Gustavo Moussalli, líder da Oracle NetSuite no Brasil e América Latina (Oracle/Divulgação)
*De Las Vegas (Estados Unidos)
O Brasil parece ser o próximo grande alvo da Oracle nos próximos anos. Isso porque a companhia de software para gestão empresarial (ERP) tem concentrado esforços para criar uma estrutura robusta e trazer um modelo de negócios já bem-sucedido em outros mercados mundo afora: o de digitalização de processos operacionais para pequenas e médias empresas.
A empresa faz isso com a ajuda do NetSuite, um braço que se empenha a levar o gerenciamento desses pequenos negócios para a nuvem.
Para atender a um número crescente de empresas de pequeno e médio porte que reconhecem a urgência em delegar para ferramentas digitais a responsabilidade por tocar a parte burocrática da gestão — aqui podemos listar ações como o pagamento de contas e gestão da folha de pagamentos —, a empresa desenvolveu um método específico de implementação para essa tal desburocratização, uma metodologia por lá chamada de SuiteSuccess.
O termo basicamente descreve a fórmula de sucesso adotada pela NetSuite para conseguir criar um produto que considera algo tão individual como a customização das necessidades gerenciais de PMEs, mas em larga escala. A saída, nesse caso, foi apostar na curadoria por setores e suas necessidades específicas.
À frente das operações da NetSuite na América Latina (incluindo Brasil) está o brasileiro Gustavo Moussalli, atual vice-presidente das operações. Primeiro funcionário do braço dedicado a PMEs desde a aquisição da companhia pela Oracle em 2017, Moussalli tem sido responsável pela estruturação do produto e da metodologia setorista da Oracle na região desde então. Agora, o executivo lidera uma verdadeira força tarefa para implementar tal metodologia também no Brasil.
“Sem dúvida, o mercado brasileiro tem muitas oportunidades inexploradas”, disse Moussalli em entrevista à EXAME durante o SuiteWorld, evento anual organizado pela Oracle em Las Vegas, Estados Unidos.
A Netsuite é uma companhia de software na nuvem para gestão de pequenas empresas fundada por Evan Goldberg em 1998, na Califórnia. Anos depois, foi adquirida pela Oracle em 2017 por US$ 9,3 bilhões de dólares para escalar soluções para PMEs, uma vertical ainda tímida na gigante de tecnologia naquela época.
Desde então, a companhia manteve certa autonomia dentro da Oracle, ainda que tenha sido incorporada a tecnologia e também todos os funcionários. “Hoje podemos dizer que somos uma empresa dentro de uma empresa. Mantivemos os valores e a visão crítica para atender pequenos e médios negócios, e apenas levamos isso a um nível global com a entrada da Oracle”, diz Moussalli.
Cinco anos depois, a estratégia de focar em empresas menores continua mostrando resultados. No terceiro trimestre deste ano, apenas a divisão de NetSuite cresceu 27% em receita. Para efeitos de comparação, a Oracle como um todo reportou um aumento de 4%, para 10,5 bilhões de dólares.
A Oracle NetSuite atende atualmente a um portfólio de 32.000 clientes pelo mundo. Em suma, PMEs em busca de soluções mais ágeis e inteligentes para lidar com as burocracias gerenciais comuns ao dia a dia operacional, a começar pela complexidade na gestão da força de trabalho.
Os números servem de base para a nova tese de investimentos da Oracle NetSuite em outros mercados. De todos os países da América Latina, região onde a empresa já tem exemplos bem acabados de clientes a partir da implementação do SuiteSuccess, o Brasil ainda segue em estado mais embrionário.
Por aqui, a NetSuite se limita a atender empresas de serviços, especialmente as de software e distribuição. Segundo Moussalli, essa é uma lógica que deve ser modificada ainda em 2022, a partir da chegada do método de sucesso da companhia ao Brasil, prevista para novembro. “Nossa intenção é expandir nosso escopo e levar o SuiteSucess para o mercado brasileiro, hoje tão promissor”, diz.
Para crescer no Brasil, a o objetivo é continuar impactando startups em busca de escala, e também empresas com algum potencial de crescimento e que podem se beneficiar da agilidade dos softwares para expandir fronteiras ou até mesmo manter a sobrevivência do negócio em tempos em que cortes de custos e eficiência são termos cada vez mais populares entre as startups.
Na lista de clientes da SuiteWorld no país estão startups relevantes como a Inteli, PipeFy e a proptech InGaia. “As startups são nosso DNA. Esse é nosso forte e onde aportamos maior parte do nosso conhecimento e esforços”, diz o executivo.
Além disso, o foco da atuação da NetSuite por aqui será pautado nas particularidades do mercado brasileiro, principalmente a complexidade tributária encarada por pequenas empresas.
Uma nova ferramenta de geração automática de notas fiscais eletrônicas e outros encargos obrigatórios a essas companhias foi apresentada durante o SuiteWorld. A previsão é de que ela passe a ser implementada aos clientes brasileiros a partir de novembro.
Para Moussalli, as pequenas e médias empresas seguem sendo um atrativo para a Oracle NetSuite no Brasil, já que a companhia prevê um crescimento desse mercado nos próximos anos com base na necessidade contínua de crescimento das próprias companhias — hoje responsáveis por 27% do PIB do Brasil. "Trabalhar com pequenas empresas no Brasil é um oceano azul, um mercado infinito", disse. "Vamos ajudar a resolver essa complexida na medida em que as PMEs precisam se tornar mais maduras".
A empresa lança neste mês quatro novas funcionalidades, agora incorporadas ao seu sistema de gestão na nuvem NetSuite. São elas:
* A jornalista viajou a convite da Oracle
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