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MPF quer que BNY Mellon devolva R$ 8,2 bi ao Postalis

Ressarcimento visa reparar prejuízos causados ao fundo de pensão dos funcionários dos Correios e seus beneficiários

Correios: entre os problemas acumulados pelo Postalis estão empréstimos feitos a empresas e já vencidos (Elza Fiuza/Agência Brasil)

Correios: entre os problemas acumulados pelo Postalis estão empréstimos feitos a empresas e já vencidos (Elza Fiuza/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 08h25.

São Paulo - O Ministério Público Federal em São Paulo abriu nesta quinta-feira, 18, processo civil contra unidade brasileira do americano BNY Mellon para ressarcimento de R$ 8,2 bilhões em prejuízos causados ao fundo de pensão dos funcionários dos Correios, o Postalis, e seus beneficiários.

Como única administradora financeira dos recursos financeiros da entidade, o banco (administrador) "praticou atos irregulares que dilapidaram o patrimônio do Postalis e obrigaram os participantes a arcar com uma contribuição extraordinária de 25,98% (além da ordinária de 9%) por 180 meses".

Segundo a ação, "ao administrar as carteiras próprias e terceirizadas da entidade de previdência privada, o BNY Mellon podia escolher os investimentos, comprar e vender, administrar os valores investidos, bem como tinha a obrigação de vetar operações temerárias que pudessem causar prejuízos".

No entanto, afirmou a procuradoria, ao longo dos últimos anos, apurações da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), responsável pela fiscalização de entidades de previdência privada, "resultaram em autuações contra o Postalis que demonstram a responsabilidade da ré pelos prejuízos ao descumprir diversas regras da legislação".

Entre os problemas acumulados pelo Postalis estão empréstimos feitos a empresas e já vencidos, incluindo empresas citadas na CPI dos fundos de pensão, como a elétrica Raesa/Multiner, a construtora Conspar, e instituições financeiras quebradas, como o Cruzeiro do Sul e o BVA.

Em alguns casos, os recursos do Postalis em fundos de investimentos passavam de 49% do seu patrimônio, quando o limite legal seria 25%, destaca a ação. "E essas situações não eram circunstanciais, pois, a ré também não cumpria o prazo legal para eliminar o desenquadramento, deixando de observar as condições de segurança e diversificação do investimento, gerando um risco e consequentemente causando prejuízos financeiros ao Postalis."

Para o MPF, "fica claro que o BNY não desempenhou com lisura seu papel de administradora dos fundos". O procurador Luiz Costa sustenta que "os investimentos e atos irregulares realizados pela ré em nome do Postalis são a causa da situação deficitária e de verdadeira calamidade financeira em que se encontra o fundo de pensão". "As transações feitas pelo BNY nem ao menos tiveram rendimento equivalente ao de poupança e são, em muitos casos, deficitárias", constatou a investigação. "E o impacto dessa administração desastrosa para os cerca de 130 mil participantes do fundo é a incerteza no futuro e no destino de suas economias de uma vida toda."

Em nota, o banco informou não ter sido citado na ação ajuizada pelo Ministério Público. Declarou ainda que "o Postalis já havia ajuizado ações na Justiça brasileira" e acredita que está havendo uma repetição das "infundadas acusações contra as quais já estamos nos defendendo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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