobiliário deve continuar sendo destaque em 2021. Mas, para maximizar as oportunidades, o investidor precisa fazer a lição de casa e entender a geografia e tipologia do seu imóvel", diz Danilo Igliori, economista-chefe do Grupo Zap. 

Uma tendência que deve se manter é o crescimento dos Fundos de Investimentos Imobiliários — ou FIIs. Para quem não tem capital para comprar um imóvel é possível se tornar cotista de um fundo do gênero. O número de pessoas físicas investindo em FIIs chegou a 1,13 milhão em novembro de 2020, recorde no país, de acordo com a B3.

Confira a matéria completa sobre como investir em imóveis aqui. A matéria faz parte da reportagem de capa da última edição da revista Exame, Onde investir 2021

Preço de cimento e aço pode impactar o mercado

Um sinal amarelo para o mercado, entretanto, é o preço dos materiais de construção. O Índice Nacional de Custo da Construção, calculado pela FGV, subiu 8,66% em 2020. Com a alta do dólar frente ao real, os insumos da indústria estão mais caros. Além disso, a pandemia afetou fornecedores, que ainda levarão um tempo para dar conta da retomada abrupta da demanda. "A falta de materiais deve pressionar o preço dos imóveis e reduzir as condições de compra dos investidores", diz José Carlos Martins, presidente da CBIC. 

Rodrigo Navarro, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, explica que o setor viu a utilização da capacidade instalada cair de 70% para 50% no início da pandemia, com uma retomada inesperada dos pedidos poucas semanas depois. Ele explica que o intervalo entre o lançamento de um empreendimento e o início das obras diminuiu, o varejo continua aquecido e os FIIs estão em franca expansão.

No entanto, segundo o dirigente, retomar a produção é demorado e caro, principalmente devido à alta do dólar. “No curto prazo, a indústria está repondo estoques com preços mais elevados do que no passado recente, mas essa situação deve se estabilizar ainda no primeiro trimestre. Estamos trabalhando para que as obras não parem, nenhuma empresa quer deixar de atender à demanda, estamos investindo em capacidade e modernização”, garante.

 

 

 

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