Jeep Grand Cherokee: com uma tela sensível ao toque carregada de apps, Bluetooth e botão de partida, o Jeep é um dos exemplos de carros cheios de tecnologia (Divulgação/Jeep)
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 21h17.
Mike Fine estava bastante feliz com seu Nissan Xterra 2011. Até que viu o carro de seu filho.
O Jeep Grand Cherokee 2015 foi abarrotado de tecnologia: uma tela sensível ao toque carregada de aplicativos, Bluetooth, tração nas quatro rodas e botão de partida.
O Nissan não tinha nada disso. Fine fez o que qualquer pai que se respeite faria: abandonou o SUV da Nissan com quatro anos de uso e comprou seu próprio Grand Cherokee.
“Comparado com o Xterra, isso aqui é um confortável ônibus espacial”, disse Fine, que vive Hingham, Massachusetts, EUA.
A compra de novos produtos por inveja tem ajudado a Apple Inc. a vender milhões de iPhones caros. Agora é a vez da indústria automotiva, graças a uma série de novas tecnologias que tornam os carros mais seguros e fáceis de dirigir.
Recursos essenciais como sensor de estacionamento e acesso sem fio à internet têm ajudado as fabricantes de automóveis a se recuperarem de um 2009 ruim e a cobrarem preços recordes por seus veículos.
6º ano de crescimento
As novas engenhocas e a queda dos preços do petróleo estão impulsionando a demanda. Neste ano, as fabricantes de automóveis deverão vender 16,9 milhões de veículos e ter um sexto ano consecutivo de crescimento.
E em uma mudança potencialmente drástica no comportamento de compra, muitos motoristas estão trocando seus carros com mais frequência para conseguirem a engenhoca mais atual. A duração média de um leasing automotivo caiu para cerca de 36 meses no ano passado, segundo o Edmunds.com, site que monitora informações de aquisições de veículos.
É o menor período registrado pelo Edmunds. Em alguns meses, os leasings encolheram para menos de três anos -- não muito mais que o ciclo de substituição de um smartphone.
“Os consumidores querem uma experiência perfeita dentro e fora do veículo”, disse Brian May, que administra os serviços comerciais de veículos conectados da Accenture na América do Norte. “As coisas que eles experimentam em um iPhone ou no Android são as coisas que eles querem experimentar em um carro”.
Motoristas famintos
Por anos, os motoristas americanos ficaram famintos por tecnologia, porque as fabricantes de automóveis de Detroit, em dificuldades, não contavam com recursos para levar avanços promissores para as concessionárias.
Veio, então, o resgate da General Motors Co. e da Chrysler, e logo uma indústria novamente rentável começou a encher os veículos de engenhocas transformadoras.
Tudo isso aconteceu tão rapidamente que muitos carros com 10 anos de antiguidade ficaram parecendo cápsulas do tempo. O infoentretenimento e os recursos de segurança que agora são lugares-comuns eram virtualmente inexistentes em 2005.
Menos de um terço dos modelos de 2005 tinham tecnologia antiderrapagem e menos de 12 por cento contavam com câmeras de ré, recursos encontrados em quase todos os modelos 2015, segundo dados da IHS.
Em muitos carros, não se podia colocar um iPod para tocar pelo som do carro. O sistema de navegação muitas vezes era preso ao para-brisa com uma ventosa.
Pulando uma geração
“Nós basicamente pulamos uma geração em termos de tecnologia e é isso que estamos vendo sair agora”, disse Kevin Tynan, analista automotivo sênior da Bloomberg Intelligence. “Seu carro de 5 anos parece que tem 10 ou 12”.
A nova tecnologia não é barata. Desde 2009, os preços médios das transações por veículos subiram US$ 3.000, para cerca de $32.100, disse Tynan. Mas as baixas taxas de juros e os empréstimos longos nos EUA estão tornando a nova geração de modelos mais acessível, disse ele.
As fabricantes de automóveis que lançarem novas tecnologias mais rapidamente ganharão uma vantagem, disse Karl Brauer, diretor sênior de ideias e análises da Kelley Blue Book. Ele diz que as compras de carros estão se tornando muito parecidas à compra de um smartphone novo.
“Você definitivamente não precisa de um iPhone novo”, disse ele. “Mas você quer um”.